por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
O que os meus amigos diziam que a equipe era “muito mal treinada”
e o que agora dizem do trabalho de Luís Castro é que a equipe é “muito bem
treinada”; o perseguidor de Castro aqui no blogue, que espalhava por toda a
internet que Castro era “o pior treinador da história do Botafogo” e nos levaria
à série B, desaparece nas vitórias e, apesar de se saber bloqueado, retorna nas
derrotas para chamar o Botafogo de “cavalo paraguaio”, entre outros ‘mimos’; os
pessimistas de plantão da internet, que só aparecem na página do facebook nas
derrotas e se omitem nas vitórias, apesar do que demonstram, todos eles,
afinal, têm uma equipe de futebol que ineditamente lidera o campeonato
brasileiro à 10ª rodada com exibições consistentes, apesar de jogar de 3 em 3
dias, e lidera o seu grupo na Copa Sul-americana.
Após ser humilhado e vilipendiado, Luís Castro vê-se hoje
plasmado assim em título de caixa alta na Lancenet: «‘Artes de Luís Castro’
recompensam o Botafogo com mais uma rodada na liderança do Brasileirão».
E, por exemplo, Tiquinho Soares é ídolo maior da torcida, mas lembram-se,
amigos, de tudo o que foi dito publicamente sobre Tiquinho Soares?... E,
contudo, eu vi Tiquinho Soares jogar nos seus 20 e tal anos e considerei a sua
chegada ao Botafogo a melhor contratação à época, mas a notícia veiculada sobre
a qualidade dele era inversa…
Talvez o exemplo do tipo de planejamento e trabalho da
comissão técnica liderada por Castro nos possa levar a uma reflexão profunda
sobre o ‘tiro curto’ que geralmente se exige aos treinadores no Brasil e a
cogitar novos caminhos a desenvolver em estilo de ‘tiro longo’ de modo a estruturar no médio e no longo prazo equipes que vivem há décadas de estratégias,
gestão e operações curtas, sem verdadeira capacidade de liderança e visão.
O que temos hoje no nosso Clube é uma dupla de ‘tiro
longo’, que estrutura o Botafogo para o médio e longo prazo, e já está rendendo
dividendos, embora ninguém, mas absolutamente ninguém, em janeiro, fosse capaz
de arriscar que o Botafogo seria líder na 10ª rodada do Brasileirão e estaria à
frente no seu grupo da Sula.
Refiro-me à dupla John Textor e Luís Castro, que se
complementam bem e são realmente parceiros de um projeto sério e empenhado. Foi
sempre assim que começaram os trabalhos de fundo destinados à glória. E por
isso a maioria dos botafoguenses está tão contente atualmente, não apenas com
os resultados, mas também com a qualidade do processo – e para mim o processo é
sempre fundamental para conseguir concretizar uma visão futurável para a
sustentabilidade.
A equipe mantém a sua identidade independentemente de
quem entra como titular, assim como efetua variações num quadro tático de
4-2-3-1, ao contrário das vozes que insistem que o Botafogo joga em 4-3-3. Não
joga, a equipe joga em geral em 4-2-3-1 com variações de acordo com as
características dos adversários e o modo como o jogo se desenvolve. Por isso
umas vezes faz valer as suas virtudes defensivas e outras vezes faz prevalecer
as suas virtudes ofensivas, mas sempre com os jogadores conseguindo entender o
jogo que está a ser jogado de modo a recriar as suas ações.
Aliás, em estilo de brincadeira, direi que o Botafogo faz
jogadas e gols tão variados que, ontem, as duas assistências para os gols de
Tiquinho saíram da cabeça e do pé de dois defensores cearenses (!).
Na verdade, em alguns jogos, face aos elementos de
contexto, a equipe centra-se no modo defensivo de duas linhas de quatro muito juntas
e sempre com abertura para transições rápidas em contra-ataque. Ontem foi uma equipe
de propositura, mantendo 100% de redes invioláveis nos últimos oito jogos no
seu estádio (7V e 1E), vencendo o tão badalado Vojvoda pela 3ª vez em 3 jogos
desde que Textor e Castro entraram em ação.
