domingo, 28 de abril de 2024

Botafogo 2x0 Flamengo - a Fénix renasce e a Estrela brilha

O «justiceiro mascarado» faz renascer a Fénix, brilhando a Estrela Solitária lá no Alto!
Crédito: Vitor Silva / Botafogo.

A alegria é muita, o ‘chororô’ ficou do lado de quem sempre chora: após as desculpas da ‘altitude’ e as desculpas do ‘gramado sintético’, quais são as desculpas?...

Ah, sei… O goleirão do Botafogo defendeu (?!) todos os remates perigosos à baliza, o árbitro não marcou impedimento no 1º gol do Botafogo e não marcou falta do 2º gol do Botafogo.

Tadinho do Bruninho Henriquinho no seu chorinho… É preciso muito desplante! E a CBF tratou de editar rapidamente o áudio do VAR.

Dois pormenores iniciais: (a) o Botafogo rematou nove vezes, e em três casos chutou enquadrado na baliza, especificamente no 1º gol, depois numa falha clamorosa de Jeffinho que chutou em cima do goleiro com a baliza escancarada e finalmente no 2º gol; (b) o Flamengo rematou quinze vezes para fora e fez ZERO remates enquadrados na baliza, isto é, o nosso goleirão até podia… ter ficado em casa!

Há mais alguns pormenores: (a) a existência do VAR parece uma ‘benção’, caso contrário arrumariam modo de anular os nossos gols; (b) mas funciona basicamente bem apenas quando está sob pressão, com todos os olhares centrados sobre si, mostrando que um dos vitoriosos de hoje foi… John Textor!

Já agora, mais alguns pormenores: cada vez mais reforço o meu convencimento que a existência de um treinador capaz pode mudar o rumo de uma equipa tecnicamente, taticamente, fisicamente e mentalmente no quadro de uma estratégia bem montada, com estudo rigoroso das características do adversário e um relacionamento humano assertivo e participativo.

Na verdade, mesmo sem um 9 na área é possível que um coletivo bem focado, ambicioso e com vontade de melhorar continuamente o seu aprendizado, possa ganhar jogos e conquistar títulos apesar de isso não ser expectável a priori.

Marlon Freitas excedeu-se em capacidades neste jogo; Savarino manteve uma regularidade impressionante em todo o jogo; Luiz Henrique sabe definir bem e marcar gols; Júnior Santos mantém-se sempre igual a ele próprio, provocando fraturas nas defesas adversárias; Diego Hernandéz, que indiscutivelmente tem qualidades, já está trabalhando a bom nível, a zaga ajustou-se bem; enfim, parece que AJ está conseguindo realçar as melhores qualidades de cada jogador, respeitando as suas características e não inventando. Aliás, todas as suas substituições têm sido boas e após os intervalos a equipe funciona melhor, mais compacta e com melhor capacidade de recomposição, além, evidentemente, de conseguir ‘pentear’ bem a bola, quebrando  ritmo adversário e serenando o jogo para de repente efetuar um contra-ataque rápido e usar da eficácia necessária para ganhar.

Dito isto, vamos ao jogo.

O Botafogo entrou no jogo com vontade, levou perigo à área adversária antes dos 2’ de jogo; o Flamengo ripostou aos 3’; Júnior Santos aos 6’ entrou na área, passou por dois adversários e quando rematou foi bloqueado in extremis.

O Botafogo fazia pausas no jogo, quebrando o frenesim ineficaz do Flamengo, e procurava o contra-ataque aproveitando a velocidade de Júnior Santos. Porém, aos 11’, o Flamengo marcou um gol de calcanhar, que só foi anulado porque… a arbitragem estava sob o escrutínio de todos após as demandas de John Textor e agora já não é tempo, por exemplo, de validar gols em impedimentos de um metro ou mais, nem invalidar gols que entraram 69 centímetros para lá da linha de gol (e que deram dois campeonatos ao Flamengo neste século, em prejuízo do Botafogo e do Vasco da Gama).

 

Gol de Savarino, enganando Rossi que deu uma artística cambalhota circense, tão espetacular quanto o malfadado goleiro Bruno sentando no chão com a cavadinha de Loco Abreu no título carioca de 2010. Crédito: Captura de tela.

