por
RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
Embora Zico tenha
dito em entrevistas que tinha ‘ódio’ ao Botafogo e, noutra versão, ‘raiva’ do
Botafogo, compreendi que no seu sentimento de jovem torcedor flamenguista
sofresse muito com Nilton Santos, Didi, Garrincha, Quarentinha, Amarildo,
Zagallo, Gérson, Jairzinho, Roberto MIranda, Paulo Cézar ‘Caju’, num tempo em
que o Botafogo aplicava verdadeiros bailes às equipes do Flamengo, que nunca
conseguiram, além do campeonato carioca, um título relevante nessa época nem
emplacado campeões do mundo titulares da Seleção Brasileira.
Tido como ‘bom
homem’ e ‘bom anfitrião’ sempre o respeitei, ao contrário do Flamengo que, em
2010, o pressionou para se demitir do seu cargo, e Zico, em circunstâncias
dramáticas, saiu argumentando que percebia que a sua “presença não tem sido
favorável […] desde a minha chegada. […] Não há condições para eu continuar.
[…] Estou sendo atacado injustamente, principalmente através de meus filhos,
que em nenhum momento se envolveram em nada que estivesse em desacordo com os
conceitos éticos e morais que aprendi com meu pai. […] Não posso permitir que
esse duelo covarde continue a acontecer usando a minha família, que vem se desgastando
nas últimas semanas. […] O amor está acabando”.
O amor ao
Flamengo poderia estar acabando, mas parece que a ‘raiva’ ao Botafogo
permanecerá para sempre como uma espinha cravada na garganta do senhor Arthur
Coimbra.
Eis que no dia 23
de junho Galvão Bueno entrevista Zico em podcast da ‘Jovem Pan Esportes’ e
elogia o Botafogo assim (antes de Zico intervir): “Nesse momento que estamos, primeiro temos que ressaltar o Botafogo. Faz
muito bem para quem gosta de futebol, e para o futebol brasileiro, o retorno do
Botafogo, a grandeza que sempre teve.”
Então, pensando
que ainda estava jogando bola na linha de ataque do Flamengo, Zico entrou
fulminante: “Deixa
eu fazer uma colocação a respeito do Botafogo, que faço também do Athletico e
do Palmeiras. O gramado sintético faz diferença? A bola é mais rápida, se você
não estiver acostumado, tem mais dificuldade para dominar a bola. Aquele que
está jogando e treinando todo dia, a história é outra. Eu não tenho dúvidas
que, se continuar do jeito que está, todos os times [podem adotar]. Eu já ouvi gente falando que queria colocar
o Maracanã sintético. Não é que não vá ganhar jogo no gramado, mas o costume de
jogar no seu campo já é uma vantagem. Jogar no Maracanã é uma coisa, jogar de
vez em quando [no sintético] é outra.
Em um gramado que você tem uma velocidade de jogo maior, uma dificuldade maior
de domínio de bola, se você não estiver acostumado, isso pode afetar.”
Vamos então recordar Zico sobre alguns momentos relacionados com vitórias e derrotas na campanha do Botafogo neste Brasileirão de 2023, designadamente contra os quatro candidatos mais fortes ao título, contra o Athletico que tem gramado sintético e contra o Goiás que não tem gramado sintético:
*Botafogo
2x0 Atlético Mineiro, em casa, com gramado sintético.
*Botafogo
1x0 Fluminense, em casa, com gramado sintético.
*Botafogo
3x2 Flamengo, fora de casa, sem gramado sintético.
*Botafogo
1x0 Palmeiras, fora de casa, com gramado sintético.
*Botafogo
0x1 Athletico, fora de casa, com gramado sintético.
*Botafogo 1x2 Goiás, fora de casa, sem gramado sintético.
Isto
é, se o Botafogo ganhou em casa contra Atlético e Fluminense, também é verdade
que ganhou fora de casa sem gramado sintético ao próprio clube de Zico, que se
‘esqueceu’ do pormenor; e jogando contra os outros dois clubes que possuem
gramado sintético o Botafogo acabou perdendo para o Athletico e ganhando do
Palmeiras.
E se nos
lembrarmos que a outra derrota do Botafogo foi contra o Goiás, fora de casa,
sem gramado sintético, então o Botafogo já ganhou e já perdeu fora de casa com
gramados sintéticos (vitória sobre o Palmeiras e derrota com o Athletico) e com gramados não sintéticos
(vitória sobre o Flamengo e derrota com o Goiás).
Interessante
para uma reflexão mais discernente, não é, Zico?...
Galvão
Bueno, torcedor do Flamengo, voltou à carga e tornou a comentar imparcialmente: “Acho bacana o Botafogo voltar. Não sei se
vai ter, pelo elenco e pela reposição de jogadores, a condição de seguir na liderança
com essa vantagem. […] Mas é bacana.
Vamos ver se chega.”
Aprendeu
com Galvão Bueno, ou nem mesmo assim, Zico?
4 comentários:
O interessante nessa alegação sobre o gramado sintético é que nunca questionaram que o Palmeiras ganhou tantos títulos nos últimos anos por causa do gramado, mas sim por ter montado uma estrutura e um elenco de alto nível.
Realmente a magoa do Zico é é enorme em relação ao Botafogo, não só pelas surras que teve que aturar na sua juventude, mas provavelmente por nunca ter ganho um título sequer pela seleção brasileira, algo que jogadores do Botafogo ganharam vários e com destaque no mundo do futebol. ABS e SB!
Bom jogador. Péssimo comentarista. Pelo que sei o gramado sintético não é ilegal e a bola continua redonda para todos os envolvidos. (Rsrs)
Claro, Sergio, mas o Palmeiras é o Palmeiras, campeão até no campo de terra batida em que o Garrincha jogava quando era rapaz.
Não é só o Zico, são pelos menos duas gerações de traumatizados, de Nilton Santos a Jairzinho.
Abraços Gloriosos.
E mais, Vanilson: mesmo que o gramado sintético favoreça o dono do estádio, também os donos dos campos de grama ruim são favorecidos quando o Botafogo, o Palmeiras ou o Athletico vão lá jogar. Não pode haver filhos e enteados: os donos dos estádios são tendencialmente sempre favorecidos por terem mais torcida e conhecerem melhor o seu gramado, seja gramado sintético ou gramado careca...
Abraços Gloriosos.
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