terça-feira, 17 de junho de 2008

Ficção ou realidade?...

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Confesso que não gostei do jogo Botafogo x Internacional - de parte a parte. São duas equipas com novos treinadores, que vêm de maus desempenhos anteriores e não encontraram nem estratégia de jogo nem ritmo de andamento.

O Internacional começou por pressionar nos primeiros minutos e acabou sendo coroado por um golaço de fora da área aos 6’. O Botafogo reagiu, mas muito na base da emoção de ‘pelada’: aos 9’ Zé Carlos perde uma excelente bola dentro da área devido à sua lentidão, aos 12’ Lúcio Flávio faz um excelente lançamento para dentro da área que não é aproveitado e aos 14’ Alessandro também desperdiça o empate.

Diz-se que quem não marca leva e isso tornou a acontecer com o Botafogo aos 17’, após mais um fiasco de Leandro Guerreiro, que continua sem ritmo de jogo e sem condições de titularidade, o qual bateu a bola contra um companheiro e na sobra o Internacional marcou sem ângulo. O único sítio possível da bola passar era debaixo das pernas de Renan. E foi por aí que passou: 2x0. Dois chutes, dois gols…

Depois disto o Botafogo levou tempo a recuperar do impacto, mas conseguiu posse de bola sem eficiência – o adversário geria o placar, jogando mal também – e somente aos 39’ houve uma possibilidade de gol após um escanteio de Lúcio Flávio, mas naquele espaço da pequena área não estava ninguém do Botafogo…

Então o Internacional fica reduzido a 10 unidades por expulsão e aos 43’ poderia ter ocorrido o terceiro gol. Renato Silva, nas suas investidas ineficazes ao ataque fica caído no cão, o adversário arranca em velocidade, entra pelo sítio onde Renato devia estar e só por milagre não marcou.

Na segunda parte, com o Internacional reduzido a 10 unidades seria suposto que se criaria uma estratégia de vantagem, mas nada disso aconteceu. O Botafogo jogou a passo durante largos períodos, incapaz de romper o bloqueio adversário, a preparação física dos atletas continua a desconhecer a velocidade e a mudança de flancos e somente aos 23’ Lúcio Flávio chutou ao poste.

Com ambas as equipas sem criarem praticamente perigo na segunda parte, deve-se frisar que não tiveram estratégia de jogo. O Botafogo teve mais posse de bola no conjunto do jogo e teve mais oportunidades, mas a sua ineficácia e o chutão para a frente do Internacional fariam juz a um empate. Ninguém mereceu vencer, apesar do golaço do Internacional.

Da parte do Botafogo ainda não há fio de jogo nem envolvência e o ataque viveu quase à custa das investidas de Alessandro pela direita e das bolas paradas de Lúcio Flávio. Porém, Wellington Paulista e Vanderlei foram uma negação completa. WP tornou-se um cai-cai que começa a irritar e Vanderlei ainda não se sabe ao que veio.

De resto, a esquerda de ataque do Botafogo foi absolutamente inexistente. Zé Carlos continua lento e mau. Lúcio Flávio foi uma nulidade, excepto nas bolas paradas. Aliás, deve-se realçar que Lúcio Flávio ainda continua a contar porque o resto da equipa está bastante má. Na verdade, começa a ser preocupante que Lúcio Flávio só apareça nos penalties – que bate magistralmente –, nas faltas e nos escanteios. E em cada chute de bola parada parece menos eficiente do que no passado.

Portanto, o único jogador que podia desequilibrar não o faz nem tem quem aproveite as suas bolas no ataque. Na verdade, o Botafogo não tem nenhuma individualidade que seja capaz de driblar e desequilibrar a defesa contrária, fazendo a diferença. Por outro lado, as jogadas de equipa deixaram de funcionar desde a final da Taça Rio.

