terça-feira, 21 de dezembro de 2021

BOTAFOGUENSES ANÔNIMOS (16): Florindo

por JOSÉ RICARDO CALDAS E ALMEIDA

Colaborador do Mundo Botafogo e Pesquisador de futebol

Flávio Pinho, conhecido no futebol brasileiro por ‘Florindo’, nasceu em Nova Friburgo (RJ), no dia 5 de outubro de 1929.

Seu pai, José Pinho, era maquinista da E. F. Leopoldina e, provavelmente influenciado por isso, queria ser também, quando crescesse, maquinista de trem.

Sua primeira experiência com a bola ocorreu quando ele tinha 13 anos. A garotada da Avenida Eugênio Müller, onde morava, formou um time e Florindo foi escalado para jogar de centro-médio. O primeiro time de futebol que defendeu foi o Esperança F. C., que disputava o campeonato da Primeira Divisão de Nova Friburgo. Foi campeão entre os juvenis em 1944.

Passou para o primeiro quadro do Esperança, com 16 anos, já jogando como zagueiro central. De lá, foi para o Fluminense, também de Nova Friburgo, onde conquistaria um bicampeonato juvenil. Depois, retornou ao Esperança.

Com 20 anos, defendeu Nova Friburgo no Campeonato Fluminense de Seleções. Depois de passar pelas fortes seleções de Niterói e Campos, chegou à final também contra a seleção de Petrópolis. Cada seleção venceu um jogo e foram para a "negra", em campo neutro, Teresópolis. Na decisão, em 8 de maio de 1949, a seleção de Nova Friburgo foi derrotada por 2x1, atuando com Hortz, Florindo e Jaú; Veríssimo, Tareco e Roberto; Armando, Isaías, Rainha, Ceci e Jael.

Então, seu amigo, o maestro Joaquim Noesli, o indicou para treinar no Flamengo. Aprovou e assinou contrato de 1.800 cruzeiros mensais. Ingressou nos aspirantes e disputou o campeonato carioca dessa categoria, aguardando sua vez no time principal e participando dos treinamentos, mas contundiu-se seriamente e ficou sete meses inativo.

No dia 1º de abril de 1950, Florindo seguiu para Porto Alegre, emprestado ao Nacional, da capital gaúcha, juntamente com o ponteiro Luizinho, que foi do Cruzeiro, de Porto Alegre, para o Flamengo. Sua estreia na equipe comandada por Teté aconteceu no dia 23 de abril de 1950, no estádio da Timbaúva, em jogo válido pelo Torneio Extra de Porto Alegre, com derrota de 4x2 para o Renner. Formou o Nacional com La Paz, Pipoca e Lindoberto; Florindo, Laerte (Isaac) e Moreira; Bodinho, Carmargo, Valdir (Quinzinho), Guaraci e Quito. O Nacional ficou com a terceira colocação do torneio, atrás apenas da dupla Gre-Nal (Grêmio e Internacional).

Disputou o Torneio Início no dia 11 de março de 1951, quando o Nacional ficou com a segunda colocação, perdendo a final para o Cruzeiro. Duas semanas depois, em 25 de março de 1951, Florindo estreou na Taça Cidade de Porto Alegre, ainda como jogador do Nacional. Em 17 de junho de 1951, faria sua última partida pelo Nacional, passando a defender o Internacional, de Porto Alegre.

A estreia de Florindo no Internacional foi em um amistoso com derrota para o E. C. Uruguaiana, por 3x1. Formou o Internacional, com Éwerton, Florindo e Ilmo; Ruaro, Salvador e Odorico; Paulinho, Oreco, Huguinho, Mujica e Carlitos.

No dia 2 de dezembro de 1951, conquistaria seu primeiro título com a camisa do Internacional, o da Taça Cidade de Porto Alegre, classificando-o para a disputa do Estadual, que também foi conquistado pelo Internacional.

Integrou a seleção gaúcha que disputou o Campeonato Brasileiro de 1952, quando disputou quatro jogos. O selecionado do Rio Grande do Sul chegou na quarta colocação atuando com Dóia, Florindo e Oreco; Paulinho, Salvador e Odorico; Luizinho, Camargo, Bodinho, Mujica e Canhotinho, todos jogadores do Internacional.