Antes, os botafoguense saíam do estádio de orelhas caídas
por muitas derrotas em casa; hoje, vão com alegria ao estádio com uma quase
certeza de vitória.
O Botafogo encurralou uma vez mais o Fortaleza, que foi
obrigado, durante praticamente todo o tempo, a não sair do seu meio campo. O
Botafogo jogava fácil, com boas triangulações e bons passes, e o Fortaleza
fixou-se nas suas duas linhas de quatro, marcação alta e cerrada, com faltas
que lhe valeram dois cartões amarelos, de modo a que o bom futebol botafoguense
não se concretizasse em gol.
No entanto, as jogadas continuaram a fluir, Castro mandou
Tiquinho mais para a frente e foi assim, numa jogada pela direita, com centro
para a área, que Tiquinho Soares, livre de marcação à esquerda, inaugurou o
marcador. E não se pense que foi um gol fácil. Tiquinho consegue marcar gols
pelo buraco da agulha, pelo único sítio que daria gol, distinguindo-se
claramente como artilheiro de gols oportunos e difíceis.
É certo que o Fortaleza tentou na parte final do primeiro
tempo sair para o ataque, mas foram sempre inócuas as suas tentativas.
Na segunda parte o Fortaleza entrou melhor, mas o
Botafogo retomou as rédeas da partida, foi favorecido por um pênalti numa das
boas jogadas que fez e o nosso Clube teve a sorte dos campeões quando Tiquinho
perdeu o pênalti e, no rebote, converteu com um passe do zagueiro cearense.
A partir daí o Fortaleza teve que se abrir mais, as
oportunidades de gol cresceram para o Botafogo, mas Luís Henrique e Júnior
Santos (em mau dia, com jogadas erradas e dribles a mais que o faz perder gols)
foram ambos inócuos e acabaram substituídos por Vítor Sá e Matías Segóvia, que
deram claramente mais fôlego ao ataque. Matías Segóvia, quando aprimorar a sua
forma, vai ser um osso muito duro de roer para os adversários.
Até ao final o Botafogo dominou a partida e não goleou
por virtude de boas defesas do goleiro adversário e, sobretudo, como diz um
amigo meu, porque somos os líderes do campeonato nos remates à figura dos
goleiros.
Exibição muito boa, com mentalidade forte, muita
capacidade de organização e domínio das oportunidades e do jogo. É um Botafogo
que, confesso, ainda não tinha visto neste século. Houve um tempo entre
2007-2008 em que o Botafogo jogava bem, mas a sua defesa nunca se encontrou,
tomando várias vezes 2 e 3 gols, e até mesmo 4 gols (p.e., 4x4 contra o Vasco,
2x4 contra o River Plate), perdendo jogos quase sempre após vantagem de um e
dois gols, e o treinador à época cometeu alguns erros fatais.
Por agora, não cometemos nenhum erro fatal, a zaga é
provavelmente a melhor deste século, apesar da fragilidade dos laterais, há alguns
bons jogadores e outros ainda por despontar (p.e., Kayque, Matías Segóvia e
Diego Hernández), e, sobretudo, ao contrário da frágil mentalidade de
2007-2008, temos hoje uma mentalidade forte com espírito vencedor, liderando as
duas provas que disputamos atualmente.
Isso não significa que ganhemos alguma das duas
competições este ano, mas significa que começamos a ser felizes e que, seguramente,
a rota é correta e augura, a médio e a longo prazo, uma consistência
absolutamente imprescindível para sermos sempre candidatos ao título nas
competições que disputamos.
Os dados são únicos neste século: Botafogo lidera o
Brasileirão com a melhor defesa e até hoje o 2º melhor atque; Tiquinho Soares é o artilheiro da competição; o craque eleito pelo
Brasileirão Assaí nos meses de abril e maio foi Tiquinho Soares, Luís Castro o
técnico eleito no mês de maio; cinco botafoguenses constituem a equipe do
Brasileirão eleita em acumulação à 9ª rodada.