Daí em diante os comentaristas falavam de predomínio de posse de bola pelo Flamengo. Em primeiro lugar, posse de bola pode significar eficiência, mas não significa necessariamente eficácia; em segundo lugar, aos 34’ foi anunciada posse de bola de 51% para o Flamengo e 49% para o Botafogo. A ilusão resultava da posse de bola dos rubro-negros nas cercanias da área alvinegra, enquanto o Botafogo tinha posse de bola mais no seu meio campo, justamente segundo a estratégia de manter o jogo tão sereno quanto possível, controlado e espreitando a possibilidade de ataque.

É certo que estaríamos teoricamente com mais dificuldades de conter as arremetidas do Flamengo, mas também permitimos um certo domínio consentido. E o certo é que durante a 1ª parte John só defendeu uma bola e que, aliás, ia para fora, desenquadrada da baliza. O que mais se viu foram muitos desarmes e bloqueios de parte a parte na hora dos remates, e a defesa botafoguense tirava a bola da sua área sempre em chutes de primeira, sem procurar dribles nem vacilar.

E as soluções do Flamengo foram escasseando. Primeiro, porque a sucessiva e repetitiva jogada de avanços pelo lado direito do ataque, com ida à linha de fundo e cruzamento para trás, estava manjada, e se acaso um dos atacantes do adversário conseguia passar pelo lateral, havia sempre um segundo homem da zaga para afastar o perigo. O Botafogo cumpria a estratégia de AJ ao pormenor, desbancando a adversário por todos os meios e recompondo-se rapidamente quando ia ao ataque e perdia a bola – talvez com excepção de Savarino.

Danilo Barbosa fechava bem à frente da defesa e Marlon Freitas distribuía o ataque com alguns avanços perigosos. E nos últimos minutos o Botafogo fez o que raramente conseguia fazer nos finais da 1ª parte: gerir bem os últimos minutos para chegar ao intervalo sem desvantagem no placar.

O início do 2º tempo mostrou os jogadores alvinegros ainda mais focados na partida e os primeiros minutos evidenciaram o Botafogo mais ao ataque, recompondo-se quando perdia a bola e serenando o jogo para travar o ânimo adversário. E aos 52’, numa bela cobrança de escanteio, Luiz Henrique recebe na meia-lua da grande área e remata de primeiro num gol tão belo quanto o goleiro adversário nem se conseguiu mexer, e a bola entrando rasteira, rápida e gulosa no canto direito da baliza rente ao poste. Botafogo 1x0!

Logo depois o Flamengo voltou à carga, mas aos 62’ Jeffinho recebeu um excelente passe dentro da área, atrapalhou-se com a bola como é habitual e deixou-a escapar-se pela linha de fundo. O Flamengo reagiu e levou perigo aos 64’ e 65’, mas o Botafogo sempre muito atento não dava espaços para o Flamengo além da cercania da grande área.

E os adversários repetiam e repetiam as mesmas jogadas, sem inspiração nem eficácia, vulgarizados pelo coletivo botafoguense muito bem posicionado e que, aos 80’, em mais um contra-ataque perigosíssimo, Jeffinho poderia ter ampliado cara a cara com o goleiro, mas chutou justamente à sua figura para defesa fácil.

Em contrapartida, o Flamengo cabeceou com perigo aos 83’, mas para fora, e finalmente Bastos salvou uma bola que teria selo de gol. Porém, nos minutos finais, o Botafogo conseguiu controlar o jogo com tranquilidade.

E finalmente, com o Flamengo completamente perdido na sua ineficiência e ineficácia, eis que aos 90+2’ Diego Hernandéz roubou uma bola ao adversário na ala direita do ataque alvinegro, a sobra foi para Tchê Tchê que endossou a bola a Jeffinho e este serviu Savarino dentro da grande área – rematando e enganando bem o goleiro que fez uma cambalhota circense (ver imagem). Botafogo 2x0!

E daí em diante os últimos sete minutos foram doces, doces, doces…

Há muito trabalho por fazer, mas chegar à liderança provisória do campeonato brasileiro à 4ª rodada era indiscutivelmente impossível para a maioria de nós, nos quais me incluo.

Parabéns, a John Textor, a Artur Jorge e a todos os atletas que souberam fazer cada um a sua parte. Como eu gosto de dizer, o Botafogo está…

OUSANDO CRIAR, OUSANDO VENCER!

Adenda: Parece incrível, mas o Botafogo é mesmo o líder do Brasileirão após empate do Bragantino!

