por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
Diz-se em futebol que quem procura acha, mas
ontem esse lema não valeu para o América, que procurou, procurou e não achou. O
Botafogo jogou muito mal, quiçá a par dos piores jogos de 2023, e acabou por
ganhar com dois golaços de Júnior Santos nas duas únicas bolas que foram
enquadradas com a baliza adversária.
Uns dizem que é sorte de campeão; outros dirão
que o América é lanterna, tem pouca qualidade e que o Botafogo fez como no
tempo de Castro em certos jogos: dois remates à baliza, dois gols, 1 vitória, 3
pontos. Antes isso!
O certo é que na primeira parte o Botafogo teve
dois terços de posse de bola, não conseguiu chegar ao interior da área
adversária, não teve escanteios nem faltas perigosas para cobrar e terminou
empatado. O América teve 3 ou mais oportunidades de gol e o Botafogo nenhuma,
além do gol construído por Júnior Santos.
Inicialmente o Botafogo comandou as operações de
ataque tentando penetrar na defesa adversária, algo que efetivamente pouco
conseguiu fazer durante todo o jogo, e aos 16’ Victor Sá perdeu uma
oportunidade que poderia ter transformado em gol se tivesse técnica para isso.
Porém, aos 22’ Júnior Santos recebeu a bola de
Eduardo – após excelente passe de Tiquinho Soares – pelo lado direito, fez uma
jogada de insistência cortando para dentro, evitou dois adversários e, ainda
fora da grande área, colocou a bola no ângulo superior esquerdo do guardião
americano. Golaço!
Quando tudo parecia encaminhar-se para uma
vitória tranquila, eis que o Botafogo deixou de jogar por volta dos 30’, o meio
campo errou tudo, a defesa desligou e o gol de empate acabou por surgir aos 36’
por Benitez, depois de duas jogadas em que Lucas Perri fez um milagre e Di
Placido outro milagre em cima da linha de gol. A ‘festa’ mineira continuou e o
placar empatado ao intervalo foi um presente para o Botafogo.
Eduardo e Gabriel Pires inexistiram, mostrando a
enorme falta que faz Tchê Tchê, e Victor Sá continuou a produzir pouco e a
perder a única oportunidade de gol que teve.
Na segunda parte o Botafogo entrou novamente com
vontade e aos 49’ Júnior Santos repetiu a jogada do 1º gol a papel químico:
Adryelson roubou a bola a Benitez, endossou para Júnior Santos que recebeu a
bola na ala direita, cortou para dentro, evitou dois adversários e, ainda fora
da área, colocou a bola no ângulo superior direito do goleiro americano.
Golaço!
Daí até ao final da partida o Botafogo não criou
nenhuma oportunidade de gol. O meio campo foi inoperante, o ataque é
absolutamente inconstante, alternando boas e más partidas de Victor Sá, Luís
Henrique e Júnior Santos e o Botafogo recuou para tentar manter o placar,
enquanto o América foi sucessivamente criando oportunidades pelas alas, dentro
da área e só não empatou por desperdício dos seus atacantes e por duas defesas
milagrosas de Lucas Perri, uma delas aos 90+3’, e um bloqueio de Bastos junto à
linha de gol aos 90+8’.
A segunda parte – à excepção do gol de Júnior
Santos – foi toda do América, que acabou por reduzir a posse de bola do
Botafogo de 65% na 1ª parte para 53% no conjunto da partida. E as estatísticas
corroboram o desempenho do América: 7 oportunidades de gol (6 perdidas) contra
nenhuma oportunidade de gol do Botafogo – exceptuando os dois únicos remates à
baliza que deram gol; América 12 escanteios contra 1 do Botafogo; América 24
remates contra 6 do Botafogo (4 para fora).
Na opinião do Mundo Botafogo sobre um jogo ganho
no sufoco dos últimos 15 minutos, não existe muita diferença do Era Castro: o
Botafogo tem dificuldades de propor jogo e os seus melhores desempenhos foram
realizados em contra ataque. Chegamos à liderança no início muito à custa do
goleiro e da defesa muito bem montada e da perspicácia de Tiquinho Soares – que
muita falta fez durante o período de lesão –, mas hoje a defesa não teve
desempenho seguro, apesar de aguentar o América, falhando muitas vezes e
beneficiando da fraca capacidade de finalização do lanterna. E o ataque foi uma
investida de Victor Sá do lado esquerdo e dois gols de Júnior Santos.
Rigorosamente nada mais porque o meio campo inexistiu e Luís Henrique entrou para
o ataque e não acertou em nenhuma jogada.
Em suma, uma vitória sem sabor contra o último
classificado, que valeu apenas e exclusivamente pelos 3 pontos e a manutenção
da vantagem na classificação geral, podendo eventualmente aumentar. Todavia, se
jogarmos deste modo contra o Atlético Paranaense, teremos muitas dificuldades com uma
defesa desligada (Adryelson cansado por uma viagem de avião de 4 horas?!), o
nosso meio campo não produzindo (felizmente teremos Tchê Tchê) e o nosso ataque
inexistindo – Tiquinho Soares também esteve muito recuado, produzindo muito
pouco no ataque, embora essencial no passe que rasgou as linhas de meio campo e
de defesa, que chegou a Eduardo e finalmente a Júnior Santos para um dos seus
golaços.