FICHA TÉCNICA
Botafogo 2x0 Fortaleza
» Competição: Campeonato Brasileiro
» Gols: Tiquinho Soares, 45+3’ e 62’
» Data: 10.06.2023
» Local: Estádio Olímpico Nilton Santos, no Rio de Janeiro (RJ)
» Público: 17.291 pagantes; 19.594 espectadores
» Renda: R$ 953.260,00
» Árbitro: Wilton Pereira Sampaio (GO); Assistentes: Leone
Carvalho Rocha (GO) e Victor Hugo Imazu dos Santos (PR); VAR: Daiane Muniz (SP)
» Disciplina: cartão amarelo – Rafael, Luís Castro, Eduardo e Tiquinho Soares
(Botafogo) e Thiago Galhardo, Caio Alexandre e Zé Welison (Fortaleza)
» Botafogo: Lucas Perri; Rafael (Di Placido), Adryelson, Victor Cuesta e Hugo;
Marlon Freitas, Tchê Tchê (Lucas Fernandes) e Eduardo; Júnior Santos (Matías
Segovia), Tiquinho Soares (Matheus Nascimento) e Luís Henrique (Victor Sá).
Técnico: Luís Castro.
» Fortaleza: João Ricardo; Tinga (Yago Pikachu), Brítez, Titi e Bruno Pacheco;
Hércules (Vinícius Zanocelo), Caio Alexandre (Zé Welison) e Pochettino
(Romarinho); Calebe (Sílvio Romero), Thiago Galhardo e Lucero. Técnico: Juan
Pablo Vojvoda.
14 comentários:
Perfeitas observações sobre o projeto de reconstrução do nosso Botafogo.
Não sei quem disse: " o tempo e o senhor da razão", mas contém uma verdade insofismável no meu modo de ver. Eu de minha parte sempre tentei defender o Luís Castro pelo motivo que nada se constrói sem trabalho. Não nego que houve um momento que fraquejei em relação ao treinador e a equipe, mas no fundo torci ardorosamente pelo sucesso do projeto. Felizmente prevaleceu o bom senso e o profissionalismo daqueles que atualmente dirigem os destinos do Glorioso.
Ontem não vi o primeiro tempo, mas fiquei encantado com o que vi no segundo tempo e depois os melhores momentos.
Nós últimos 21 ou 22 jogos o Botafogo só perdeu 3 jogos e no Nilton Santos desde de a inauguração do gramado sintético o Botafogo não perdeu nenhum jogo e só tomou um gol. É de fato uma campanha notável.
Um ponto importante citado em seu comentário é a respeito da disposição tática; em nenhum momento o Botafogo jogou exclusivamente num engessado 4 3 3, sempre houve variação no modo de jogar, só não percebeu isso quem tinha uma enorme má vontade com o treinador.
Realmente o elenco cresça de modo bastante consistente e, muitos dos jogadores execrados pela torcida mas sempre defendidos pelo treinador começam a mostram um bom desempenho, qualificando ainda mais o elenco. E a mim também tem chamado a atenção o Segovinha, esse garoto vai dar muitas alegrias ao nosso time e muita dor de cabeça aos adversários, e o Diego Hernandez parece que tem irá pelo mesmo caminho, pois a comissão técnica está empolgado com o jogador.
Se o Botafogo será campeão eu não sei, mas uma coisa é certa, será um time difícil de ser batido, o que foi profetizado pelo Felipão, que ano passado disse que o time do Botafogo seria um time enjoado de ser batido, e isto está se cumprindo. ABS e SB!
Esse "torcedor" deve ser um "infiltrado". Ou, no mínimo, um desconhecedor da história botafoguense e até mesmo do futebol.
Sergio, o tempo costuma ser um bom justiceiro. Por isso mesmo eu gosto - como se diz - de "dar tempo ao tempo" para que o oculto se mostre. É um bom princípio.
