Cristiano Ronaldo e Nani, ambos portugueses e oriundos das categorias de base do Sporting Clube de Portugal, fazem parte da poderosa equipa do Manchester e têm encantado a torcida, especialmente Cristiano que, em 2007, sagrou-se o segundo melhor jogador do mundo, imediatamente a seguir ao brasileiro Kaká.
Em minha opinião, Cristiano Ronaldo é o primeiro futebolista ao qual reconheço traços de Garrincha, não apenas nos dribles, mas, também, pelo simples prazer de jogar à bola e de se recrear em pleno jogo.
Por isso mesmo Cristiano já foi criticado por várias vezes. Recentemente, nos oitavos-de-final da Taça de Inglaterra, o Manchester United bateu o Arsenal inapelavelmente por 4x0 com o ídolo máximo, Cristiano Ronaldo, no banco de reservas.
Em seu lugar jogou o notável Nani, cuja exibição absolutamente arrasadora se saldou por três passes perfeitos em três gols do Manchester (um foi de escanteio) e por um gol assinalado pelo próprio Nani.
Porém, a goleada do Manchester e a exibição de Nani foram alvo de muita controvérsia, porque Nani, após o quarto gol, e durante nove segundos, decidiu abrilhantar a sua soberba exibição por um entretenimento individual que foi considerado achincalhante por um adversário completamente derrotado.
A resposta imediata a Nani foi um ‘tackle’ de Flamini ‘a matar’ e, segundos volvidos, uma agressão de Gallas, ambos os acontecimentos não sancionadas pelo árbitro.
O ‘exibicionismo’ de Nani foi condenado pelos treinadores das duas equipas: Arséne Wenger disse que Nani “foi desrespeitoso” e que não devia “repetir a gracinha”, enquanto Alex Ferguson disse que Nani “não precisava de ter feito aquilo” e já lhe chamara a atenção.
Recordo-me que no tempo de Garrincha sucedia o mesmo. O craque era advertido pelos árbitros frequentemente devido aos seus dribles e ameaçado de expulsão se os repetisse. O próprio Garrincha chamava ‘joões’ a todos os seus marcadores, como se não tivessem nome próprio e não contassem no jogo, pelo que era criticado por ser considerado egocêntrico e desrespeitador do adversário. E, no entanto, Garrincha era uma pessoa que “falava com os passarinhos” e constituía a ‘alegria do povo’ – o único jogador brasileiro que levava ao estádio torcedores de todos os clubes para o verem jogar.
O tecnicismo e os dribles de Nani e de Cristiano Ronaldo vão no mesmo sentido, e ambos são condenados por fazerem o que se considera não ser necessário fazer.
Os dribles excessivos e as comemorações ‘exaltadas’ são considerados, por uns, ingredientes que dão ‘sal’ ao futebol, enquanto outros consideram falta de respeito, de civismo, de cidadania.
No caso de Nani, até o árbitro pactuou com os agressores do jogador após a cena dos nove segundos, não assinalando as agressões, pelo que há uma ‘imposição silenciosa’ – e às vezes declarada – de como se deve ou não deve driblar os adversários.
Especialmente na Europa central e do norte esta discussão é acesa, porque apesar da qualidade futebolística de grandes jogadores europeus, pode-se afirmar, com alguma segurança, que os jogadores portugueses e brasileiros são claramente mais ‘tecnicistas’ e menos ‘físicos’ do que os europeus em geral.
Terão os jogadores menos criativos e mais ‘físicos’ o direito de impor aos mais criativos e tecnicistas o modo de driblar e de jogar?... É realmente falta de respeito, de civismo e de cidadania os dribles de Garrincha ou de Nani?...
A discussão promete continuar no futuro, porque nos fóruns da Internet a unanimidade é coisa que não existe sobre a matéria.
Uns asseguram que vão “rir à gargalhada quando um dia destes alguém lhe partir uma perna” (a Nani), enquanto outros interrogam-se se “Brasil e Portugal são equipas desrespeitosas só porque usam e abusam do jogo tecnicista?”
É caso para perguntar se quem usa e abusa do jogo ‘físico’ não será também desrespeitoso para com o adversário que tem menos capacidades físicas?... Ou quem tem mais capacidades tecnicistas tem que se limitar a não ‘abusar’ de quem possui armas quase exclusivamente no domínio ‘físico’?...
