por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
Bruno Miguel Silva do
Nascimento, o ‘Bruno Lage’, nasceu no dia 12 de maio de 1976, em Setúbal,
Portugal. Tentou jogar futebol em alguns clubes amadores, mas desistiu, e aos
21 anos (1997) iniciou a sua carreira de treinador nas bases do clube da sua
cidade Natal, o Vitória Futebol Clube, conhecido por ‘Vitória de Setúbal’.
Entre treinador das bases e
Assistente, Bruno Lage rodou, após o Vitória de Setúbal, por alguns clubes de pequena
dimensão até que ingressou no Benfica tornando-se treinador das bases do clube
entre 2004 e 2012.
Entre 2012 e 2018 foi
treinador dos juniores e da equipe B do Shabab Al Ahli (Dubai, 2012-2014) e
posteriormente esteve na Premier League com o clube inglês Sheffield Wednesday e o galês Swansea City
(2015-2018), ambos como Assistente do treinador principal.
Em 2018 assumiu a equipe do
Benfica B e finalmente, em 2019, aos 43 anos, tornou-se treinador principal do
Benfica, tendo sido campeão nacional logo no primeiro ano, havendo quem considere
que é um treinador taticamente evoluído porque quando todos pensavam que Jonas
só funcionaria como falso 9, Bruno Lage mudou a forma de jogar do Benfica de
modo a acomodar Pizzi, Rafa, João Félix e Jonas ao mesmo tempo, conseguindo ser
campeão e Jonas o artilheiro.
Foi nesse ano que Bruno Lage
arriscou lançar jovens como Ruben Dias (atual Manchester City), Ferro (atual
Hajduk Split) e João Félix (atual Chelsea), transacionados pelo Benfica por
grandes valores financeiros. Porém, no segundo ano, na liderança com 7 pontos
de avanço no início do returno, Bruno Lage vê a liderança do campeonato
português esfumar-se e acaba demitido subitamente.
A saída de Bruno Lage é
atribuída, nos bastidores do futebol, a desavenças de vestiário, lideradas por
dois jogadores benfiquistas. Onde e como Bruno Lage perdeu o campeonato, e
talvez a liderança do vestiário, seria obra de análise jogo a jogo para se
perceber a conjuntura que originou a perda do título, quando a única coisa que
mudara no Benfica tinha sido a entrada de Weigl, que até é bom jogador.
Entretanto o treinador ficou
um ano sem clube, até regressar à Premier League ingressando no Wolverhampton em julho de 2021 (honroso 10º lugar na temporada 2021-2022) e ser despedido
pelo clube inglês em outubro de 2022 (temporada 2022-2023), em plena época desportiva, devido a maus
resultados.
Novamente sem clube, Bruno
Lage encontra-se há 9 meses sem treinar qualquer equipe.
Após a saída intempestiva do
último treinador do Botafogo, John Textor definiu como prioridade a contratação
de Bruno Lage, prosseguindo a linha de critérios que usou para contratar o anterior
treinador e agora este: ambos falarem português como língua-mãe; terem tido muito sucesso nas camadas
de base do FC Porto e do SL Benfica; terem rodado por outros campeonatos europeus
e do mundo árabe treinando jogadores de várias nacionalidades e com várias
culturas.
Os percursos do anterior treinador e do indigitado próximo treinador do Botafogo são, assim, bastante
semelhantes, revelando a coerência de John Textor nas suas escolhas. Porém, há
diferenças importantes entre ambos, aparentemente ao nível da capacidade de
liderança, do perfil pessoal de ambos.
O anterior treinador
claramente gostava de palco e de se destacar entre os demais, tendo mostrado
pouco comprometimento ético e de caráter ao abandonar o Botafogo
intempestivamente e sem prestígio pessoal, após tantas lições públicas sobre
‘ética, caráter e prestígio’; Bruno Lage é homem de poucas falas – embora bom
comunicador –, sorri pouco e é tido como pessoa séria e de valores.
Bruno Lage aposta sem receio
nos jovens, é capaz de mudar a forma de jogar de uma equipe, tem experiência
não apenas de dirigir uma grande equipe como também conhecer bem o futebol
melhor jogado em todo o mundo quando integrou os quadros de três clubes da Premier League.