Neste caso do Luís Castro confesso que, por exemplo, eu, e se bem me recordo o Sergio e o Eduardo Samico, e muitos outros, duvidaram seriamente que o LC tivesse condições para recuperar do descalabro dos acontecimentos ocorridos em campo contra o Vasco e o Flamengo e, logo depois, o próprio desnorte tático do LC, visível ainda no jogo contra a Portuguesa. Nessa altura achei que teria chegado ao fim da linha. Enganei-me, porque apesar de eu conhecer relativamente bem o Castro, nunca imaginei que ele tivesse a notável resiliência que tem. É das pessoas mais resilientes que tenho visto e, além disso, o modo de gerir os seus recursos humanos é muito consistente. Manteve a equipe do seu lado e soube incutir ânimo aos jogadores para responderem em campo às provocações fora dele, tal como o imbecil 'jornalista' (?!) que nos chamou de "lixo". Castro é um verdadeiro líder em todo o sentido da palavra.
Sobre ser 'engessado', há muito tempo já que ele mostrou ter deixado de ser, especialmente a partir da Taça Rio. Só na mente dos 'corneteiros' (entenda-se, dos críticos irracionais, não dos críticos racionais) é que o LC é engessado. Curiosamente, ainda hoje, apesar de fruírem as lideranças do Brasileirão e da Sula, não reconhecem o trabalho de Castro. São realmente pessoas que funcionam por estigmas, e quem funciona por estigmas, enfim...
A Taça Rio foi a nossa sorte, porque o LC teve quatro jogos para recuperar os aspectos táticos e mentais e preparar-se bem melhor para as competições seguintes. A equipe evoluiu espantosamente após a Taça Rio.
Sobre o elenco, eu penso que o Botafogo ainda vai crescer e se for como prevejo,pde não conquistar o título, mas tem muitíssimas possibilidades de ficar no G4. Sejam os árbitros honestos e tenhamos a sorte de termos poucos lesionados e poucos suspensos e essa possibilidade afigura-se bastante forte.
Já não me lembrava dessa do Felipão, mas agora recordo-me. O homem tem bom olho... (rs)
Abraços Gloriosos.
Talvez não seja infiltrado, meu amigo, porque ele surgia no MB não assiduamente, mas comentou periodicamente ao longo destes anos. As ofensas e os disparates vieram com a chegada do Castro, do tipo "o pior treinador da nossa história" ou "vejo mais sentido no trabalho do Barroca do que no de Castro, que é pavoroso" ou "vai levar Botafogo à série B". Logo no início embirrou com o Castro e chegou a atacá-lo por ele - dizia - atacar os nossos jogadores numa coletiva, quando na verdade o Castro os estava a defender. Nessa altura, eu e o Sergio chamamos à atenção que o Castro não atacara os seus atletas, mas sim defendera-os. Pediu desculpa pelo equívoco, mas a perseguição continuou no desaire seguinte. Claramente é pessoa que funciona por estigmas, e quem funciona por estigmas... Talvez seja por reacção a técnico estrangeiro, como fazem muitos treinadores, jornalistas e torcedores brasileiros, que criticam a contratação de estrangeiros e mostram não entender nada daquilo em que se tornou o futebol global. Deixei de publicar os seus comentários há bastante tempo, disse-lhe que não valia a pena insistir porque não publico disparates, mas o sujeito regressa com qualquer mau resultado e tornou a surgir na nossa última derrota no Brasileirão, classificando a equipe de "cavalo paraguaio". Enfim... nem toda a gente conhece a palavra "discernimento"...
Abraços gloriosos.
Abraços Gloriosos.
Grato pelo esclarecimento. Como não sei de quem se trata o torcedor insistente, só lembro mesmo dos seus amigos mais recentes, como o Sergio
Amigo Vanilson, também não vale apena saber. Quem faz ataques pessoais não precisa ser lembrado. Quanto ao Sergio, é um dos mais antigos leitores do Mundo Botafogo, desde 2008. Conhecemo-nos pessoalmente em Petrópolis, onde ele mora e onde a minha família brasileira reside.
