por GUILHERME
JOSÉ MOTTA FARIA
Doutorado em História
Revista
Mosaico – Ano 4 – Edição 2014 – Excertos
das páginas 78 e 86
A força das mulheres do Salgueiro
Os papeis desempenhados pelas mulheres, tanto nos desfiles,
quanto no cotidiano do ciclo anual carnavalesco do GRES Salgueiro sempre foram relevantes. Por sua atuação, as mulheres
salgueirenses despertaram o interesse da imprensa e a resposta calorosa do público. Isabel Valença, As Irmãs Marinho, Paula, Narcisa e Mercedes Batista
foram figuras destacadas na
história da agremiação e era grande a expectativa de suas performances quando a escola despontava na avenida.
Entre elas,
uma conquistou um espaço maior
na memória dos antigos integrantes e, sobretudo, na imprensa, não só por sua presença exuberante nos desfiles, mas também por representar um símbolo de quebra de barreiras e preconceitos sociais. Dessa forma, Isabel Valença, aclamada
no carnaval carioca
como a eterna “Chica da Silva” se perpetuou no seleto grupo de agentes
sociais que transcenderam o espaço do noticiário anual
sendo içada ao posto de ícone
do carnaval carioca.
Mas, quem
foi Isabel Valença? Qual a sua história e trajetória? Porque
ela se tornou um dos
símbolos maiores da escola de samba GRES
Salgueiro e o posto eternizado de destaque de carnaval? Por que a lembrança de sua presença
é ainda evocada
pelos antigos sambistas da escola? O jornalista Julio
César de Barros,
narrou assim a trajetória de Isabel Valença:
Há 20 anos morria Isabel Valença.
Um mito entre os destaques carnavalescos e campeã em desfile de fantasia do Teatro Municipal, no Rio, ela ficou marcada como a mais perfeita Chica da Silva
que já pisou
o asfalto durante
o Carnaval. Isso em
1963, num tempo em que não se recrutavam destaques entre os famosos
da TV. Tempo em que os destaques saiam
no chão, desfilando entre passistas e alas
de evolução e não sobre carros alegóricos. A mulata era bonita, tinha
personalidade e era
a mulher do homem forte
do Salgueiro, Osmar
Valença. (http://veja.abril.com.br)
O jornalista carioca
Claudio Vieira foi citado por Barros para
apresentar como foi impactante o desfile do Salgueiro e a performance de Isabel Valença
como a personagem título do enredo,
Chica da Silva.
“O Salgueiro investira 40 milhões
e 200 mil cruzeiros naquele
desfile. Só a fantasia
de Chica da Silva, usada
por Isabel Valença,
custara 1 milhão
e 300 mil. A peruca, criação de Paulo Carias,
media um metro
e dez de altura, ornada
de pérolas. A roupa tinha uma cauda de sete metros de comprimento e anáguas com armação
de aço, quando
o normal seria
arame. Chica
seria representada pela
atriz Zélia Hoffman, famosa vencedora de concursos de fantasias do Teatro
Municipal. [...].
(Ibid, id.)
A análise de Barros
corroborou com o consenso criado
em torno de Isabel Valença e seguiu narrando episódios onde esse efeito tornou-se geral, expandindo das
classes sociais de onde Isabel
fazia parte até as esferas
de nobreza dos países europeus. Julio exaltou a trajetória de Isabel Valença, que
inevitavelmente estabelece paralelos com a história da sua
personagem Chica da Silva.
Assim, a sambista e a personagem
se fundiram numa só lenda carnavalesca. Ao ponto de Isabel ser convidada para, vestida de Chica da Silva, participar da recepção a
Lord Moutbatten, o bisneto da Rainha
Vitória, que visitava o país. (Ibid.id)
Nota: o
editor do Mundo Botafogo é adepto do Acadêmicos do Salgueiro desde que Isabel
Valença desempenhou o papel de Chica da Silva.
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