quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Botafogo 2x1 América (MG): um líder a passo

 
Crédito: Vitor Silva / Botafogo.

por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo

Diz-se em futebol que quem procura acha, mas ontem esse lema não valeu para o América, que procurou, procurou e não achou. O Botafogo jogou muito mal, quiçá a par dos piores jogos de 2023, e acabou por ganhar com dois golaços de Júnior Santos nas duas únicas bolas que foram enquadradas com a baliza adversária.

Uns dizem que é sorte de campeão; outros dirão que o América é lanterna, tem pouca qualidade e que o Botafogo fez como no tempo de Castro em certos jogos: dois remates à baliza, dois gols, 1 vitória, 3 pontos. Antes isso!

O certo é que na primeira parte o Botafogo teve dois terços de posse de bola, não conseguiu chegar ao interior da área adversária, não teve escanteios nem faltas perigosas para cobrar e terminou empatado. O América teve 3 ou mais oportunidades de gol e o Botafogo nenhuma, além do gol construído por Júnior Santos.

Inicialmente o Botafogo comandou as operações de ataque tentando penetrar na defesa adversária, algo que efetivamente pouco conseguiu fazer durante todo o jogo, e aos 16’ Victor Sá perdeu uma oportunidade que poderia ter transformado em gol se tivesse técnica para isso.

Porém, aos 22’ Júnior Santos recebeu a bola de Eduardo – após excelente passe de Tiquinho Soares – pelo lado direito, fez uma jogada de insistência cortando para dentro, evitou dois adversários e, ainda fora da grande área, colocou a bola no ângulo superior esquerdo do guardião americano. Golaço!

Quando tudo parecia encaminhar-se para uma vitória tranquila, eis que o Botafogo deixou de jogar por volta dos 30’, o meio campo errou tudo, a defesa desligou e o gol de empate acabou por surgir aos 36’ por Benitez, depois de duas jogadas em que Lucas Perri fez um milagre e Di Placido outro milagre em cima da linha de gol. A ‘festa’ mineira continuou e o placar empatado ao intervalo foi um presente para o Botafogo.

Eduardo e Gabriel Pires inexistiram, mostrando a enorme falta que faz Tchê Tchê, e Victor Sá continuou a produzir pouco e a perder a única oportunidade de gol que teve.

Na segunda parte o Botafogo entrou novamente com vontade e aos 49’ Júnior Santos repetiu a jogada do 1º gol a papel químico: Adryelson roubou a bola a Benitez, endossou para Júnior Santos que recebeu a bola na ala direita, cortou para dentro, evitou dois adversários e, ainda fora da área, colocou a bola no ângulo superior direito do goleiro americano. Golaço!

Daí até ao final da partida o Botafogo não criou nenhuma oportunidade de gol. O meio campo foi inoperante, o ataque é absolutamente inconstante, alternando boas e más partidas de Victor Sá, Luís Henrique e Júnior Santos e o Botafogo recuou para tentar manter o placar, enquanto o América foi sucessivamente criando oportunidades pelas alas, dentro da área e só não empatou por desperdício dos seus atacantes e por duas defesas milagrosas de Lucas Perri, uma delas aos 90+3’, e um bloqueio de Bastos junto à linha de gol aos 90+8’.

A segunda parte – à excepção do gol de Júnior Santos – foi toda do América, que acabou por reduzir a posse de bola do Botafogo de 65% na 1ª parte para 53% no conjunto da partida. E as estatísticas corroboram o desempenho do América: 7 oportunidades de gol (6 perdidas) contra nenhuma oportunidade de gol do Botafogo – exceptuando os dois únicos remates à baliza que deram gol; América 12 escanteios contra 1 do Botafogo; América 24 remates contra 6 do Botafogo (4 para fora).

Na opinião do Mundo Botafogo sobre um jogo ganho no sufoco dos últimos 15 minutos, não existe muita diferença do Era Castro: o Botafogo tem dificuldades de propor jogo e os seus melhores desempenhos foram realizados em contra ataque. Chegamos à liderança no início muito à custa do goleiro e da defesa muito bem montada e da perspicácia de Tiquinho Soares – que muita falta fez durante o período de lesão –, mas hoje a defesa não teve desempenho seguro, apesar de aguentar o América, falhando muitas vezes e beneficiando da fraca capacidade de finalização do lanterna. E o ataque foi uma investida de Victor Sá do lado esquerdo e dois gols de Júnior Santos. Rigorosamente nada mais porque o meio campo inexistiu e Luís Henrique entrou para o ataque e não acertou em nenhuma jogada.

Em suma, uma vitória sem sabor contra o último classificado, que valeu apenas e exclusivamente pelos 3 pontos e a manutenção da vantagem na classificação geral, podendo eventualmente aumentar. Todavia, se jogarmos deste modo contra o Atlético Paranaense, teremos muitas dificuldades com uma defesa desligada (Adryelson cansado por uma viagem de avião de 4 horas?!), o nosso meio campo não produzindo (felizmente teremos Tchê Tchê) e o nosso ataque inexistindo – Tiquinho Soares também esteve muito recuado, produzindo muito pouco no ataque, embora essencial no passe que rasgou as linhas de meio campo e de defesa, que chegou a Eduardo e finalmente a Júnior Santos para um dos seus golaços.