Abraços Gloriosos.
Saulo, V. realmente insiste, mas não vale a pena. Neste blogue não há palavrão, não há ofensas, nem - como diz o seu 'odiado' Castro - se "rega problemas com sangue". Por isso, e pela busca de qualidade e informação histórica e atual, é um blogue reconhecido e elogiado publicamente em muitos meios públicos e tem alimentado outros blogues, edição de livros e reportagens pelo país.
Já verificou que todo o trabalho de busca, encontro, esforço, reconhecimento feito por Castro - que é um treinador de 'tiro longo' e não de 'tiro curto', que não joga para o curto mas para o médio e longo prazo e isso estrutura-se no tempo - resultou neste futebol consistente encontrado à medida dos atletas? Que para chegar aqui Castro usou o seu método de testar todos os limites, de rodar todos os atletas, de buscar polivalências para conseguir uma equipe possante após a 3ª montagem devido a contusões, suspensões e outros problemas que o Botafogo defrontava quando Textor o comprou (maioritariamente) à beira da falência? Consegue perceber que na Europa os treinadores são geralmente de 'tiro longo' porque a cultura futebolística e os métodos são outros e que o futebol é hoje global e não tem nacionalidades? Que Klopp só ao fim de alguns anos foi campeão inglês após 30 anos de jejum nacional do clube? Que Guardiola só ao fim de muitos anos concretizou o objetivo da sua ida para o City exatamente para ganhar a Champions? Que o Grande Ferguson levou anos a estruturar o M. United e o colocar consecutivamente na rota das vitórias durante 28 anos à frente da equipe? E que esses clubes já estavam bem estruturados, ao contrário do Botafogo cuja estrutura era um desastre antes de Textor e só agora começa a ganhar forma? V. sabe que uma equipe de futebol não são meramente 11 jogadores em campo e os seus substitutos, mas que depende de boas estruturas, de bom campo de treino, de bom departamento médico, de… de… de… etc.?... V. sabe quanto custa mudar a mentalidade de equipes de modo a torná-las uma mentalidade vencedora? Há quanto tempo V. não vê uma equipe com mentalidade vencedora como esta no Botafogo? Sabe quem preparou isso? Sabe quem é um dos primeiros responsáveis para introduzir e manter viva uma mentalidade forte em qualquer clube de futebol? E quer de repente o quê ao fim de 28 anos sem um único título nacional? Ser campeão Sul-americano?! Campeão Mundial?!
Claro que a sua cultura futebolística não alcança o que eu descrevi e fica-se pelo jargão de "o meu Botafogo não é covarde". E considera ainda neste seu novo comentário - que não publico, obviamente - que todo esse profundo trabalho de Castro na busca de entendimento do que é o futebol brasileiro, o Botafogo, os seus atletas, a sua torcida, de modo a acomodar os seus métodos e a sua cultura futebolística à praxis futebolística vivida no Brasil, buscando fazê-lo da melhor forma com toda a dignidade, respeito e seriedade, V. considerou-o, ainda agora, neste seu comentário não publicado, que durante esse período de busca exaustiva das melhores soluções, Castro estava a “definhar pateticamente”? Desculpe a franqueza, Saulo, mas não percebe como V. tem sido ‘patético’?
Não insista – mas se quiser, tudo bem – porque eu não publico comentários de pessoas que, a qualquer momento, e pela mínima coisa, se tornam ‘corneteiros’, entendendo eu por corneteiro quem usa predominante emoções primárias repletas de impropérios em vez de se exprimir mediante análises racionais, sérias, sem estigmatizações nem ataques pessoais e em busca das melhores soluções.
Não lhe desejo nenhum mal, espero que seja feliz nas suas circunstâncias de vida, mas é a última vez que lhe respondo, Saulo, porque o seu lugar – na minha compreensão – não é no Mundo Botafogo, mas nas redes sociais que por aí pululam ofendendo pessoais sem o mínimo sentido cívico.
