sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Perfis Botafoguenses (XII): Mendonça, 1981

Foram sete anos de clube. Ele marcou 118 gols em 342 jogos e por muito tempo foi literalmente a estrela solitária do time. Mas seu ciclo estava chegando ao final. A torcida já tinha outros ídolos, mais vibrantes e participativos que ele. Ou Mendonça mudava, ou…

por MARCELO REZENDE
Revista Placar, edição nº 1242, Set/2002, retomando reportagem de 1981.

Porque você deixou de ser aquele craque brilhante? Porque você não divide bolas, não luta? Porque você cedeu passivamente o posto de maior ídolo da torcida ao Rocha? […]

Infelizmente, cheguei a uma conclusão: você está com medo de mudar, Mendonça. […] Você não entendeu o principal: a torcida do Botafogo, forjada durante décadas por times estilistas, agora quer empenho, luta. Frustrada pelos 13 anos sem títulos, ela prefere a dedicação de um Rocha, de um Zé Eduardo, os toques mágicos que você executa quando a bola lhe chega aos pés. […]

Luís Antônio, um dos chefes da Torcida Jovem: “Sem títulos, preferimos gritar por uma equipe de luta. E essa equipe é personificada pelo Rocha, pelo Perivaldo, pelo Paulo Sérgio. Mendonça é o filho desprezado que vive ilusões de Seleção Brasileira, enquanto seus companheiros são convocados”. […]

Mas é tempo de mudar. Não tenha medo, nem repita a explicação que deu ao técnico Paulinho de Almeida: “Seu Paulo, se eu mudar rapidamente acabo sem garra e abrindo mão da técnica”. Que nada! Você pode ter as duas. […]

Você nem era nascido quando [seu pai] quebrou a perna. Ficou inutilizado para o futebol. E daí? Encheram sua infância e adolescência com essa trágica cena, mas é hora de se libertar do pesadelo.

[Zico:] “Mendonça precisa ir numa dividida e dar um bico na bola para a geral. Aí, todos vão passar a respeitá-lo mais”.

[Perivaldo:] “Nós gostaríamos de ajudar o Mendonça, mas ele é retraído, fechado. Aí, a gente tem medo de magoá-lo”.

Quando um [repórter] noticiou que Almir disputaria sua posição, você saíu logo com a clássica frase de jogador: “Isso aqui está cheio de traíra”. E no grupo a que você se dirigiu, Mendonça, os ´traíras’ defendiam sabe o quê? Mendonça titular absoluto.

[Técnico Paulinho de Almeida:] “Mendonça é um jogador do Botafogo antigo, de toques e mais toques. Falta-lhe um detalhe: combatividade. E isso ele só vai conseguir se lutar muito para se modificar por dentro”.

E nós, Mendonça, não queremos que você vá desaparecendo lentamente. Queremos o Mendonça artilheiro da Taça de Ouro com 16 gols.

Agradecimentos a Mauro Axlace, editor do blogue Aqipossa [https://aqipossa.blogspot.com] que gentilmente cedeu a informação.

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