sábado, 26 de abril de 2025

2024, a estrada dos louros; 2025, o atalho para o abismo

por DINAFOGO | Coluna “Botafogo nisso!” | Colaborador do Mundo Botafogo

Boa tarde, Blog!

Está sendo difícil escrever textos sobre o nosso amado e glorioso Botafogo devido à falta de inspiração, tristezas e desânimo diante dos resultados em campo. Apesar disso, reuni forças para tecer alguns comentários críticos e observações sobre o calvário que estamos atravessando neste ano de 2025, que tinha tudo para ser a continuidade de um projeto vencedor e o sonho de um Botafogo forte.

1. Departamento de futebol e as contratações

Em primeiro lugar, devemos entender que, apesar do semiprofissionalismo (vou chamá-lo assim) trazido pela SAF, o Botafogo continua apresentando problemas exatamente iguais aos da Era amadora. O departamento de futebol é fraco, ainda que os scouts tenham tido alguns acertos. Nomes como Philipe Sampaio, Saravia, Gabriel Pires, Diego Hernández, Diego Costa, Luis Segovia, Lucas Halter, Cuesta, entre outros, foram contratações que não vingaram. Alguns tivemos raríssimas oportunidades de ver em campo, outros chegaram como promessas e logo foram emprestados, e houve aqueles que, por conta da idade, tinham constantes lesões, alto salário e oscilações dentro de campo. Vale lembrar que as duas maiores contratações de impacto até aqui tiveram influência direta de John Textor, tanto no caso de Almada quanto no de Luiz Henrique. Textor também tentou a contratação de uma promessa argentina, mas acabou sendo atravessado pelo Santos.

O brilhante ano de 2024 mascarou as contratações equivocadas, poupou jogadores de críticas mais contundentes e aliviou para John Textor, que vinha recebendo críticas não somente no Brasil, mas também na França e na Bélgica, pelas campanhas pífias dos clubes sob o seu comando.

2. Contratações de técnicos

Há uma insistência sistemática em técnicos portugueses e a crença de que são os únicos capazes de comandar a equipe alvinegra. O mercado sul-americano ou de outras nacionalidades simplesmente não existe. A exceção foi Tiago Nunes, mais uma das apostas que John Textor resolveu insistir. Aqui devemos observar os padrões nas passagens desses técnicos por General Severiano. O técnico português LC demorou a ser contratado em 2022, pagou-se caro por ele e Textor o via como o nome certo. Poderia ter ficado, mesmo com o fiasco de 2023, se assim quisesse. Contudo, o comandante abandonou o barco e o Botafogo resolveu arriscar a temporada com o interino Lúcio Flávio, depois com o também interino Caçapa, até a chegada de outro português, Bruno Lage, mais um em quem John Textor confiava. Mas esse teria vida mais curta do que seu antecessor e seria substituído por Tiago Nunes, que não conseguiu estancar a bola de neve que assolou o Glorioso após a queda de LC. Apesar disso, Tiago Nunes foi mantido para 2024 e, mesmo diante de péssimos resultados, tinha seu cargo garantido pela diretoria (lembra alguém?). A situação ficou insustentável, ele acabou demitido e a roda girou: entrou um interino, e depois de duras batalhas, algumas que quase custaram caro, chegou AJ, o comandante português que finalmente entregaria resultados, após os fracassos de LC e Bruno Lage. Apesar do sucesso, temos que ter em mente que o trabalho de AJ só engrenou na segunda janela, com contratações — e que a qualidade dos jogadores ajudou muito no êxito do treinador. Por fim, AJ não se entendeu com as lideranças da SAF e, tal como LC, abandonou o comando do clube por outro projeto.

Se fizermos uma análise da narrativa acima, podemos perceber que nenhum treinador que começou o ano terminou à frente do comando técnico do Alvinegro. Ainda é possível notar uma demora excessiva para contratar e que quase sempre o primeiro nome escolhido não vinga, sendo necessário recorrer a interinos e somente depois encontrar o técnico efetivo. Também vemos que, mesmo com resultados pífios, esses treinadores são blindados e raramente demitidos antes da segunda janela.

O roteiro de 2025 é idêntico nos detalhes. Entramos o ano sem treinador, apostando em interinos e, após muita espera, chegou Renato Paiva. Se o padrão se mantiver, Renato Paiva está com os dias contados e não terminará como nosso treinador.

3. Mentalidade que não reflete a realidade de um time brasileiro

Na mentalidade da SAF, a temporada do clube começa somente no meio do ano. Inclusive, é nessa época que costumam chegar os reforços mais relevantes. O campeonato estadual é completamente deixado de lado, importando apenas a classificação para a Taça Rio. As copas e recopas entre campeões dos anos anteriores também não são prioridade. O elenco costuma fracassar e passar no sufoco pelas eliminatórias, com campanhas de meio de tabela.

O problema dessa ideia é que o clube expõe sua imagem no estadual, correndo risco de levar goleadas acachapantes, perder para times modestos e afastar o interesse de treinadores. Ademais, neste ano o Botafogo abriu mão de dois títulos que não temos em nossa galeria e que o torcedor gostaria muito de conquistar. O futebol brasileiro não é como o europeu, onde apenas o nacional e a Champions importam, e é diferente em termos de rivalidade. Outro fator é que o clube corre o risco de ser eliminado logo no início dos campeonatos eliminatórios como a Libertadores. Em 2024 passamos pelo Bragantino no sufoco da Libertadores, fomos eliminados pelo Bahia na Copa do Brasil e perdemos jogos acessíveis no Campeonato Brasileiro. A questão é que, em 2025, os erros deste planejamento estão muito evidentes, pois com as conquistas de 2024 o sarrafo subiu e a torcida passou a acreditar que 2022 e 2023 foram apenas o início difícil de uma estrada de sucesso que estava por vir. Porém, agora a torcida se pergunta se 2024 foi apenas um golpe de sorte dentro de um planejamento desorganizado. Torço muito para que não seja o caso.