Fique bem.
Caro Ruy, apenas para ficar restrito ao período da SAF, estou, ou melhor, estamos eu e minha filha dentre os torcedores que cansaram de sair abatidos do Nilton Santos em 2022 após desempenhos e resultados pífios diante de adversários como Juventude, Avaí, Goiás, América-MG e este ano vamos ao estádio com a melhor das expectativas, ainda que conscientes de que reveses poderão ocorrer.
O time continua firme, concentrado, empenhado. Aliás, mesmo nos piores momentos, nunca pareceram não se importar e,literalmente, andar em campo. Impressiona também como se deslocam, oferecendo opções a quem conduz a bola. E um dos aspectos que eu muito criticava nos times do Botafogo dos últimos anos era justamente a imobilidade dos jogadores que não tinham a bola. Até brincava comparando com o nosso futebol de botão, em que somente o "jogador" que conduz a bola se desloca; todos os demais quedam-se inertes.
É evidente que ainda temos jogadores que não dispõem da mais apurada técnica, dificultando ou mesmo inviabilizando nossas ações. No jogo de sábado, por exemplo, como já observado, Junior Santos estava mal. Luiz Henrique tampouco mostrava-se inspirado. Fossem eles um Bernardo Silva e um Jack Grealish...
Compartilho da mesma esperança de que, com o Diego Hernandez e Segovinha, venhamos a melhorar e muito o nível da equipe. Junior Santos, dedicadíssimo, é fato, é um jogador regular para compor o elenco, entrar no decurso da partida. E LH, principalmente por se tratar de jogador caro, até o momento não justificou o investimento.
Vamos torcer para que essa pausa seja profícua, que os jogadores recuperem-se e recarreguem as bateriais, que o setor de inteligência trabalhe bem e acerte em mais reforços que se fazem necessários, que a infraestrutura do futebol continue sendo implantada e que os "amadores" conselheiros não tumultuem o processo de reconstrução do Botafogo.
Em tempo, nunca me esqueço dos times, e dos traumas, do triênio 2007/09 e sempre me pego pensando que se tivéssemos um Jefferson no gol tudo teria sido muito diferente. Ainda que em meio ao caos herdado pelo grande Bebeto de Freitas, penso que o que mais nos faltou, dentro do campo, foi um bom goleiro. Max, Julio Cesar e Castillo falharam em momentos cruciais e não passavam segurança. Agora temos goleiro, e que goleiro.
Abs.
Bem lembrado, meu caro Ruy, fui um dos que duvidaram da capacidade do L. Castro logar êxito na condução do Botafogo, principalmente após a derrota para o mistão de sub-17 com reservas dos reservas do Flamengo e as partidas contra o Sergipe e a Portuguesa. Naquelas ocasiões não vi a força que o time do Botafogo passou a demonstrar e ainda vi o LC em, aparentemente, desesperada tentativa de surpreender o adversário mandando a campo um bando desorganizado.
Concordo plenamente com relação à espantosa evolução da equipe após esse aterrador momento.
Não sei o que se passou internamente, além das dificuldades conhecidas - planejamento mal feito que impediu a realização de pré-temporada, o Nilton Santos indisponível por conta da troca do gramado - mas a coisa toda mudou da água para o vinho.
Finalmente, não conto com "árbittros honestos" ou capazes, mas acho que uma equipe bem estruturada não deverá ter tantos suspensos ou gravemente lesionados. Tendo um setor de fisiologia qualificado e equipado, campos de treinamento adequados e um grupo bem preparado e fortalecido emocionalmente as dificuldades tendem a diminuir sobremaneira.
Abs.
Meu estimado amigo, esta equipe é realmente diferente de todas as equipes deste século em termos de mentalidade. Como bem lembrou o Sergio, Filipão disse o ano passado que esta equipe iria ser muito difícil de bater. Filipão percebeu o que se estava a preparar, e ainda bem que acertou. Mesmo na derrota espero que a equipe a venda caro e consiga manter esta força mental que foi perdida algures na 1ª metade do século XX.
