terça-feira, 3 de outubro de 2017

Como foi, como é, como será o nosso Clube nos próximos anos?... (II)

2016-2017

Jair Ventura, a grande novidade que surgiu como um relâmpago, após Ricardo Gomes nos deixar na linha da 2ª divisão e não demonstrando o caráter que lhe era habitual, embora tivesse alguma razão, porque as anunciadas promessas de reforços da diretoria foram sendo adiadas e nunca cumpridas. Só por isso a sua atitude pode ser relevada.

Mas Jair foi ‘apenas’ a maior surpresa deste século no futebol do Botafogo!

Jair, apesar de ir realizar o seu primeiro trabalho como técnico principal e obviamente com muitas correções a efetuar ao longo do seu percurso, conseguiu, paulatinamente, cobrir todas as áreas em deficiência e dar estrutura e consistência ao plantel.

Jair Ventura, se o futuro não me atraiçoar, é o treinador que sempre faltou ao Botafogo desde há mais de duas décadas. Jair manifestou diversas componentes que ao longo dos anos tenho realçado a necessidade:

Planejar o ano seguinte a tempo e horas, definir prioridades e estabelecer metas: Jair teve, finalmente, a coragem de não querer disputar todo com o memso objetivo, centrando-se em primeiro lugar na Copa Libertadores e em segundo lugar na Copa do Brasil, sem abandonar o campeonato brasileiro e como que desistindo do ‘carioquinha’ que a mídia considera esvaziado quando o Clube de Regatas Flamenguesa não o vence.

Jair definiu uma estratégia e um modelo de jogo; arrumou o posicionamento da equipe, geralmente muito desorganizado há vários anos; introduziu uma variação tática importante de acordo com os recursos disponíveis, tendo não apenas estruturado a equipe titular quando chegou ao Clube como ainda teve que refazer o plantel em duas ocasiões apenas no espaço de um ano, não reclamando da sorte como outros fizeram, mas enfrentando as contrariedades e refazendo permanentemente o futuro; cobra os jogadores e fá-lo de forma absolutamente imparcial, sendo direto e frontal em todas as ocasiões. Jair sabe de técnica e acresce o domínio da gestão de pessoas, fundamental para que não se seja apenas um técnico, mas um treinador completo.

Jair fez o que é elementar desde o início: privilegiou a montagem de uma defesa, garantindo tomar poucos gols; estruturou gradualmente o meio campo com os recursos disponíveis; procurou passar de um jogo mais defensivo a um jogo mais ofensivo, mas esbarrou em atacantes de baixa qualidade técnica.

Em todo o caso, foi sempre difícil jogar contra o Botafogo, e verdadeiramente ninguém conseguiu jogar a plenitude do seu futebol contra nós porque não somente o sistema tático não o permitiu, como jair conseguiu algo extremamente difícil de fazer no futebol brasileiro: montar uma equipe baseada na união e resiliente até ao último segundo de jogo.

Durante aproximadamente um ano à frente da equipe de futebol do Botafogo, Jair teve três pontos mais fracos: em certos momentos focou excessivamente em si mesmo mas foi emendando gradualmente até se tornar um líder de grupo; ainda não consegue ler completamente o jogo durante o seu desenrolar e, assim, conseguir mudar orientações em pleno jogo, embora ultimamente a sua atuação tenha sido mais visível no caso das substituições; finalmente, Jair cometeu uma gafe monumental ao criticar a chegada de Rueda ao futebol brasileiro, emendando depois para dizer que apenas queria igualdade de tratamento. Mas, efetivamente, o que Jair disse foi que a chegada de estrangeiros tirava oportunidade a treinadores nacionais, porém, se tira essa oportunidade é porque os nacionais não servem… e realmente estão fortemente atrasados, porque enquanto há jogadores brasileiros em grandes clubes europeus, não há um único treinador brasileiro em grandes em tais circunstâncias e os que antes tiveram essa benesse fracassaram rotundamente. A cada ano novas revelações de brasileiros chegam à Europa, mas nem um único treinador se destaca no ‘velho’ continente.

