Estou zangado. Farei comentários
apenas em relação ao (mau) desempenho do treinador. Sem prejuízo de a equipe também merecer críticas.
Sou defensor de Jair Ventura ao
comando da nossa equipe de futebol. À exceção de dois ou três treinadores
brasileiros, mais nenhum se afigura com capacidades muito mais relevantes do
que o filho do ‘Furacão’. Quero que ele tenha sucesso e fique entre nós, mas parece que
temos todos que ajudá-lo a não cair nos mesmos critérios medíocres da maioria
dos treinadores no ativo.
Jair Ventura secou a nossa equipe,
escalando-a segundo pressupostos errados. Jair Ventura supôs claramente que
tendo nós podido ganhar de goleada no Equador, na nossa casa seria muito fácil
bater o Barcelona, agora líder isolado do nosso grupo, e fez uma escalação
absurda face ao modelo de jogo que vinha desenvolvendo.
Não se muda de modelo de jogo sem
mais nem menos. Isso chama-se ‘inventar’. E de cada vez que um treinador 'inventa', chame-se ele Tite, Cuca ou Marcelo, a asneira predomina.
Jair venceu estruturando uma defesa
tanto quanto possível coesa e protegida. Apostava no erro do adversário para
contra-atacar e fazer gols. Apostava em jogadas ensaiadas, especialmente em
bolas paradas, para marcar mais gols e ganhar.
Ganhávamos.
Todavia, Jair queria brilhar, sem
ter em consideração que treina uma equipe tecnicamente frágil, à parte três ou
quatro jogadores bons ou quase bons. E ainda no Brasileirão mudou de filosofia,
perdeu, voltou a perder e regressou à aposta no erro do adversário. Uma boa
estratégia para um campeonato onde todas as equipes são tecnicamente pouco evoluídas
e cometem muitos erros. Assim chegamos em 5º lugar e rumamos à Taça
Libertadores.
Seguimos o mesmo esquema e vencemos.
As maiores dificuldades ocorreram com equipes mais frágeis no campeonato
carioca, porquanto temos pouca capacidade de partir para o ataque contínuo e ‘esmagar’
o adversário.
Porém, Jair queria brilhar, dar
espetáculo e consagrar-se. Viu no Barcelona a possibilidade disso na sua
avaliação ainda muito pouco ajustada às realidades e escalou uma equipa ofensiva
com praticamente os seus três atacantes mais razoáveis, expondo a defesa ao
privilegiar o ataque. Foi apenas uma questão de seis minutos para Jair ser ‘comido’
e vinte e três minutos para ser ‘digerido’. Jair perdeu rotundamente.
Um atleta entrevistado confirmou
isso mesmo: que a estratégia era ‘matar’ o jogo logo de início…
Porém… Numa verdadeira ‘estupidez’ difícil
de se perceber, Jair ‘matou’ a equipa na escalação e simultaneamente ‘queimou’
o banco. Nenhum atacante credível ficou na reserva para eventualmente entrar na
segunda parte no sentido de virar um resultado eventualmente adverso, se fosse
caso disso.
Ontem, Jair Ventura reduziu antecipadamente o público do próximo jogo internacional no Estádio Nilton Santos.
O que aconteceu pode ser uma boa lição para Jair aprender, porque
tem IMENSO que aprender, se é que não sabe isso… Mas… quem o ouviu negar que
escalou mal e que faria exatamente o mesmo se voltasse atrás, fica muito receoso.
Ontem, Jair bateu novamente com a
cabeça na parede. Desta vez ainda de forma mais feia do que aquela de 2016 em
que mudou a filosofia de jogo e começou a perder. Se for humilde e inteligente,
aprenderá uma lição para o futuro da nossa equipe e dele próprio. Se não o
fizer, passará rapidamente à história. Sem brilho nem glória. Será mais um
treinador brasileiro igual a tantos outros sem nenhum sucesso fora das
fronteiras do país.
E, contudo, penso que tem potencial.
