sábado, 6 de outubro de 2018

Perfis Botafoguenses (VIII): Zé Carlos, em 1977


Zé Carlos sempre foi um exemplo de profissional no Botafogo. Desde que assumiu a camisa titular do time, em outubro de 1976, jamais esteve ausente, assim como participou das 52 partidas do Brasileiro. Orgulha-se de dizer que nunca levou três gols em um mesmo jogo.

por RAUL QUADROS
Revista Placar, edição nº 1242, Set/2002, retomando reportagem de 1977.

O jogo era cadenciado, pois o empate interessava aos dois times. De repente, Romeu, do Corinthians, é lançado e penetra velozmente na área. O goleiro Zé Carlos, do Botafogo, dá um passo adiante, no exato instante do cruzamento, para o miolo da área. Rui Rei recebe livre e fuzila. A boa passa por Zé Carlos e a torcida corintiana se levanta para comemora. Só que, como um gato, Zé Carlos dá um felino salto atrás e segura a bola. Aplausos delirantes.

Semanas depois no mesmo Maracanã, jogo corrido: o Grêmio vence por 1x0 e o Botafogo demonstra apatia. De repente, Renato Sá apanha uma bola na lateral da área. O goleiro Zé Carlos dá um passo adiante, esperando o cruzamento. Só que a bola entra direto no gol, às suas costas. Era a melancólica despedida de uma invencibilidade que durou 52 partidas.

– Nunca levei três gols num jogo, em toda a minha carreira – diz o goleiro. – Nem nos juvenis. […]

No caminho, relembra os dois lances: […]

– Você vê. As jogadas foram muito parecidas. Contra o Corinthians, saí certo e evitei o gol. Contra o Grêmio, a mesma coisa. Só que o rapaz bateu forte. Com sorte, claro. A bola passou entre mim e a trave. Quer saber de uma coisa? Eu falhei no gol – e não estou aqui para arranjar desculpas. […]

A partir, mais ou menos, dos 35 minutos de jogo, o time jogava mais preocupado em manter uma invencibilidade improdutiva. Vários jogadores ficavam preocupados com isso. Achavam que o empate era bom, mas não era. Havia jogadores, também, que achavam que de empate em empate acabaríamos desclassificados. […]

Houve um momento em que Zagalo apelou. […] Mas já era tarde. Com apenas duas vitórias na fase final, o Botafogo se despedia do título. […]

Zé Carlos foi o único jogador integralmente invicto. Isto é, participou de todas as 52 partidas, sem ser substituído em nenhuma delas. Mais: desde que vestiu a camisa titular, em outubro de 1976, jamais esteve ausente do time. […]

O que lamento, profundamente, é que o nosso time esteja fora das semifinais. […] Tudo por causa de uma boba invencibilidade.

Agradecimentos a Mauro Axlace, editor do blogue Aqipossa [https://aqipossa.blogspot.com] que gentilmente cedeu a informação.

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