Eu sou suspeito para falar do período 2007-2009, porque eu nunca alinhei pelo Cuca. Sempre o considerei pessoa de caráter duvidoso - e parece que se confirmou publicamente -; muitas atitudes dúbias relativamente a diversos jogadores, atirando sempre as culpas para cima dos outros; escudado no irmão Cuquinha que andava atrás das portas a escutar as conversas para lhe contar; imperdoáveis os 9 dias em que esteve fora da equipe porque se demitiu após o desaire da Argentina, exclusivamente por sua culpa porque mandou a equipe recuar; detonou constantemente o Mário Sérgio (que se demitiu de treinador face à pressão do Cuca); além disso, considerei sempre um mau montador de defesas, que tomava 2, 3 e 4 gols em muitos e muitos jogos mesmo começando em vantagem, tendo a 'coragem' de dizer que montar uma defesa era fácil e montar um ataque era difícil, e por isso perguntei à época porque é que sendo fácil não montava uma defesa forte sabendo-se que uma grande equipe começa por uma boa defesa; e finalmente - apesar de eu considerar que Bebeto de Freitas foi bom presidente resgatando o Botafogo da quase falência, embora tenha saído pela porta baixa acossado por Montenegro - foi o 'complexo fatalista' de Cuca, associado ao Túlio e com respaldo do Bebeto que, numa atitude infantil e amadora, cravaram na pele do Botafogo a alcunha de "chororô", e desde aí fomos estigmatizados e nunca mais tivemos uma grande mentalidade (tentada por Seedorf, mas sem sucesso, já que até Jefferson o criticou pelosutinamês/holandês ser... muito exigente!).
Por isso considero que mesmo nos dois melhores momentos da equipe neste século, 2007-2008 e 2013-2014, não fomos verdadeiramente resilientes. Nem mesmo em 2016-2027 com a campanha da Libertadores muito boa de Jair Ventura (que apoiei sempre e lamentei a saída pela porta dos fundos). E, em minha opinião, estamos finalmente perante uma ação de mentalidade resiliente e vencedora, e torço para que Castro nos deixe esse legado para o futuro enquanto CLUBE, e não apenas enquanto equipe de futebol com mentalidade vencedora passageira. Mas isso vai depender muito das escolhas de Textor quando for a sucessão de LC.
Adorei o exemplo da mobilidade do futebol de botão! É mesmo isso, Eduardo!
Pessoalmente fui contra o regresso de Luís Henrique. Assim como duvidei da compra de Patrick de Paula sabendo que o Abel é um 'espertalhão' e para deixá-lo sair era certamente porque se afigurava atleta problemático. Enganou o Botafogo.
Júnior Santos: muito lutador, mas com muitos equívocos. No último jogo cortou sempre para a esquerda, perdeu as jogadas e ainda um gol feito à procura de mais um drible. Em equipe melhorada só pode ser reserva.
Reforços: estou receoso das ideias de (des)investimento de Textor, a não ser que se entusiasme com a nossa excelente fase, mas o homem é racional e não é de ceder a emoções pontuais.
Goleiro em 2007/2009: relembro que o Cuca embirrou com um goleiro que tínhamos (não me lembro do nome) e foi escolhendo um pior do que outro, incluindo o Roger com uma lesão crônica no ombro e que tomou um gol que lhe subiu pela mão, pelo braço e pelo ombro e a bola acabou entrando. O Cuca era meio insensível do meio campo para trás...
Que o Eduardo e a sua filha sejam muito felizes na pós-data Fifa! (rsrsrs)
Abraços Gloriosos.
Errata: Eduardo, em vez de "Mesmo na derrota espero que a equipe a venda caro e consiga manter esta força mental que foi perdida algures na 1ª metade do século XX"; deve-se ler "Mesmo na derrota espero que a equipe a venda caro e consiga manter esta força mental que foi perdida algures nos primeiros anos do século XXI". Obrigado.