Uma pena se não souber ser inteligente. Espero que arrepie caminho e regresso
ao modelo de jogo que nos caracteriza e que conseguiu encaixar organizadamente
os nossos jogadores. Que estiveram am absoluto desnorte na noite de ontem…
FICHA
TÉCNICA
Botafogo 0x2 Barcelona
(Equador)
» Gols: Ayoví, aos 6' e Álvez, aos 23'
»
Competição: Taça Libertadores da América
» Data: 02.05.2017
» Local: Estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro
(RJ)
» Público: 31.435 pagantes; 34.034 presentes
» Renda: R$ 1.520.630,00
» Arbitragem: Mario Díaz Vivar (Paraguai)
»
Disciplina: cartão amarelo – Airton, Emerson, Marcelo (Botafogo) e Calderón,
Pineida (Barcelona)
»
Botafogo: Gatito Fernández,
Emerson, Carli, Emerson Silva (Marcelo) e Victor Luís; Airton (Fernandes), João
Paulo e Camilo (Roger); Guilherme, Rodrigo Pimpão e Sassá. Técnico: Jair Ventura.
»
Barcelona: Banguera, Valencia
(Erick Castillo), Aimar, Arreaga e Pineida; Gabriel Marques, Calderón (Segundo
Castillo), Alemán (Ariel) e Velasco; Ayoví e Álvez. Técnico: Guillermo Almada.
4 comentários:
Caro Rui, com esse elenco do Botafogo toda cautela é pouca. Essa derrota está difícil de digerir, ainda mais que penso que um empate, mesmo em nosso estádio, seria um resultadaço. O terceiro colocado tem três pontos, se empatássemos iríamos a oito, cinco pontos de frente faltando seis a serem disputados. Classificação bastante encaminhada.
Daniel.
Prezado Rui Moura
Jair Ventura mudou o esquema de jogo para 4-3-3. Ficamos com pouca gente no meio e eles tomaram conta do meio-campo.
Aí, eles jogaram em contra-ataque veloz.
Mas foram duas falhas na marcação (uma do Carli e outra do Emerson Silva, junto com Gatito que saiu atrapalhado do gol) que determinaram o placar de dois a zero.
Também, houve tremendo peso sobre o Airton e João Paulo, que sobrecarregados eram envolvidos facilmente pelos velozes e furiosos atacantes do Barça genérico. E em outras ocasiões Carli e Emerson ficavam no mano a mano com os caras.
Precisamos ter o Bruno Silva e Airton na proteção, o Camilo jogando mais bola e o Montillo com pelo menos 50 por cento do que já jogou,
Agora, uma observação: como o Guilherme incomoda! Parte pra dentro e é tanto arisco quanto fominha na finalização. Confesso que ele tem me surpreendido.
Saudações Alvinegras!
Humberto
Quebra Tudo Fogão!
É isso mesmo, Daniel. Eu não vou digerir. Tanto mais que apoio claramente o Jair e fiquei muito desiludido com uma certa arrogância e subvalorização do adversário. Jogar duro em todos os jogos é a única forma de respeitar os adversários, nunca os subestimo. Eu nunca subestimo ninguém antes de tempo. Estou sempre atento à vida e às pessoas. Exijo o mesmo do comandante da equipe de futebol do meu Clube!
Abraços Gloriosos.
É verdade que foram falhas, Humberto. Mas penso que todos os gols que tomamos vêm de falhas (talvez uma ou outra exceção). Então, se há falhas reconhecidas, temos que proteger a defesa. E o que, em minha opinião, o Jair fez, foi desproteger a defesa e expor excessivamente os zagueiros. O Carli raramente erra, porque errou ontem?...
Outras opiniões minhas: Montillo não me parece ter sido uma boa opção. Contratar 'velhos' não dá. A não ser que fossem 'grandes' velhos, mas esses vão ganhar dinheiro a sério no liga americana, não no Botafogo. O Guilherme é revelação, mas precisava de um treinador com experiência internacional para afinar a sua qualidade. Se não for para a Europa dentro de dois anos, perderá o seu potencial. O que o Botafogo tem que fazer é concretizar contratos 'leoninos' com os seus melhores atletas para, quando os vender, ganhar dinheiro a sério. Mas as nossas gerências nunca foram suficientemente profissionais para o fazer. Uma pena, um lamento profundo da minha parte. Como eu desejaria profissionalizar seriamente o nosso Clube. Mas o nosso presidente é contra as remunerações de dirigentes da diretoria. Mais tarde ou mais cedo isso acontecerá inevitavelmente, e estaremos perdendo anos de vanguardismo. Faremos isso quando todos o fizerem e a reboque deles. Erro estratégico, em minha opinião. Porque competir no futuro com Flamengo, Corinthians e outros protegidos, só se nos anteciparmos com a estruturação de um modelo de gestão profissional em todas as diretorias.
Peço desculpa pelos meus extensos comentários. É um defeito que tenho dificuldade em ultrapassar..
Abraços Gloriosos.
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