Guarnição do
Botafogo venceu a regata em 1964 no barco Jurubatuba
Do leitor e
ex-remador Vitor Russo, recebemos uma mensagem que resgata essa importante
competição de remo que acontecia numa época em que a cidade, ao que tudo
indica, estava mais voltada para o privilégio de ser banhada pelo Guaíba. Diz ele:
“É sempre bom recordar, e seus comentários
nos levam a um passado com muitas lembranças! Fui remador do Grêmio Náutico União por 16 anos,
mais ou menos, entre 1964 e 1981. Gostaria de registrar que, na década de 1960,
existia uma tradicional prova de remo no Guaíba. A competição era muito esperada e tinha uma
grande repercussão nacional, pois o percurso da prova era de 7 mil metros — até
onde sei, a única no mundo com essa distância.
Esse evento era sempre cercado de grande
expectativa pela população e pelos clubes e dava início ao calendário de provas
de remo em Porto Alegre. O patrocínio era do Banco Industrial e
Comercial do Sul S.A. (Sulbanco). Dois meses antes da prova, o banco já
começava a divulgação com uma ampla exposição dos troféus dos vencedores dos
anos anteriores, que culminava com um jantar de confraternização entre os
atletas dos clubes de remo da Capital.
A regata Sulbanco
era a prova principal do remo gaúcho
Além disso, havia a participação de um clube de
fora do Estado (uma guarnição carioca era a preferência) que vinha como
convidado. O Botafogo de Futebol e Regatas, equipe do Rio de Janeiro
convidada em 1964, abrilhantou especialmente a regata, ganhando a prova com
larga vantagem. Eles cumpriram o trajeto em 25 minutos e 56 segundos, mesmo
depois de viajarem em um ônibus por quase 30 horas. O timoneiro foi Manoel
Marin e o barco (emprestado pelo Vasco da Gama de Porto Alegre) se chamava
Jurubatuba. Foi realmente empolgante!
A competição era acompanhada por muitos
torcedores postados na margem ao longo de todo o percurso de sete quilômetros,
pelos cais Navegantes e Mauá. A largada foi entre a Ilha do Oliveira e o Canal
do Humaitá, passava por baixo da ponte, com a chegada no portão central do cais
do Porto, no centro da cidade, assistida por uma empolgada multidão.
O barco em questão era um clássico para oito
remadores, com sincronia absoluta. Muito lindo.
Foi uma pena terem acabado com esse evento, que
se realizou entre 1959 (para celebrar a inauguração da ponte do Guaíba) e 1972. O banco
já nem existe. Os dirigentes, na época, não tiveram uma visão futurista e,
assim, deixaram de dar continuidade com outro patrocinador, perdendo a
oportunidade de torná-lo um evento internacional, em razão do percurso longo”.
Pesquisa de Rui Moura (editor do blogue Mundo Botafogo); Fonte: https://gauchazh.clicrbs.com.br/cultura-e-lazer/noticia/2018/11/leitor-do-almanaque-relembra-a-regata-sulbanco-famosa-na-decada-de-1960-cjot505gl0fxy01pikdwckwo1.html
5 comentários:
..que excelente registro..tudo era realizado com muita fibra e dedicacao..viajar 30horas e ainda irradiar tanto brilho..o esporte é mesmo libertador..é uma pena deixarmos no ostracismo essas e outras competiçoes Brasil a fora.tantos talentos..jovens perdidos.
.para aplaudirmos,cívicos, a meia duzia de esportistas cuidadosamente controlados pela midia..Abraços gloriosos caro Rui
Também adorei o registro, Filipe. Éverdade tudo o que diz. Um país tão grande e com tanta gente bem que poderia ser mais diversificado no apoio e deenvolvimento dos esportes. Mas... vai tudo para o futebol, o futebol, o futebol... Até cansa... O futebol afunilou o gosto dos adeptos dos esportes e tornou-os uniesportivos... Uma pena...
Por mim, gosto dos esportes em geral, especialmente atletismo, remo, polo aquático, voleibol, futsal, handebol, turfe, ciclismo, hóquei... Também do futebol, claro...
Abraços Gloriosos.
Nota: não sou torcedor de time, sou torcedor de CLUBE!
Participei dessa prova pelo Clube de Regatas Almirante Barroso, no Barco "A". Ficamos em quinto ou sexto lugar. O Botafogo veio com uma guarnição de jovens remadores e seu treinador e timoneiro de apelido "Vage". Ficaram na raia ao lado da nossa. A remada do "Bota" era baixa, curta e potente. A cada remada fazia um ronco característico de poder e competência. Já em baixo da ponte o G N União estava na frente e cantando a vitória. O "Bota" foi gradativamente ganhando água e ganhou com facilidade. A remada do Botafogo foi ensaiada por aqui. Abraços a todos os remadores dessa época.
Obrigado pelo depoimento, companheiro!
Abraços Gloriosos.
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