sexta-feira, 27 de junho de 2008

Garrincha reencontrado


Há uns meses atrás um grupo de brasileiros caminhava pelas ruas de Covent Garden, tradicional reduto da noite londrina, sob uma chuva fina e um frio glacial de Inverno. Os viajantes resolveram abrigar-se do frio londrino num grande pub, com andar superior e banheiros na cave. Entre umas bebidas e conversa animada um dos brasileiros resolveu entornar um pouco das ‘loiras suadas’ que bebera e resolveu ir ao ‘porão’ do pub.

Após algum tempo o camarada apareceu alvoroçado, vermelho e sem fôlego. Os companheiros até pensaram que ele havia sofrido uma tentativa de assalto; ou de estupro, ou talvez um ataque de skinheads. O pessoal correu para auxiliar o bravo brasileiro, que continuava vermelho e sem fôlego.

Após um milagroso gole de cerveja belga, ele começou a articular algumas palavras, irreconhecíveis no início e, depois de algum tempo, alarmantes.

– “Fogo!” – exclamava o caríssimo amigo (que, aliás, é rubro-negro), sobressaltando os outros.

Os demais pensavam que se tratava de um daqueles terríveis incêndios londrinos, mas interrogado sobre a hipótese, o camarada negou imediatamente. Então, recuperando-se do susto, ele pôde explicar a sua história verídica, ocorrida num banheiro no ‘porão’ de um pub londrino.

Ao entrar no banheiro, o sujeito que fica guardando a porta, ao perceber que ele era brasileiro, disse:

– “Fogo!”

Surpreso ao ouvir a palavra em português, depois de dez dias de muito excuse me, sorry e thank you, passou a dar mais atenção à figura parada na frente dele, que novamente exclama:

– “Fogo!” – e perguntou ao camarada era brasileiro mesmo. Diante da resposta afirmativa do nosso companheiro, ele imediatamente perguntou:

– “Botafogo?”

O nosso diletante amigo respondeu:

– “Brazil, Praia de Botafogo?...”
– “No… Praia de Botafogo, no! Botafogo! Botafogo!” – respondeu o inglês.

O rubro-negro começou a entender de que se tratava, mas claro que demorou a convencer-se de que era aquilo mesmo e tentou fazer uma gracinha com o cidadão de sua majestade:

– “Botafogo, não! Flamengo!”

O inglês olhou para ele com cara de pouco caso e finalizou com a seguinte frase:

– “Botafogo! Garrincha! Nilton Santos! Didi! Marinho Chagas! Botafogo, yes! Good! Flamengo, no!”

O rubro-negro ainda tentou uma graça combinando palavras inglesas:

– “Men Go! Men Go! It´s English! It's the best!”

E o inglês, numa fleuma de fazer cair ao chão o queixo de Wellington ou o de Marlborough, para acabar com qualquer esperança do nosso indômito expedicionário, atalhou:

– “Mengo? What's Mengo, men? I know Botafogo, Real Madrid, Boca Juniors... What crappity smack crazy Mengo is?”

É claro que depois de tal resposta nada mais restou ao nosso amigo rubro-negro, perdido pelas ruas de Londres, senão subir correndo as escadas do ‘porão’ ao encontro do conforto amigo e brasileiro.

Os botafoguenses presentes no recinto, ao serem informados do achaque sofrido pelo brasileiro, correram ao banheiro para averiguar o ocorrido. Ao chegarem ao banheiro o inglês continuava na sua cadeirinha e, ao descobrir novos brasileiros, tornou a dizer:

– “Botafogo!”

Imediatamente, todos responderam:

– “Fogo!!!! – e o homem emocionou-se.

Um dos botafoguenses levava consigo um chaveiro com o escudo do Glorioso e ofereceu-o ao inglês. Os olhos do sujeito marejaram de lágrimas e, na despedida, todos se apresentaram ao cidadão de Sua Majestade dizendo os seus nomes. No final das nossas apresentações ele respondeu:

– “Pleasure to meet you fellows, my name is Manoel Santos, everyone here calls me Garrincha!”

Consta que depois disto o grupo de brasileiros tomou um porre memorável e todos adormeceram no hotel com a certeza de que a Estrela Solitária brilha impávida nos cinco continentes e que, façam o que fizerem, a história e a tradição do pavilhão alvinegro jamais será apagada.

Fonte
Internet (origem: Luís Paulo Corrêa e Castro, grupo de teatro Nós do Morro)

1 comentário:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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