Dois golaços de Júnior Santos e vários 'milagres' de Lucas Perri merecem nota 10!

Duas notas finais, uma constatação e um conselho: (a) as Datas Fifa parece que em vez de beneficiarem fazem mal aos jogadores, que relaxam muito em campo e em geral jogam mal depois desse período; (b) Lúcio Flávio deve tapar a boca quando troca impressões no banco ou dá instruções aos jogadores, porque há quem saiba fazer leituras labiais.

FICHA TÉCNICA

Botafogo 2x1 América (MG)

» Gols: Júnior Santos, aos 21’ e 49’ (Botafogo); Benítez, aos 38’ (América)

» Competição: Campeonato Brasileiro

» Data: 18.10.2023

» Local: Estádio Independência, em Belo Horizonte (MG)

» Árbitro: Anderson Daronco (RS); Assistentes; Lúcio Beiersdorf Flor (RS) e Michael Stanislau (RS); VAR: Daiane Caroline Muniz dos Santos (SP)

» Disciplina: cartão amarelo – Júnior Santos (Botafogo) e Alê (América)

» Botafogo: Lucas Perri; Di Placido, Adryelson (Philipe Sampaio), Victor Cuesta e Hugo; Marlon Freitas, Gabriel Pires (Danilo Barbosa) e Eduardo; Júnior Santos (Bastos), Tiquinho Soares (Diego Costa) e Victor Sá (Luís Henrique). Técnico: Lúcio Flávio.

» América-MG: Matheus Cavichioli; Ricardo Silva, Iago Maidana e Danilo Avelar (Alê); Mateus Henrique (Rodriguinho), Juninho, Martínez, Benítez (Casares) e Nicolas (Marlon); Felipe Azevedo (Renato Kayser) e Mastriani. Técnico: Fabián Bustos.

6 comentários:

jornal da grande natal disse...

Vamos ver se logo mais os rivais deixem mais uns pontinhos pelo caminho. Faz parte da minha estratégia catimbozeira...

Ruy Moura disse...

Torço por isso! "Gato escaldado tem medo de água fria!" Quanto mais longe de nós melhor, menos escaldado me sinto! (rsrsrs)
Abraços Gloriosos.

Sergio disse...

De fato o time não foi bem, alguns jogadores pareciam cansados, além do Perri e Adryelson que afirmaram não ter dormido praticamente nada.
Por outro lado a ausência do Tchê Tchê diminui e muito a dinâmica do meio campo, tanto na parte defensiva mas ainda na ofensiva. Não que o Gabriel Pires seja fraco, mas me parece sem ritmo de jogo e extremamente lento.
Penso que um gramado de péssima qualidade como aquela porcaria que não se pode chamar de gramado tenha prejudicado muito a transição rápida do Botafogo, além bde dificultar o toque rápido e pode gerar contusões sérias. E tem uma turma que crítica o tapetinho. Pobre do nosso futebol permitir uma porcaria como a do estádio Independência.
Felizmente o Júnior Santos renasceu e ontem decidiu o jogo com dois golaços. Vitória importante não só para a pontuação mas muito para o aspecto psicológico. Sorte de campeão? Tomara. Mas como dizia o Nelson Rodrigues, sem sorte não se consegue nem atravessar uma rua, pode ser atropelado por uma carrocinha de sorvete. ABS e SB!

jornal da grande natal disse...

Exatamente... rsrs. Enquanto isso vou jogando os dado da fortuna!

Ruy Moura disse...

Sergio, a equipe já jogou mal como ontem algumas vezes e jogadores aparentemente cansados já vi em outros dos nossos jogos, mas o que me assustou ontem foi o desligamento da defesa, porque a nossa defesa é o ponto mais forte da equipe. Com sabe, eu sou adepto de equipes construídas detrás para afrente e não o inverso. Prezo muito o goleiro e o quarteto defensivo porque são eles que muitas vezes garantem vitórias por desperdício dos atacantes.

Assim, ainda estou receoso dos nossos altos e baixos, sobretudo quando passamos a jogar de três em três dias. Ontem fomos quase só Lucas Perri e Júnior Santos, e este nem sequer tem sido regular, pelo que temo nova recaída, apesar dos dois bons jogos que fez nesta Era LF.

Ao contrário do que eu pensava, o Lúcio Flávio e o Joel Carli têm muito trabalho pela frente para colocar estes jogadores novamente na linha dos bons jogos que fizeram sobretudo com Castro e Caçapa. Espero que me surpreendam positivamente no sábado.

Abraços Gloriosos.

Ruy Moura disse...

Com as derrotas de Grêmio e Palmeiras mais dois ficaram pelo caminho. Sobram dois para 'abater' em definitivo.
Abraços Gloriosos.

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