Não obstante, Bruno Lage tem
mais um elemento em comum com o anterior treinador do Botafogo: não é treinador
de ‘tiro curto’ – tipo de treinador muito apreciado no futebol brasileiro – mas
sim treinador de ‘tiro longo’ – em geral, facilmente demitido no futebol
brasileiro –, isto é, aparenta a mesma característica que, provavelmente,
acabou por pesar na saída do último treinador do Botafogo, isto é, precisa de
tempo para que as suas boas ideias germinem (e o anterior treinador esteve à
beira do despedimento solicitado pela mídia e por grande parte da torcida antes
de alcançar o sucesso) e para que se consiga adaptar às características
culturais do futebol brasileiro, impaciente e implacável para quem não triunfa
imediatamente.
Dito isto, Bruno Lage é uma
interrogação, justamente porque se apresenta como um treinador com qualidades
técnicas, e quiçá pessoais, bastante interessantes, mas que ao assumir uma equipe
disparada na liderança de um campeonato sempre cheio de surpresas, arrisca-se a
ser execrado e enxovalhado pela mídia, pelos adversários e por boa parte da
torcida botafoguense se falhar o título.
Praticamente destinado a obrigar-se
ao lema “veni, vidi, vici” (cheguei, vi, venci), Bruno Lage tem um enorme
desafio pela frente no sentido de perceber rapidamente como se adaptar à sua
nova realidade e acomodar os interesses instalados, tendo como vantagem assumir
uma equipe muito bem preparada, com mentalidade vencedora, predisposta a fazer
história e dispor de uma torcida que certamente fará a diferença nas
arquibancadas.
Se conseguir vencer o
desafio, Bruno Lage ficará gravado a letras de ouro na história do Botafogo
de Futebol e Regatas.
Veja aqui os últimos perfis do ‘mercado de
contratações’ publicados pelo Mundo Botafogo:
Diego Hernández:
uma boa promessa uruguaia
8 comentários:
Depois de ler atenciosamente este pequeno curriculum do novo treinador do Botafogo, nos resta desejar muita sorte e que consiga manter a pegada do time e se tudo correr como desejamos, conquistar o título brasileiro de 2023, para felicidade e redenção do Botafogo e sua torcida. ABS e SB!
Se o Lage aproveitar o grande trabalho feito pelo fulano de tal e ajustar para o seu modelo de jogo, mais próximo do de Jorge Jesus (outro mau carácter), e se souber encaixar-se nos jogadores e manter com eles uma relação de proximidade (típica dele) e simultaneamente de autoridade, direi que "habemus Papa". O problema é se começa a correr mal, é contestado e cede à pressão tal como cedeu no Benfica. Se os jogadores e a torcida jogarem juntos com o Bruno, é possível alcançar objetivos desejados.
Veja, Sergio, estamos na liderança do Brasileirão, e a possibilidade de chegar à final da Copa Sul-americana é forte devido a termos um chaveamento muito acessível. O São Paulo e a LDU são as únicas equipes potencialmente fortes no nosso chaveamento, mas têm que se eliminar. Temos definidos Patronato e depois Guarani. Pelo menos à final do chaveamento podemos chegar, depois é vencer a semifinal e então defrontar o sobrevivente do outro chaveamento, que é mais forte.
Abraços Gloriosos.
Me preocupa Ruy essa questão da gestão do vestiário, o Botafogo está com o grupo muito unido, fechado, qualquer atleta que possa ser injustiçado, cairá como uma bomba no elenco. Que ele tenha aprendido a contornar essas desavenças, o segredo da gestão é a famosa "linguagem de boleiro", treinadores como Renato Gaúcho, Joel Santana, Felipão, conduziram muito bem a sua carreira, por justamente serem espertos no lidar com a batalha de egos. Fernando Diniz, que é o melhor treinador brasileiro, ainda não obteve um grande sucesso justamente por não se mostrar hábil o suficiente para administrar essas contendas, naturais em qualquer grupo profissional, de qualquer trabalho.