FICHA TÉCNICA

Botafogo 2x0 Flamengo

» Gols: Luiz Henrique, aos 52’, e Savarino, aos 90+2’

» Competição: Campeonato Brasileiro

» Data: 28.04.2024

» Local: Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro

» Árbitro: Raphael Claus (SP); Assistentes: Danilo Ricardo Simon Manis (SP) e Evandro de Melo Lima (SP); VAR: Anderson Daronco (RS)

» Público: 49.549 pagantes / 53.683 espectadores

» Renda: R$ 2.956.180,00

» Disciplina: cartão amarelo – Savarino, Danilo Barbosa, Luiz Henrique e Jeffinho (Botafogo) e De La Cruz (Flamengo)

» Botafogo: John; Damián Suárez, Lucas Halter (Alexander Barboza), Bastos e Hugo; Luiz Henrique (Jeffinho), Danilo Barbosa (Gregore), Marlon Freitas e Savarino; Júnior Santos (Diego Hernández) e Eduardo (Tchê Tchê). Técnico: Artur Jorge.

» Flamengo: Rossi; Varela (Wesley), Fabrício Bruno, Léo Pereira e Ayrton Lucas (Viña); Erick Pulgar (Allan), De La Cruz e Arrascaeta (Lorran); Luiz Araújo (Gerson), Pedro e Bruno Henrique. Técnico: Tite.

12 comentários:

Sergio disse...

Ruy, infelizmente não pude ver o jogo, mas já acompanhei várias livres e comentários, além de ver os melhores momentos. Parece que o Artur Jorge começa a dar um sistema de jogo ao time, e a minha impressão, é claro que só ver os melhores momentos não é conclusivo, mas a ideia de cansar o adversário no primeiro tempo foi o que me pareceu. Vou aguardar a sua análise do jogo que é sempre muito precisa. ABS e SB!

Ruy Moura disse...

Sergio, está surgindo um padrão de jogo com identidade própria e também um treinador que parece estudar os adversários com minúcia e encaixar-se no jogo deles para os controlar no 1º tempo, 'ensaboando-os' e desgastando-os para dar o golpe letal na 2ª parte. A 1ª parte teve muita contenção da equipe face ao calor, a 2ª parte muita gestão depois do gol logo de início aos 52' com o Flamengo em quebra física. O Botafogo, apesar de cãibras e cansaço foi 'climaticamente' muito mais equilibrado sabendo do perigo de soçobrar na 2ª parte. É a minha opinião.

Abraços Gloriosos.

Sergio disse...

Grande análise do jogo. Infelizmente não pude ver o jogo, mas já vi os melhores momentos, diversos comentários, e cheguei a conclusão que o elenco do Botafogo vai entendendo o Artur Jorge, e diga-se passagem tem tudo para fazer um grande trabalho. Claro que ainda há muito trabalho e muitos acertos como diz o treinador botafoguense, mas o caminho vai sendo bem pavimentado.
Não sei se é impressão minha, mas parece que o time do Botafogo faz um primeiro tempo mais de contensão e com a intensão de cansar o adversário, e no segundo tempo força mais o jogo, adianta um pouco as linhas e ataca mais.
Uma observação importante é a de que vários jogadores tão criticados estão melhorando a olhos vistos, o Diego Hernandes é um desses casos, então vemos a importância de um treinador que saiba potencializar seus jogadores.
Interessante é que o Flamengo poupou jogadores na Bolívia, n jogo importante, para jogar contra o Botafogo, num campeonato onde ainda faltam 34 rodadas e hoje não decidiu nada, ao contrário do jogo contra o Bolívar. Será que estavam com medo do Botafogo e mostraram um certo respeito? Mas bom mesmo é vê-los reclamando e chorando, mas chororo só vale o do Botafogo. Curioso clube que chora, senta e quer criticar os seus adversários, com um histórico de jogos vencidos com auxílio da arbitragem que deve ser recorde mundial. Mas não podemos deixar de exaltar o trabalho do John Textor, que fez pressão e a arbitragem nem o var ajudaram o famosos Clube dos Roubos Frequentes. Mas o difícil mesmo para o Textor será moralizar o futebol brasileiro, principalmente com a nossa mídia corporativa conivente com esse futebol cheio erros absurdos e parece que muitos intencionais. Fiquemos atentos. ABS e SB!

Sergio disse...

Os torcedores do Botafogo estão pedindo para o Artur Jorge não atender telefonemas do Cristiano Ronaldo, uns até sugeriram bloquear o telefone do craque português. ABS e SB!

Ruy Moura disse...

Na minha ótica é isso. Contenção na 1ª parte, linhas mais adiantadas na 2ª parte e transiçõe rápidas. E as linhas estão mais compactas neste jogo do que no anterior. Há progressos individuais e coletivos.