Dois golaços de Júnior Santos e vários 'milagres' de Lucas Perri merecem nota 10!
Duas notas finais, uma constatação e um conselho:
(a) as Datas Fifa parece que em vez de beneficiarem fazem mal aos jogadores,
que relaxam muito em campo e em geral jogam mal depois desse período; (b) Lúcio
Flávio deve tapar a boca quando troca impressões no banco ou dá instruções aos
jogadores, porque há quem saiba fazer leituras labiais.
FICHA TÉCNICA
Botafogo 2x1 América (MG)
» Gols: Júnior Santos, aos 21’ e 49’ (Botafogo); Benítez, aos 38’ (América)
» Competição: Campeonato Brasileiro
» Data: 18.10.2023
» Local: Estádio Independência, em Belo Horizonte (MG)
» Árbitro: Anderson Daronco (RS); Assistentes; Lúcio Beiersdorf Flor (RS) e
Michael Stanislau (RS); VAR: Daiane Caroline Muniz dos Santos (SP)
» Disciplina: cartão amarelo – Júnior Santos (Botafogo) e Alê (América)
» Botafogo: Lucas Perri; Di Placido, Adryelson (Philipe Sampaio), Victor Cuesta e
Hugo; Marlon Freitas, Gabriel Pires (Danilo Barbosa) e Eduardo; Júnior Santos
(Bastos), Tiquinho Soares (Diego Costa) e Victor Sá (Luís Henrique). Técnico:
Lúcio Flávio.
» América-MG: Matheus Cavichioli; Ricardo Silva, Iago Maidana e Danilo Avelar (Alê);
Mateus Henrique (Rodriguinho), Juninho, Martínez, Benítez (Casares) e Nicolas
(Marlon); Felipe Azevedo (Renato Kayser) e Mastriani. Técnico: Fabián Bustos.
6 comentários:
Vamos ver se logo mais os rivais deixem mais uns pontinhos pelo caminho. Faz parte da minha estratégia catimbozeira...
Torço por isso! "Gato escaldado tem medo de água fria!" Quanto mais longe de nós melhor, menos escaldado me sinto! (rsrsrs)
Abraços Gloriosos.
De fato o time não foi bem, alguns jogadores pareciam cansados, além do Perri e Adryelson que afirmaram não ter dormido praticamente nada.
Por outro lado a ausência do Tchê Tchê diminui e muito a dinâmica do meio campo, tanto na parte defensiva mas ainda na ofensiva. Não que o Gabriel Pires seja fraco, mas me parece sem ritmo de jogo e extremamente lento.
Penso que um gramado de péssima qualidade como aquela porcaria que não se pode chamar de gramado tenha prejudicado muito a transição rápida do Botafogo, além bde dificultar o toque rápido e pode gerar contusões sérias. E tem uma turma que crítica o tapetinho. Pobre do nosso futebol permitir uma porcaria como a do estádio Independência.
Felizmente o Júnior Santos renasceu e ontem decidiu o jogo com dois golaços. Vitória importante não só para a pontuação mas muito para o aspecto psicológico. Sorte de campeão? Tomara. Mas como dizia o Nelson Rodrigues, sem sorte não se consegue nem atravessar uma rua, pode ser atropelado por uma carrocinha de sorvete. ABS e SB!
Exatamente... rsrs. Enquanto isso vou jogando os dado da fortuna!
Sergio, a equipe já jogou mal como ontem algumas vezes e jogadores aparentemente cansados já vi em outros dos nossos jogos, mas o que me assustou ontem foi o desligamento da defesa, porque a nossa defesa é o ponto mais forte da equipe. Com sabe, eu sou adepto de equipes construídas detrás para afrente e não o inverso. Prezo muito o goleiro e o quarteto defensivo porque são eles que muitas vezes garantem vitórias por desperdício dos atacantes.
Assim, ainda estou receoso dos nossos altos e baixos, sobretudo quando passamos a jogar de três em três dias. Ontem fomos quase só Lucas Perri e Júnior Santos, e este nem sequer tem sido regular, pelo que temo nova recaída, apesar dos dois bons jogos que fez nesta Era LF.
Ao contrário do que eu pensava, o Lúcio Flávio e o Joel Carli têm muito trabalho pela frente para colocar estes jogadores novamente na linha dos bons jogos que fizeram sobretudo com Castro e Caçapa. Espero que me surpreendam positivamente no sábado.
Abraços Gloriosos.
Com as derrotas de Grêmio e Palmeiras mais dois ficaram pelo caminho. Sobram dois para 'abater' em definitivo.
Abraços Gloriosos.
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