sexta-feira, 16 de outubro de 2009

17 de Outubro

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No dia 17 de Outubro de 1968 os estudantes fizeram um protesto contra a ditadura militar, na Praia Vermelha, no Rio de Janeiro (foto abaixo: Correio da Manhã), tendo sido atacados pela polícia, amontoados dentro de um camburrão e levados para o estádio de General Severiano.

O presidente do Botafogo, Althemar Dutra de Castilho, insurgiu-se contra o sucedido, mas o Botafogo acabara de entrar para a história da ditadura.


1968 foi o ano mais Glorioso do Botafogo no futebol, mas também foi o ano da resistência estudantil à ditadura militar e da violência policial, culminando o ano na instauração do AI-5.

Nesse dia de Outubro milhares de estudantes manifestaram-se mais uma vez contra os algozes da democracia e acabaram com uma violenta carga policial em cima. Muitos desses estudantes refugiaram-se no edifício da Reitoria, mas a polícia invadiu as instalações após arrombar o portão de ferro com o ‘brucutu’ (veículo blindado detentor de um dispositivo que jorrava água em cima dos estudantes com o peso de toneladas). Os energúmenos a soldo da ditadura fizeram depois um corredor polonês e os estudantes foram conduzidos, sob violentas cargas de ‘porrada’, para dentro de um camburrão, conhecido como ‘coração de mãe’, porque se dizia que cabia sempre mais um.

O destino foi o estádio de General Severiano, tomado pelas forças da ditadura e sob contestação do presidente do Botafogo. No interior do estádio os estudantes foram deitados no gramado e pontapeados pelos milicos antes de serem encarcerados nas prisões da ditadura.

Ainda nesse mês foram aprisionadas mais de sete centenas de manifestantes por altura do clandestino 30º Congresso da UNE, em Ibiúna (SP), entre os quais se encontravam líderes do movimento estudantil: Luís Travassos, Vladimir Palmeira, José Dirceu, Franklin Martins, Jean Marc Von Der Weid.

Em Dezembro foi editado o AI 5, o qual, sob a capa da Câmara não ter autorizado o STF a processar o deputado carioca Márcio Moreira Alves (MDB), consistiu numa resposta da ditadura às manifestações contra o regime militar desde Janeiro de 1968. Depois disso iniciou-se, então, a luta armada contra a ditadura militar, tendo-se destacado, entre outros, Osvaldo Orlando da Costa, o ‘Osvaldão’, que foi campeão de boxe pelo Botafogo de Futebol e Regatas e um dos principais líderes da Guerrilha do Araguaia no Norte do Brasil, por volta de 1966-67 (ler mais em O Pugilista Vermelho).

Para que a memória não esqueça segue-se uma reportagem fotográfica de alguns dos acontecimentos históricos de 1968 ocorridos no Rio de Janeiro. Passeata realizada em 1 de Janeiro de 1968 (foto: O Globo):


Edson Luís Lima Souto, morto em Março pela polícia militar numa manifestação contra o encerramento do restaurante Calabouço (foto: O Globo)


Greve de estudantes universitários em 1 de Junho de 1968 (foto: Correio da Manhã):


Estudantes, intelectuais, artistas e membros do clero em manifestação contra a ditadura militar (Passeata dos Cem Mil), em 26 de Junho de 1968 (foto: O Globo):


Concentração na Cinelândia antes da passeata contra a ditadura militar em 4 de Julho de 1968 (foto: O Globo):


Passeata de estudantes em 4 de Julho de 1968 (foto: O Globo):

2 comentários:

Muga disse...

Digno Rui,
nessa trágica época o nosso Glorioso era o melhor time deste país.O Oswaldão foi um líder da grandeza de um Lamarca ou de um Marighela,só podia ser botafoguense.Nosso Botafogo encantava e o pau cantava nos
covardes porões dos torturadores.
Em 67/68 o framengu perdeu os quatro
jogos para nós(turno/returno).E fora a Selefogo que não era mole não...
Abraços!

Ruy Moura disse...

Muga, há coisas quenão se apagam da minha memória jamais. O ano de 1968 - o último ano completo em que vivi no Rio - está duplamente gravado na minha memória. Talvez por razões do destino, sempre vivi contrastes de vida, e esse ano não foi diferente: bi-bi do Botafogo e a ditadura elevada ao clímax com os massacres e o AI-5 - entre as coisas mágicas e trágicas de uma década soberba.

Abraços Gloriosos!

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