Estarão os talentos condenados à musculação da arte de jogar futebol?...
Em minha opinião, Cristiano Ronaldo é o primeiro futebolista ao qual reconheço traços de Garrincha, não apenas nos dribles, mas, também, pelo simples prazer de jogar à bola e de se recrear em pleno jogo.
Por isso mesmo Cristiano já foi criticado por várias vezes. Recentemente, nos oitavos-de-final da Taça de Inglaterra, o Manchester United bateu o Arsenal inapelavelmente por 4x0 com o ídolo máximo, Cristiano Ronaldo, no banco de reservas.
Em seu lugar jogou o notável Nani, cuja exibição absolutamente arrasadora se saldou por três passes perfeitos em três gols do Manchester (um foi de escanteio) e por um gol assinalado pelo próprio Nani.
Porém, a goleada do Manchester e a exibição de Nani foram alvo de muita controvérsia, porque Nani, após o quarto gol, e durante nove segundos, decidiu abrilhantar a sua soberba exibição por um entretenimento individual que foi considerado achincalhante por um adversário completamente derrotado.
A resposta imediata a Nani foi um ‘tackle’ de Flamini ‘a matar’ e, segundos volvidos, uma agressão de Gallas, ambos os acontecimentos não sancionadas pelo árbitro.
O ‘exibicionismo’ de Nani foi condenado pelos treinadores das duas equipas: Arséne Wenger disse que Nani “foi desrespeitoso” e que não devia “repetir a gracinha”, enquanto Alex Ferguson disse que Nani “não precisava de ter feito aquilo” e já lhe chamara a atenção.
Recordo-me que no tempo de Garrincha sucedia o mesmo. O craque era advertido pelos árbitros frequentemente devido aos seus dribles e ameaçado de expulsão se os repetisse. O próprio Garrincha chamava ‘joões’ a todos os seus marcadores, como se não tivessem nome próprio e não contassem no jogo, pelo que era criticado por ser considerado egocêntrico e desrespeitador do adversário. E, no entanto, Garrincha era uma pessoa que “falava com os passarinhos” e constituía a ‘alegria do povo’ – o único jogador brasileiro que levava ao estádio torcedores de todos os clubes para o verem jogar.
O tecnicismo e os dribles de Nani e de Cristiano Ronaldo vão no mesmo sentido, e ambos são condenados por fazerem o que se considera não ser necessário fazer.
Os dribles excessivos e as comemorações ‘exaltadas’ são considerados, por uns, ingredientes que dão ‘sal’ ao futebol, enquanto outros consideram falta de respeito, de civismo, de cidadania.
No caso de Nani, até o árbitro pactuou com os agressores do jogador após a cena dos nove segundos, não assinalando as agressões, pelo que há uma ‘imposição silenciosa’ – e às vezes declarada – de como se deve ou não deve driblar os adversários.
Especialmente na Europa central e do norte esta discussão é acesa, porque apesar da qualidade futebolística de grandes jogadores europeus, pode-se afirmar, com alguma segurança, que os jogadores portugueses e brasileiros são claramente mais ‘tecnicistas’ e menos ‘físicos’ do que os europeus em geral.
Terão os jogadores menos criativos e mais ‘físicos’ o direito de impor aos mais criativos e tecnicistas o modo de driblar e de jogar?... É realmente falta de respeito, de civismo e de cidadania os dribles de Garrincha ou de Nani?...
A discussão promete continuar no futuro, porque nos fóruns da Internet a unanimidade é coisa que não existe sobre a matéria.
Uns asseguram que vão “rir à gargalhada quando um dia destes alguém lhe partir uma perna” (a Nani), enquanto outros interrogam-se se “Brasil e Portugal são equipas desrespeitosas só porque usam e abusam do jogo tecnicista?”
É caso para perguntar se quem usa e abusa do jogo ‘físico’ não será também desrespeitoso para com o adversário que tem menos capacidades físicas?... Ou quem tem mais capacidades tecnicistas tem que se limitar a não ‘abusar’ de quem possui armas quase exclusivamente no domínio ‘físico’?...
Estarão os talentos condenados à musculação da arte de jogar futebol?...
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