quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Perfis Botafoguenses (XIV): Garrincha, 1983

Ele não foi uma paixão exclusiva da torcida do Botafogo, mas sim de toda uma nação. Mas os botafoguense tiveram o privilégio de contar com o gênio de pernas tortas e dribles desconcertantes em seu time. Garrincha morreu três meses depois de PLACAR promover um histórico encontro entre ele e Pelé.

(Sem autor declarado)
Revista Placar, edição nº 1242, Set/2002, retomando reportagem de 1983.

A notícia da morte de Garrincha dada pelo Times, de Londres, apareceu ao lado do necrológio de um professor da Universidade de Cambridge, Walter Ullmann, que contribuiu imensamente para o estudo da História Medieval. O Times referiu-se aos encantos do futebol de Garrincha. […] Só se esqueceu de mencionar que Garrincha foi também um notável contribuinte da História, no ramo do futebol, como um capítulo especial e incomparável. […]

O financial Times, onde notícias de exporte são raridade, encontrou espaço na sua primeira página e informou: “Little bird dies”. […]

No Daily Telegraph, o cronista Donald Saunders recordou que “na tarde de um domingo em Viña del Mar, Chile, nem Ray Wilson, talvez o melhor lateral-esquerdo que já vestiu a camisa de Inglaterra, Pôde enfrentar a magia de Garrincha”. […]

[Ray Wilson:] Garrincha era tão rápido, tão esperto, que mesmo encurralado num espaço mínimo transformava esse espaço numa imensidão, sempre com a bola nos seus pés, como que atraída por gravitação. E você sabe que eu fiquei feliz com minha atuação, embora isso soasse absurdo?” […]

“Era impossível marcá-lo, define [o checoeslovaco] Novak. “Era um jogador imprevisível, a gente nunca sabia o que ele ia fazer com a bola. E ele era limpo, correto. Dava até orgulho tentar marcá-lo.” […]

Gunnar Grenn, armador da Seleção que foi vice em 1958, comparou: “Ele, no lado de vocês, e Skolung, do nosso lado, foram os grandes astros daquela Copa. […] Garrincha foi o maior mestre do drible de todos os tempos, um gênio da bola como jamais existirá outro”. […]

O lendário Uwe Seeler, […] lembra Mané como “alguém de rara categoria mundial”. […] O espanhol Abelardo […]: “Não sei quantos de nós tcveram as pernas retorcidas por Garrincha, mas num Mundial isso foi motivo de orgulho, porque ele fazia, do nosso futebol, algo para se ter orgulho”. […]

Puskas lamentou “a perda de um grande amigo”. […] Bobby Moore, campeão do mundo em 1966 e titular também em 62, apenas suspirou: “Ah, que grande jogador ele era… Dele, todos nós, que jogamos contra o Brasil em 1962, guardamos uma lembrança reverenciosa, apesar do fato de ter sido o homem que nos derrotou”. […]

Mané morreu. […] Que bom seria se ele pudesse ter visto a multidão que se comprimiu ao longo dos 56 km da estrada que liga o Rio a Pau Grande. Eram pessoas humildes, roupas simples no corpo, cohendo flores nos canteiros e lançando sobre o caixão. […]

Finalmente, às 12h45 de sexta-feira, Mané Garrincha foi sepultado, sob os olhares de milhares de fãs.

 Pelé não apareceu. […]

Garrincha foi único, mágico, inimitável. Na terra, Alegria do Povo. No céu, passarinho liberto, há de zelar por nós.

Agradecimentos a Mauro Axlace, editor do blogue Aqipossa [https://aqipossa.blogspot.com] que gentilmente cedeu a informação.

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