O interino Cláudio Caçapa, além de um grande estudioso, pela sua postura me parece um cara apto a fazer tal gestão, pela humildade demonstrada. Bruno Lage precisará de muito jogo de cintura para isso, parece-me um treinador com ideias superiores ao ex inominável. Saudações alvinegras! Abraços!
Por falar em predestinação, saiu a informação que Bruno Lage chegará no dia 12 de julho, a mesma data que Autuori chegou pra comandar o Botafogo em 95. Mais essa Ruy, abraços, pra cima do Grêmio!
Tenho alguma preocupação, Henrique. Mas pensando nas características do Lage e do plantel unido, tenho muita esperança que funcione. Porque: a) o Lage tem uma relação muito próxima com os jogadores, dá bnsconselhos e lança jogadores promissres da base; b) os jogadores estão pacificados e o antigo treinador não deixou fazer grupinhos no plantel, pelo contrário, juntou-os num unidade só.
Em minha opinião, o Fernando Diniz não é o melhor treinador brasileiro. O seu esquema de jogo é sempre igual. Veremos se evolui no futuro u fica-se neste tiki-taka tantas vezes vão.
O Cláudio Caçapa parece-me sensato. Se mantiver o esquema do inominável antigo treinador, sacar o tipo de fraqueazas do Grêmio e deixar os atletas fluírem o seu jogo habitual, com defesa forte, contra ataque cirúrgico e muita paciência para dobrar o Grêmio, poderemos ter um resultado agradável. Veremos. Em futebol nada é definitivo antes do apito final.
Sim, o Lage tem boas ideias. A questão é que se perdeu já duas vezes nas únicas equipes em que foi treinador principal. No Benfica não aguentou a pressão da torcida e de dois jogadores infuentes no vestiário - que depois também tramaram o JJ pela mesma razão. Lage privilegiou conquistar o bicampeonato nacional, mas a massa associativa do Flamengo, perdão, do Benfica (o Flamengo de Portugal), achava que podiam ser campeões europeus e não resistiu à pressão e foi demitido. Mas a razão estava do seu lado: o Benfica não tinha, e não tem ainda, equipe para bater colossos europeus.
E é curiosa a história do Benfica Europeu. Foram bicampões europeus em 1961 e 1962. No final do ano o famos treinador do bi, Bela Guttman, pediu aumento salarial, o Benfica negou e ele saiu. Saiu rogando a seguinte praga: “Sem mim, nem em cem anos o Benfica conquistará uma taça continental.” Ora bem, logo em 1963 perderam a final dos campeões europeus, e até hoje, 60 anos passados, perderam as oito finais europeias em que foram finalistas. Há 9 anos o Benfica inaugurou uma estátua a Guttman à entrada do estádio segurando as duas taças que conquistou. Mas os títulos europeus não têmmaneira de chegar. O que vale é que só faltam 40 anos...
Abraços Gloriosos.
Henrique, deve ter sido data escolhida pelo Botafogo... É a data ideal para as superstições: dia de chegada do Autuori e famoso 12 do título de 1989. (rsrsrs)
Pra cima do Grêmio! Fogo neles!
Abraços Gloriosos.
Caro Ruy, apesar de não dispor de informaçôes acerca do C. Caçapa e de saber que ele viera na condição de interino, torci pela sua manutenção à frente da equipe e para que no fim do ano viesse com uma história de sonho e superação com o Botafogo campeão brasileiro. Quem sabe, até da Sula, onde vem tendo desempenho não mais que mediano.
Vindo o Bruno Lage, torço para que venha aquele bem sucedido em lançar e revelar os novos valores e estrategista competente. Que mantenha o bom ambiente e a força mental do grupo.
Essa campanha no Brasileiro 23 tem tudo para ser histórica, épica, principalmente após a inrempestiva debandada do inominável.
Abs.
Também gostei do Caçapa, mas pode lhe faltar experiência de nunca ter sido treinador principal. Se o Bruno seguir a linha atual, apenas com algum ajuste tático (ele joga muito no sistema do JJ), isto é, para o 4-1-3-2, se mantiver o bom clima e a força mental do grupo, acrescendo uma continuidade no entendimento do jogo em todos os momentos, então pode ser um ano muito bom.
Abraços Gloriosos.
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