Sobre a gestão do jogo da Bolívia do jogo contra o Botafogo eu até arriscaria dizer que "O Tite tem a vocação do erro." (rsrsrs)

A luta do Textor vai ser difícil. Vamos ver como se segue. O homem parece duro de roer. Agora tem equipe para analisar os jogos em tempo real (!).

Os chorões do Flamengo são brincadeira. Qualquer coisinha choram e depois empurram o choro para os outros. Enfim... "torcida de teatro"... (salvo as honrosas excepções)

Abraços Gloriosos.

Ruy Moura disse...

Li que foi uma criança ou um jovem fazendo esse pedido. Talvez a torcida tenha adotado a brincadeira. Que eu apoio!!!!!!!!!!!!!!!!!

Não faltava mais nada levarem-nos outro treinador aparentemente destinado ao sucesso.

Abraços Gloriosos.

Anónimo disse...

Certamente, além da boa performance do time todo e da direção do AJ, claro está que a ação corajosa do JT durante a semana foi decisiva. Sua coragem de encarar de frente o problema da arbitragem e das mutretas, fizeram pressão enorme sobre os ombros do apitador rubro-negro OPS! do árbitro da partida e torcedor do VARmengo. Tanto quanto o time do VARmengo quanto o Klaus atuaram tão mal que foi impossível dessa vez arrancaram uma falta inexistente, um pênalti inexistente ou qq outra penalidade a favor da franquia CBF/TV BÔBO.
Sem tirar um milímetro a perfeita atuação do Glorioso e da equipe técnica.
Quanto ao AJ, parece ter se encaixado ao Botafogo.
E assim, dormimos líderes na 4° rodada.
Jacob

Ruy Moura disse...

Verdade tudo isso, Jacob. No início considerei muito arriscadasasposições de JT porque contra a impunidade do futebol brasileiro é difícil o enfrentamento. Sã capazes de tudo. Porém, o homem muniu-se de bom material e de tecnologia de ponta, e o certo é que até na CPI já mudaram de posição sobre ele. Quando no futebol se conseguir destronar dirigentes de topo mundial como Platter, Platini, Havelange, rebaixar grandes clubes europeus devido a corrupção e tráfico de influência, punir jogadores por manipulação de jogos e sabe-se lá que mais, a atitude de JT só poderia ter dos responsáveis uma única tomada de posição: averiguar, pesquisar e nunca passar à ofensa a JT como passaram juízes. comentadores, dirigentes de clubes, etc. Quem pode crer que no futebol brasileiro nada se passaria com arbitragens? O homem é valente!

Abraços Gloriosos.

jornal da grande natal disse...

Matou a charada numa única frase: - Domínio consentido...! Só um grande comentarista para notar este detalhe.

Ruy Moura disse...

Pois é, Vanilson. Uma equipe que no final do jogo tem mais posse de bola (60%) do que o Botafogo (40%) e não consegue rematar uma única vez enquadrada no gol, só pode ser domínio consentido- sobretudo 'cozinhando' o jogo na 2ª parte. Estratégia muito bem gizada por AJ. E os jogadores parece que vão comprando as propostas todas do técnico. Têm evoluído, vencido e crescido em moral e mentalidade. Se o Textor arrumar mais umas contratações necessárias podemos ser uma caso sério este ano.

Abraços Gloriosos.

Sergio disse...

O comentarista do rádio Washington Rodrigues , flamenguista, mas fez exatamente essa observação: o Botafogo armou uma forca para Flamengo, cansando o time rubro negro, no segundo tempo puxou a corda e enforcou o mengão. Abs e SB!

Ruy Moura disse...

Essa estratégia já o AJ utilizou no jogo anterior e tornou a funcionar. O 'segredo' é conseguir encontrar uma gestão de equilíbrio. Eu sugeri essa estratégia na análise que fiz à vitória sobre o Atlético Goianiense, e o AJ aplicou-a integralmente contra o Universitario e ontem contra o Flamengo. Mas não será sempre assim, dependerá do adversário. A questão é fazer evoluir tecnicamente os jogadores e o sistema tático, e simultaneamente encontrar equilíbrios para cada solução estratégica.

PS: Impressinou-me a apatia de Tite na Coletiva. O homem parecia que estava à beira de uma depressão, cansado e sem capacidades. Com esse desânimo e sem variadade de repertório, parece-me que o Flamengo não vai prosperar neste ano.

Abrços Gloriosos.

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