4. A outra face de John Textor

John Textor é um homem de sucesso nos seus negócios, carismático, ambicioso e sabe jogar com o público, além de, claro, ser o homem à frente da maior conquista da nossa história. Todavia, como não somos feitos apenas de luz ou sombras, mas sim de um equilíbrio dessa dualidade, o mandatário norte-americano tem em suas sombras um lado centralizador, um pouco arrogante, teimoso, egocentrado e que quase nunca admite seus erros. Suas atitudes perante os torcedores durante as fases ruins e a forma como lida com crises não deixam mentir. Também vale a preocupação com as constantes saídas de pessoas que depois denunciam e cobram o clube na justiça, alegando falta de pagamento e promessas não cumpridas.

5. A escolha de Renato Paiva

O atual comandante do Botafogo não foi a primeira, nem a segunda, muito menos a terceira opção. Ele foi escolhido por Textor após muitas negativas, mostrando que não estava nos planos. Novamente, a escolha foi decidida por Textor; a justificativa, desta vez, foi a predileção do mandatário pela base do Benfica.

Apesar de sabermos que não devemos julgar o trabalho de um treinador apenas pelo seu passado — pois alguns vieram de clubes com investimentos mais tímidos —, é possível ter uma noção. Por exemplo, AJ e Abel do Palmeiras vieram de clubes com investimentos menores, mas se destacavam e ganhavam títulos. Outros, como LC, tinham bons trabalhos recentes em clubes. Já RP vem de um trabalho apenas razoável no México e de uma passagem horrível pelo Bahia. Seu único trabalho de sucesso foi no Independiente del Valle. Se fizermos uma comparação, veremos que RP só teve sucesso no início da carreira, com um título, e nem mesmo a passagem por clubes com uma realidade financeira próxima, como León e Toluca, o ajudou a repetir o sucesso.

O nível de RP é muito parecido com o de Tiago Nunes: treinadores que alcançaram o sucesso num momento da carreira e que tentam, desesperadamente, reencontrá-lo.

6. Os erros do time do Botafogo

O time alvinegro hoje, dentro de campo, é marcado por erros de passe, não tem um artilheiro com faro de gol, o esquema tático é uma incógnita e as falhas defensivas são bisonhas.

Os gols sofridos contra o São Paulo e o Universidad de Chile foram muito parecidos, com falhas de marcação da defesa e o adversário livre para empurrar para as redes. Até mesmo a posição dos gols foi semelhante.

Alguns jogadores que foram importantes no ano passado estão muito abaixo. Por exemplo, Savarino, que errou gols feitos contra Palmeiras e Estudiantes. O excelente goleiro John falhou contra o Estudiantes e contra o Atlético-MG. O lateral Alex Telles também não vive seus melhores dias, entre outros que estão abaixo.

As contratações que vieram ainda não deram uma resposta animadora. Santi está no departamento médico, Rwan Cruz pouco jogou e não agradou, Elias Manoel também não entrou bem, Natan segue no DM. Talvez os reforços que mais têm entrado sejam os garotos Jair e Arthur.

O time do Botafogo parece um carro morrendo: quando você acha que vai, ele para e morre. O time começa na defesa, avança um pouco e, em seguida, erra passes e entrega para o adversário. Após sofrer um gol, não consegue reagir.

7. Os responsáveis

O grande responsável, é claro, é John Textor, por causa do péssimo planejamento. Depois vêm as lideranças do futebol alvinegro, que deveriam auxiliar o gringo. Por fim, há a culpa compartilhada pelos jogadores, pelo desempenho, e por RP, por sua teimosia — como, por exemplo, insistir com PK — e por não conseguir dar um padrão de jogo ao time da Estrela Solitária.

O ano de 2025 pode ser salvo, mas não será suficiente para pagar o vexame que estamos vivendo e os erros grotescos da gestão SAF. A torcida tem todo o direito de protestar e cobrar. Não é justo utilizar a Libertadores e o Brasileiro — pelos quais somos eternamente gratos — como chantagem emocional e escudo contra qualquer crítica, porque o Botafogo está acima de qualquer liderança, jogador, treinador e afins.

Ao que tudo indica, o Botafogo deve penar até meados de junho e, a não ser que uma tragédia ocorra, o gringo deve insistir com RP.

PS: O Botafogo não é lugar de covardes: não há espaço na nossa história para aqueles que se esquivam de suas responsabilidades e não admitem os próprios erros, para aqueles que demonstram abatimento e falta de bravura dentro e fora de campo, para quem gosta de se encolher e não se agiganta nas dificuldades. A história do Botafogo foi construída com peleja, forjada no fogo das incontáveis batalhas que travamos, construída por uma torcida resiliente e por pessoas de fibra moral. O recado é para todos: o meu Botafogo não é, não foi e, em hipótese alguma, será lugar de covardes. Não faz parte da nossa essência.

Fonte da foto: https://x.com/deprefogo/status/1021825357249425408

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