quarta-feira, 19 de março de 2008

Meu nome é Johnny


Publico o texto integral de Roberto Porto que divulga, no seu blogue, o filme a estrear sobre o extraordinário botafoguense que foi João Saldanha, o João Sem Medo.

“Tomei conhecimento de que meu companheiro João Alves Jobim Saldanha (1917-1990) seria alvo de um filme quando André Iki Siqueira me ligou pedindo fotos do João. Falei que ele procurasse meu amigo César Oliveira, guardião digital do meu arquivo de fotografias. Na medida do possível, contribuí para a iconografia do filme. E estou lá com muito orgulho, falando do grande João.

"Mais tarde, outra grande notícia. Era tanto material, tanta informação, que André não resistiu a fazer o livro João Saldanha: uma vida em jogo (Cia. Editora Nacional, 552 páginas, R$59,00) que recebi em casa por obra e graça do LivrosdeFutebol.Com. Um livro que leva às lágrimas quem que tenha convivido com ele, lido seus textos, visto sua presença na tevê, ouvido seus comentários, torcido por suas vitórias na Seleção Brasileira.

"João foi muito mais que um comentarista esportivo: sua vida foi um filme de aventuras. “João” – o filme, me conta André Siqueira, registra os fatos que marcaram a vida de Saldanha, um homem sempre envolvido nos grandes acontecimentos do País, especialmente na luta pela democracia, no futebol e na cultura.

"João foi polêmico, carismático e popular. E, como todos sabemos, sempre imensamente apaixonado pelo Botafogo. Aliás, João não fazia nada sem paixão. Nem nas brigas, nos debates ou em família. Vivi muitas histórias ao lado dele. E outras por ouvir contar – porque João virou lenda e mito. Algumas delas eram inacreditáveis, saídas de sua prodigiosa cabeça. Outras, por conta disso mesmo, gloriosamente inventadas pelo sacana de Sandro Luciano Moreyra (1919-1987). Mas com o João, nada era impossível.

"André manda me dizer que seu filme conta os principais fatos históricos do Brasil e do mundo que tiveram influência na vida do João Sem Medo. Sua formação política e a atuação no PCB e sua ligação política internacional. O menino de pai rico que virou dirigente estudantil e do Partido Comunista. O jornalista que iniciou a carreira cobrindo a Segunda Guerra na Europa. O técnico que estruturou a Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 1970, desafiou o regime militar, mandou os generais às favas e saiu da Seleção pela porta da frente.

"Em João, tudo era superlativo. Suas frases antológicas, livros, colunas e comentários em rádios e tevês. Suas idéias sobre a modernização do futebol brasileiro, sobre a violência do futebol, a necessidade de cuidarmos das divisões de base e dos campos de várzea, eram tão revolucionárias que nem foram completamente assimiladas naquela época. Se pegarmos, hoje, uma coluna do Saldanha sobre o futebol brasileiro, vamos achar que ele está vivo e sabe de tudo. Porque ele sabia mesmo.

"Tinha uma linguagem direta, popular, simples, forte e eficaz, que criou uma escola. Era engraçado entrar na redação e vê-lo batucando furiosamente as teclas da máquina de escrever, falando com ela, ditando o texto que, ao mesmo tempo, escrevia. João era de comunicação fácil e defendia com unhas e dentes as suas idéias e ideais. Conseguiu ser quase unanimidade nacional na maior paixão brasileira: o futebol e a Seleção. Quem não gostava dele, como no samba popular, era ruim da cabeça ou doente do pé.

"Agora, André me avisa que o seu, o nosso João Saldanha foi selecionado para ser apresentado no festival “É Tudo Verdade”. Nada mais apropriado. Porque João, mesmo fantasiando, era a verdade em forma de gente.

"Que bom que André e Beto Macedo (gaúcho, torcedor e ex-diretor do Botafogo) conseguiram levar a cabo uma ampla pesquisa de imagens e entrevistas, mesas redondas e arquivos familiares, e contar com o precioso arquivo de imagens do Canal 100, lendário cinejornal de Carlinhos Niemeyer, um dos mais ricos arquivos futebolísticos que esse País já viu – e que merece todo o apoio para ser completamente recuperado e preservado como jóia.

"João será exibido pela primeira vez na segunda-feira, dia 31 de março, às 20h00, no excelente Unibanco Arteplex, da Praia de Botafogo. Tem bis na quinta-feira, dia 3 de abril, às 14h00, no mesmo local. São Paulo vai ver o filme no SESC, onde será exibido nos dias 2 de abril (quarta-feira) às 21h00; e no dia 3 de abril, às 13 horas.

"Estou esperando o convite, André e Beto! Esse, eu não perco por nada nesse mundo! E ainda vou comprar o DVD quando ele sair!

Saudações Botafoguenses,
Roberto Porto
portoroberto@uol.com.br

Ficha técnica do filme
Direção: André Iki Siqueira e Beto Macedo
Produtor associado: Roberto Berliner e Alexandre Niemeyer
Produção-executiva: Rodrigo Letier e Lorena Bondarovsky
Coordenação de produção: Paola Vieira
Direção de fotografia e câmera: Maurizio D’Atri
Trilha sonora: Sacha Amback
Edição: Pedro "Botafoguense" Bronz e Piu Gomes
Produção: TvZero
Co-produção: Canal 100”

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