O único jogador capaz de inverter tal situação será Carlos Alberto, e com Jorge Henrique a jogar, mas ainda é necessário que outros jogadores retornem à equipa. Num grupo muito mediano, a falta de Jorge Henrique é notável, a esquerda nunca mais funcionou desde que Triguinho se lesionou e, por incrível que pareça, o melhor jogador da equipa, em minha opinião, continua na ‘geladeira’: Ferrero.

São conhecidas as razões ‘absurdas’ de Cuca para manter Ferrero na reserva – entre as quais para garantir o lugar de Renato Silva, que devia ser ocupado por Ferrero com André Luís à esquerda –, mas não se compreende que o novo treinador tenha feito as declarações que fez sobre o jogador não tendo sido responsável pela ‘geladeira’ anterior. Pareceu-me de pouco bom senso…

E na verdade, desde que Ferrero saiu, nunca mais a defesa do Botafogo saiu a jogar. Renato Silva, André Luís e os demais só praticam o chute para a frente, sem classe e sem nexo.

Não é de crer que antes do regresso de alguns jogadores o esquema do Botafogo se modifique muito. É certo que temos que dar um período de tempo a Geninho – como é curial e direito de qualquer treinador, sobretudo numa equipa que joga mal há muito tempo –, mas não se viu nada de novo ainda da sua parte: o jogo continua desarticulado, o chute para a frente impera, a qualidade de passe permanece imprópria para consumo…

Apesar de tudo poder-se-ia dizer que os jogadores se encontram focados, que estão cientes das dificuldades, que percebem que têm que agir em grupo… Mas na verdade o grupo afigura-se desfocado da realidade. Talvez eu esteja a ser muito crítico, mas não me parece que um jogador esteja focado na realidade quando marca um gol a um minuto do fim (reduzindo para 1x2) e em vez de ir buscar a bola ao gol para apressar o jogo, sai comemorando efusivamente como se fosse um gol de título… Francamente…

Continuo a acreditar que o regresso de alguns jogadores, que os reforços prometidos e que a competência e o bom senso de Geninho possam mudar o panorama…

FICHA TÉCNICA
Botafogo 1x2 Internacional
Gols: Alessandro 46´ 2ºT (Botafogo); Edinho 6’ 1ºT e Adriano 17' 1ºT (Internacional)
Competição: Campeonato Brasileiro
Estádio: Beira-Rio, Porto Alegre (RS); 14/6/2008
Arbitragem: Salvio Spínola Fagundes Filho (SP); Ednilson Corona (SP) e Vicente Romando Neto (SP)
Cartões amarelos: Diguinho, Alessandro e Leandro Guerreiro (Botafogo); Guiñazu, Ricardo Lopes, Sidnei e Magrão (Internacional)
Cartões vermelhos: Sidnei (Internacional)
Internacional: Renan, Ricardo Lopes, Indio, Sidnei e Marcão; Edinho, Guiñazú, Magrão e Andrezinho (Orozco, intervalo); Gil (Ramon) e Adriano (Guto). Técnico: Tite
Botafogo: Renan, Renato Silva, Leandro Guerreiro e Édson; Alessandro, Diguinho (Túlio Souza, intervalo), Túlio, Lucio Flavio e Zé Carlos (Eduardo e Fábio); Wellington Paulista e Vanderlei. Técnico: Eugênio Souto, o 'Geninho'

3 comentários:

Rodrigo Federman disse...

O pior de tudo é o Geninho declarar que Edson e RS continuarão sendo prestigiados contra a Lusa, meu amigo Rui.
Estou cansando...
Juro pra ti!
Abs e SA!!!

Ruy Moura disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ruy Moura disse...

Amigo Rodrigo, vou-me reservar por enquanto nas críticas ao treinador. Gostei de umas primeiras coisas e desgostei de umas segundas coisas. Vou aguardar mais para avaliar melhor, mas é claro que isso não impede críticas pontuais como a sua. Com a qual concordo.

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