quinta-feira, 1 de abril de 2021

Gina MacPherson: Miss Botafogo, Miss Brasil, as eleições e o quiproquó…

Gina MacPherson, Miss Botafogo, Miss Guanabara, Miss Brasil, Semifinalista Miss Mundo. Créditos: O Cruzeiro.

por RUY MOURA

Editor do Mundo Botafogo

Maracanãzinho, Rio de Janeiro, 4 de junho de 1960, 10.000 pessoas ansiosas, 24 jovens em disputa do 1º título de Miss Guanabara, o estado recém-criado após a capital do país transferir-se para Brasília, e Gina MacPherson candidata a mais um título de uma Miss Botafogo.

A noite começou, sem dúvida, tanto para o público como para os ‘entendidos’, com Dirce Machado, Miss Renascença Clube, mulata muito bonita e elegante, que abalou os ‘alicerces’ do Maracanãzinho com o seu charme, mas no final foi Gina MacPherson a grande vencedora.

As candidatas finalistas a Miss Guanabara, da esquerda para a direita: Maria Helena Thomé (Miss Uruguai Tênis Clube, 2º lugar), Gina MacPherson (Miss Botafogo, 1º lugar), Shirley da Silva Carneiro (Miss Grajaú, 3º lugar) e Dirce Machado (Miss Renascença Clube, 4º lugar). Créditos: Indalécio Wanderley / O Cruzeiro.

Ao som de ‘Cidade Maravilhosa’ e aplaudida por todo o Maracanãzinho, a botafoguense de olhos verdes e cabelo preto, que foi apontada como favorita logo após o vestido de baile, um tule vaporoso, estola do mesmo tecido, sapatos de cetim cor de caju e luvas da mesma cor, recebeu do governador Sette Câmara, do estado da Guanabara, a faixa de 1ª Miss Guanabara.

Gina MacPherson, nascida em Icaraí, Niterói, e era recepcionista da empresa de aviação BOAC, tendo sido descoberta por um diretor do Botafogo em pleno local de trabalho e, por isso, as suas primeiras palavras de agradecimento foram dirigidas ao Clube que lhe proporcionou a possibilidade de viver uma história de Cinderela (Manchete).

Filha de pai escocês importador de uísque, passou a infância entre o Rio Cricket, a piscina do Clube de Regatas e os estudos ministrados pela mãe americana, uma mulher prática que ensinou às três filhas o valor da independência. Falando português com ligeiro sotaque da Escócia quando queria, Gina adorava ler romances, montar a cavalo na fazenda dos pais e assistir a filmes de Marlon Brando, Tony Curtis, Frank Sinatra, Debbie Reynolds, Brigitte Bardot e Gina Lollobrigida.

No mítico Maracanãzinho evoluiu suavemente pelo palco com os seus 172cm de altura, 93cm de busto e de quadris, 58cm de cintura, 53cm de coxa, 22cm de tornozelo e 57kg de peso. Na semana seguinte venceu 22 candidatas e foi coroada Miss Brasil 1960.

Na foto acima, as mais belas do Brasil, da esquerda para a direita: Erica Bertha Lirkus (Miss São Paulo, 8º lugar), Vanja Nobre Jacob (Miss Amazonas, 7º lugar), Edda Logges (Miss Rio Grande do Sul, 5º lugar), Maria Edilene Torreão (Miss Pernambuco, 3º lugar); Gina MacPherson (Miss Guanabara, 1 º lugar), Magda Renate Pfrimer (Miss Brasília), 2ºlugar), Mercedes Elizabeth del Carmen Carrascosa Von Glehn (Miss Minas Gerais, 4º lugar), Marzy Moreira (Miss Estado do Rio, 6º lugar).

Maracanãzinho, Rio de Janeiro, 11 de junho de 1960, 23 jovens em disputa pelo título e 28.000 pessoas ansiosas por conhecerem em direto a mais bela brasileira a irromper pela década que abalou o ‘velho mundo’.

As Misses mais aplaudidas começaram por ser as de Minas Gerais, Pernambuco, Guanabara e Estado do Rio, e se as palmas da multidão contassem, certamente Miss Minas Gerais teria o título assegurado. Porém, a ‘luneta’ do júri vê mais longe os ‘pecados mortais’ da beleza: ombros caídos, quadris volumosos, coxas grossas, joelhos para dentro, omoplatas salientes, a linha reta das pernas quando os calcanhares se unem. E personalidade, modo de andar e outros atributos, porque ser Miss exige uma complexa combinação entre aritmética e poesia…

Em Miami, no concurso de Miss Universo, era considerada favorita e até chegou a pousar com a coroa: – Aquela, sim, foi uma noite completa! No famoso Hotel Fontainebleau, um dos melhores do mundo, um show em homenagem ao nosso país contou com Gina no último quadro. O auditório aplaudiu a bonita Miss Brasil, que num improviso em inglês arrancou assobios de entusiasmo. Os jornais de Miami encheram suas primeiras páginas com fotos de Gina, que é a favorita (O Cruzeiro).

Porém, no final, Gina ficou em 6º lugar e atribuíram a coroa à candidata americana.

– Eu nem tinha as tais duas polegadas a mais de quadril que haviam desclassificado a Martha Rocha. Eles chegaram a tirar minha foto com a coroa de Miss Universo, mas quem acabou ganhando foi a americana Linda Bement — contou Gina ainda esbelta aos 73 anos.

Crédito: Márcio Alves.

Porém, Gina guarda uma raiva íntima, não propriamente por não ter sido Miss Universo, mas devido à justificação que encontraram para não conquistar o título. Cada candidata tinha um motorista universitário, que acompanhava as misses aos compromissos externos e na festa de premiação Gina deu as mãos e dançou com o seu cicerone, sendo acusada de ter perdido a coroa devido ao suposto namorico.

– Fiquei muito chateada porque não era verdade. Eu namorei e aproveitei muito essa época, mas não com ele. Quis voltar direto para o Brasil, porque tive um outro aborrecimento com o cônsul brasileiro, que queria que eu desfilasse de maiô no aeroporto de Miami. Eu era Miss, não vedete.

No regresso a casa Gina viveu “um ano de Cinderela” antes de decidir afastar-se dos holofotes e dedicar-se integralmente à sua futura família. Passada a fase de Cinderela, em que nem a faixa de Miss Brasil sobrou, porque foi roubada em Inglaterra, ela voltou com o ex-namorado e oficial da Marinha Ademar Garcia, casou-se, teve três filhas, netos e bisnetos.

Jean MacPherson, mundialmente conhecida por Gina MacPherson, tem 80 anos de idade, acredita que escolheu uma vida pacata devido ao frenesi vivido durante os concursos e ainda cuida do seu jardim.

Fontes: Manchete; O Cruzeiro; Passarela  Cultural.

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