Em um futebol global as nacionalidades já não contam como preferência seja do que for, ou melhor, contam: quando maior mescladas, mais resultados positivos se obtém. O melhor campeonato do mundo tem treinadores estrangeiros de diversos países: Manchester United é treinado por um português, Manchester City por um espanhol, Chelsea por um italiano, Arsenal por um francês, Liverpool por um alemão… E quanto a jogadores nem se fala, começando pelos trios de ataque das provavelmente duas melhores equipes do mundo – Real Madrid e Barcelona – nas quais não há sequer um espanhol entre os seis…

Finalmente…

Finalmente, deve-se referir que Jair foi ‘traído’ pela diretoria: aparentemente ninguém acreditou que Jair conseguisse levar a equipe onde levou e não lhe reforçaram o ataque, coisa fundamental para fazermos os gols que nos levariam mais além, provavelmente com vitórias sobre o Flamenguesa na Copa do Brasil e sobre o Grêmio na Copa Libertadores. Nem se procurou contratar um homem capaz de ser o ‘dono’ do time em substituição do malogrado Montillo, cuja função seria exatamente essa. Não há desculpa: a Libertadores levou muito dinheiro ao Botafogo e o Botafogo não soube potenciar para o futuro esse fenômeno desportivo investindo no plantel. E não se tenha a costumeira e esfarrapada desculpa financeira, porque muitos outros clubes pelo mundo fora devem muito mais do que o Botafogo – o Benfica, por exemplo, tem 1,6 bilhões de reais de passivo… O dinheiro inesperadamente recebido, agregado a contratações sérias e não algumas que foram feitas, teria chegado para melhorar o plantel e seguir mais longe. Sem prejuízo de se manter a recuperação financeira do Clube.

O entusiasmo da torcida, as bilheteiras ‘gordas’ e novos patrocínios não foram minimamente refletidos em contratações na janela de transferências em agosto.

A diretoria do Botafogo foi fundamental para travar o descalabro do nosso Clube e efetuar uma primeira reorganização, mas não tem nem a visão nem a ambição necessárias para nos recolocar imparavelmente a caminho do topo do futebol brasileiro de modo consistente e permanente. Além de que o candidato da ‘situação’ a presidente já evidenciou algumas declarações infelizes antes mesmo de ser eleito…

Ademais, Carlos Eduardo Pereira foi contra reeleições no futuro – algo que o Botafogo vai pagar caro por não permitir tempo a nenhum presidente preparar o futuro a longo prazo – e, no entanto, fez uma pirueta exatamente à moda de Vladimir Putin: deixa a presidência mas, caso seja ELEITO, fica ‘mexendo’ na sombra como vice-presidente. Bem, talvez isso permita, no futuro, um mandato de oito anos para planejar o futuro – um como presidente, outro como vice-presidente. Mas transparente não é certamente…

Veremos como evolui a parte final do campeonato brasileiro, agora também sem Roger, e ‘orar’ para que Jair não tire leite de pedra, mas faça algo mais difícil ainda: tirar leite de coisa nenhuma, tirar leite daquilo que lhe deviam ter dado e não deram.

Se esta diretoria não mudar de rumo, com visão e ambição, não retornaremos à GRANDEZA a que todos aspiramos, e perderemos Jair Ventura.

Reconheço o trabalho positivo realizado, e esta diretoria vai basear-se nos resultados obtidos COM Jair para manifestar as suas capacidades, mas se não subir degraus de profissionalização da gestão, patinaremos depressa tal como no passado.

Está nas mãos da nova diretoria pensar grande, continuando a equilibrar Clube mas investindo no futuro. É elementar em economia: sem investimento não há retorno! Que a felicidade esteja connosco!

2 comentários:

Anónimo disse...

Prezado Rui Moura,

Muito bem colocado!
Pelo que venho observando há anos, ora falta um bom treinador, ora falta um artilheiro, ora falta um goleiro, ora falta dinheiro, ora falta estrutura, ora falta patrocínio, ora falta apoio da torcida. Ora bolas! Está faltando tudo? Se bem que tenho de reconhecer que em 2017 tivemos muita coisa boa, coisas que há anos não tínhamos. Mas, há de se ter profissionalismo para acrescentar o que ainda nos falta, ou havemos de descer ladeira abaixo, inevitavelmente. Que o planejamento para 2018 seja mais abrangente!
Grande abraço,
Humberto

Ruy Moura disse...

Verdade, amigo Humberto. Todo o ano falta algo porque não há profissionalismo suficiente nem competências para providenciar todos os aspetos. Falha sempre algo quando tudo e encaminha para o cimo... Em todo o caso, se tomarmos juízo, poderemos nos classificar à Libertadores. O planejamento de 2018 poderá ser bom se for feito com o Jair. Se o Jair sair, bye-bye 2018...

Abraços Gloriosos.

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