por
RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
Nem sempre
concordo com Renato Paiva nas suas avaliações ao jogo durante as coletivas. Por
vezes não vemos exatamente o mesmo jogo. Não foi o caso de ontem. Paiva
sintetizou muito bem o desenrolar da partida.
O jogo iniciou-se
com o Ceará à defesa, a nossa circulação de bola foi lenta e não gerou
movimentação, o que significa que as brechas da defesa adversária não se
abriram e as oportunidades de gol não apareceram, sobretudo porque os 67% de
posse de bola por volta dos 20’ era inócua.
Dominando
totalmente o Ceará, mas mostrando-se relaxado no ataque, como se o gol
estivesse iminente, a equipe teve basicamente três oportunidades de gol muito
espaçadas no tempo: aos 17’, cara a cara com o goleiro, Igor Jesus permitiu-lhe
uma grande defesa com o pé; aos 33’, em remate espetacular fora da grande área,
Artur fez a bola embater no travessão; finalmente, aos 44’, após um grande
passe de Marlon Freitas, Santi Rodriguez dominou a bola na linha de fundo, à
direita do ataque, tirou um adversário da jogada, antecipou-se a outro, rematou,
o goleiro deu rebote e por fim, oportuno à boca da baliza, Mastriani emendou
para o fundo das redes: Botafogo 1x0.
Resultado justo
na primeira parte, com o Botafogo controlando e cozinhando o jogo cedo demais e
John simplesmente assistindo. Como disse Paiva, o Botafogo não foi paciente
como se exige para ganhar o jogo contra adversário na retranca; comportou-se
muito mais pela passividade da posse de bola, ameaçando pouco o Ceará.
A toada de jogo
não mudou no início da segunda parte, ao contrário da visão de Paiva. O
Botafogo somente ameaçou marcar aos 54’ quando Gregore chegou atrasado por
centímetros à boca da baliza.
O nosso jogo era
novamente de banho-maria, como se já estivesse ganho e fosse necessário
resguardarmo-nos para o Mundial. Eis senão quando, por frouxidão da defesa
botafoguense, numa jogada bem trabalhada do Ceará, que nunca desistiu de
encontrar o buraco na agulha da nossa defesa, empatou a partida aos 56’ com um
remate muito bom de Pedro Raul frontal à baliza.
O Botafogo
acelerou ligeiramente o jogo, mas não afinou a pontaria e somente 15 minutos
depois do empate é que tornou a liderar o placar – e por ingenuidade do
defensor cearense. Artur centrou já dentro da área, o zagueiro do Ceará abriu
infantilmente o braço para desviar a bola e o pênalti claríssimo foi marcado:
Botafogo 2x1 aos 71’ com mais uma brilhante cobrança de Alex Telles.
Em seguida, aos
74’, Artur rematou na área em frente à baliza e o goleiro fez novamente uma
grande defesa.
Paiva decidiu ‘fechar’
o jogo ao fazer entrar Danilo, mas quase imediatamente, aos 76’, Artur serviu
Marlon Freitas para marcar um gol que lhe fugia há muito tempo: Botafogo 3x1.
Tudo parecia
estar decidido, Paiva fez as últimas substituições aos 80’, fazendo entrar Mateo
Ponte e Allan, mas o Botafogo relaxou novamente com os dois gols de vantagem, e
bem a exemplo do primeiro gol do Ceará, deixou o ataque cearense solto,
permitiu um cruzamento para a área que foi direitinho à cabeça de Pedro Raul para
bisar aos 86’: Botafogo 3x2.
As ‘sombras’
regressaram e acabamos por ganhar com um sofrimento desnecessário, num jogo em
que John não fez nenhuma defesa.
Em suma, como
disse Paiva, fizemos o suficiente para ganhar, embora sem brilho, mas a defesa
claudicou nos dois lances de gol de Pedro Raul. Se no Mundial fizer o mesmo
contra o Atlético de Madrid e o PSG, teremos goleadas na certa.
O lema do
treinador do Sporting bicampeão português é o seguinte: “Quando faltar a
inspiração, que não falte a atitude”.
Ontem faltou mais
inspiração e ainda mais atitude. Faço votos para que o Botafogo possa dar o seu
melhor no Mundial de Clubes: com muita inspiração e ainda mais com muita
atitude, à semelhança de algumas vitórias épicas e decisivas na conquista da
Copa Libertadores e do Brasileirão de 2024 e também na classificação para as
oitavas-de-final da Copa Libertadores de 2025.
OUSAR
LUTAR! OUSAR CRIAR, OUSAR VENCER!
FICHA TÉCNICA
Botafogo 3x2 Ceará
» Gols: Mastriani, aos 44’, Alex Telles, aos 71’ (pen.),
e Marlon Freitas, aos 76’ (Botafogo); Pedro Raul, ao 56’ e 86’ (Ceará)
» Competição: Campeonato Brasileiro
» Data: 04.06.2025
» Local: Estádio Olímpico Nilton Santos, no Rio de Janeiro (RJ)
» Público: 19.952 pagantes; 22.800 espectadores
» Renda: R$ 1.188.650,00
» Árbitro: Edina Alves Batista (SP); Assistentes: Neuza Inês Back (SP)
e Fabrini Bevilaqua Costa (SP); VAR: Charly
Wendy Straub Deretti (SC)
» Disciplina: cartões
amarelos – Nathan Fernandes (Botafogo);
Pedro Henrique e Willian Machado (Ceará)
» Botafogo: John; Vitinho, Jair, David Ricardo e Alex Telles
(Mateo Ponte); Gregore, Marlon Freitas (Allan) e Santi Rodríguez (Nathan
Fernandes); Artur, Igor Jesus e Mastriani (Danilo Barbosa). Técnico: Renato
Paiva.
» Ceará: Fernando Miguel; Fabiano Souza (Fernandinho), Marllon,
Willian Machado e Nicolas; Fernando Sobral (Matheus Araújo), Dieguinho (Lucas
Lima) e Lucas Mugni (Lourenço); Galeano, Pedro Raul (Lelê) e Pedro Henrique.
Técnico: Léo Condé.
2 comentários:
Ontem o Botafogo pareceu estar em marcha lenta, preocupado mais em se poupar provavelmente para o mundial. Se fosse menos displicente poderia ter vencido o jogo com mais tranquilidade, mas valeu pela vitória, e mais importante, terminou entrei 6 primeiros colocados.
O futebol sempre nos surpreende, o Ceará chutou pouco a gol, mas nas duas que foram em direção do gol a bola entrou, ao contrário do Botafogo, que perdeu algumas chances e, a diferença de arremates a gol foi quase o triplo, mas ao contrário de um certo treinador, o gol não é um detalhe.
Aguardemos o que será o Botafogo com os reforços que estão chegando e com os jogadores que estão saindo, tomara que o time cresça nesse segundo semestre. Abs e SB!
Marcha bem lenta... Bastava um pouco mais de esforço no início da segunda parte e faríamos 2x0 ou mesmo 3x0 para tranquilizar. Mas parece que tem que ser sempre no sufoco para não estragar o DNA...
Sobre os reforços mantenho-me em cima do muro.
Abraços Gloriosos.
Enviar um comentário