Foi um período realmente complicado efui muitocrítico de Castro relativamente a dois aspetos: a) se uma equipe se desorganiza tanto em dois jogos com 5 expulsos por culpa própria (até o Tiquinho disparatou), aparentemente é porque o técnico perdeu o vestiário; b) se um técnico se desespera tanto como aconteceu com a Portuguesa e monta uma tática que não foi treinada e por isso a equipe foi um bando desorganizado, é porque está completamente perdido.
Por isso considerei que o seu reinado chegar ao fim e seria questão de tempo.
O que eu não esperava, apesar de o conhecer e saber que é um técnico capaz, foi a sua enorme capacidade de resiliência, rejeitando uma eventual saída, assegurando que ia dar a volta à situação, definindo claramente o período em que assegurava que a equipe estaria preparada e, sobretudo, mantendo as rédeas firmes da equipe, quer taicamente, quer mentalmente, quer disciplinadamente. E valeu a iniciativa por tudo que já tinha feito antes, porque, afinal, a substância, a sementeira, já estava lançada há bastante tempo na equipe e ele sabia-o, como muito bem observou Felipão no fim de 2022.
Afinal, até chegar às lideranças do Brasileirão e da Sula, o LC montou 3 equipes e sabia perfeitamente, apesar de todas as dificuldades que defrontou ao nível de estruturas, lesões e suspensões e do conturbado período em que desacreditamos dele, que todas as suas experiências extremadas visavam definir com rigor até onde se poderia ir com a equipe que tinha. Curiosamente, um amigo meu viu isso antes de mim e disse-me: "Ele vai fazer experiências e rotatividades até ao mais possível extremo para deslanchar depois".O meu amigo foi outro que viu mais e melhor do que eu.
Abraços Gloriosos.
Amigo Ruy, não sei se você ouviu a declaração do Gerson Canhotinha de Ouro sobre o Botafogo de 67/68 e o de 62. Se não ouviu ouça, e nessa declaração há uma parte que é "bota os cabeçudos na roda"; acho que aí está todo o trauma de muitos times e o consequente ódio ao Botafogo, até hoje mesmo nesse século XXI o Botafogo fraquíssimo, o trauma não acaba, essa em a única explicação.
Sobre ofensas pessoais a jogadores e treinadores acho isso execrável, razão pela qual parei comvarios blogs, o único que frequento é o MB. Críticas sempre serão bem aceitas, desde que fundamentadas, podemos discordar mas que haja um debate saudável. Ofensas nunca. ABS e SB!
Vi sim, Sergio. Acho piada ao Gérson e costumo vê-lo e ouvi-lo. Embora nem sempre concorde com ele, o que é perfeitamente normal.
Creio que a raiva ao Botafogo vem sobretudo daí, embora tenha começado antes com rivalidades do tipo do 'jogo do senta'. Aliás, as rivalidades começaram mesmo foi no remo quando o Flamengo chegou a querer anular provas para poder vencer. Mas nessa altura ainda havia alguma vergonha na cara dos dirigentes e o Flamengo dava-se mal.
No entanto, confesso que não me agradam essas histórias dos "cabeçudos na roda". Sou um torcedor com raízes de 'ética olímpica' e pouco dado a esse tipo de coisas. Porém, é também verdade que no blogue fiz muitos destaques negativos ao Flamengo, mas porque o Flamengo é muitíssimo inético - os exemplos são infindáveis. Se o Flamengo tivesse comportamentos éticos eu nem isso faria, porque conheço bem a história do Flamengo e também é bonita, embora não tanto como a do nosso original e exótico Botafogo. Aliás, confesso que as melhores histórias dos clubes cariocas são, em minha opinião, as do Botafogo e do Flamengo. Gostava que a nossa rivalidade com o Flamengo - que é a maior do Rio - se pautasse por padrões éticos e disputas saudáveis.
Abraços Gloriosos.
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