Pelo Internacional, clube que defendeu entre 1951 e 1959, Florindo foi quatro vezes campeão gaúcho, em 1951, 1952, 1953 e 1955.

Em 1954, voltaria a disputar o Campeonato Brasileiro de Seleções, defendendo o Rio Grande do Sul.

De 1º a 18 de março de 1956, Florindo fez parte do selecionado brasileiro, formado por jogadores gaúchos, que conquistou os Jogos Pan-Americanos, no México. Foi uma conquista invicta, após cinco jogos, o último deles contra a Argentina, com empate de 2x2, formando o Brasil com Valdir, Florindo e Oreco; Figueiró (Duarte), Odorico e Ênio Rodrigues; Luizinho, Bodinho, Larry, Ênio Andrade e Chinesinho. Técnico: Teté.

O último jogo de Florindo no Internacional aconteceu em 1º de março de 1959, no estádio dos Álamos, coincidentemente contra outro time de Uruguaiana, na vitória de 2x1 sobre o Sá Viana. Formou com Joãozinho, Florindo e Nei; Zangão, Kim e Bruno; Cacaio, Joaquinzinho, Sarcinelli, Tati e Deraldo. Técnico: Sylvio Pirillo.

Pouco mais de um mês depois de sua saída do Internacional, Florindo estrearia no Botafogo. Foi um amistoso contra a Portuguesa carioca, no dia 4 de abril de 1959, nas Laranjeiras. O Botafogo atuou com Ernâni (Adalberto), Cacá, Florindo, Paulistinha e Beto; Ronald (Ayrton) e Rossi (Édison); Garrinchinha, Amoroso (Amarildo), Quarentinha e Neyvaldo. Técnico: João Saldanha.

A última vez que Florindo vestiu a camisa do Botafogo foi um desastre. No dia 25 de outubro de 1959, no Maracanã, válido pelo Campeonato Carioca, o Botafogo foi goleado pelo Flamengo, por 6x2. Atuou com Ernâni, Cacá, Florindo e Nilton Santos; Ronald e Pampolini; Garrincha, Tião Macalé, Paulinho Valentim, Quarentinha e Amarildo. Técnico: João Saldanha.

No Botafogo, Florindo disputou apenas dez jogos, sendo quatro amistosos, três pelo Campeonato Carioca e três pelo Torneio Rio-São Paulo, todos no ano de 1959.

Em 1º de abril de 1960, Florindo conseguiu o passe livre. Quando o presidente do Taubaté, de São Paulo, esteve no Rio de Janeiro, solicitando ao Botafogo facilidades para contratação de alguns jogadores, Florindo resolveu aceitar a proposta de jogar no clube do interior de São Paulo.

O time, treinado por Aymoré Moreira, tinha em seu elenco alguns ex-jogadores do Botafogo, tais como Orlando Maia, Zé Américo, Ivan e Gato.

Disputou o Campeonato Paulista de 1960 pelo Taubaté e, no começo de 1961, passou para a Ponte Preta. No dia 5 de novembro de 1961, a Ponte Preta perdeu a chance de subir para a Divisão Especial do Campeonato Paulista, depois que foi derrotada pela Prudentina, na prorrogação.

Continuou na Ponte Preta em 1962, até aceitar um convite do Pelotas para retornar ao Rio Grande do Sul.

Nos anos de 1963 e 1964, Florindo defendeu o São Paulo, de Rio Grande. Logo depois, encerraria sua carreira de jogador.

Em janeiro de 1966, Florindo foi contratado pelo Internacional para ser Auxiliar Técnico do treinador Paulinho de Almeida, além de ser o responsável pela preparação física do plantel.

Florindo vivia na cidade de Arroio dos Ratos (RS) quando morreu em 23 de fevereiro de 2021, aos 91 anos, vítima do COVID-19. Passou os últimos anos de sua vida cercado de seus filhos e netos.

Fotos da Revista do Esporte.

Fontes: Jornal do Dia (RS), Jornal dos Sports, Livro "O Caminho da Bola", Volume II, Revista do Esporte.

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