quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Nilton Santos, a enciclopédia do futebol

por ANDRÉ MARTINEZ

algmartinez@bol.com.br

No passado, o lateral que ultrapassasse a risca do meio campo era prontamente sacado da equipe. Mas um grande lateral esquerdo, o maior de todos os tempos, quebrou esta regra. O senhor Nilton dos Santos, nascido no dia 16 de maio de 1925, na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, foi o maior da posição da história do Botafogo e do futebol mundial. Desde os 14 anos de idade, o jovem Nilton Santos, filho do pescador Pedro e da servente de escola Josélia, já era considerado como ídolo e craque na Ilha do Governador, atuando pela equipe do Flexeiras Futebol Clube, nome do modesto bairro em que morava, a Praia das Flexeiras.

Nilton aprendeu muito como pai a arte da pescaria, mas o que ele gostava mesmo de fazer era jogar futebol. Porém, o craque precisou deixar de lado o seu exporte favorito para ajudar financeiramente sua família. Decidiu então arrumar emprego como garçom num hangar norte americano instalado na Ilha do Governador durante a Segunda Guerra Mundial.

Ele gozava de alguns privilégios junto aos seus superiores, já que se tratava do então melhor meia armador do time do quartel. Após o fim do serviço militar, o Major Honório decidiu que o colocaria em um time profissional, então Nilton Santos foi realizar um teste no Fluminense, porém, se sentiu encabulado ao lado de grandes jogadores como Ademir de Menezes e Rodrigues, e acabou voltando à Ilha do Governador.

O São Cristóvão tentou contratá-lo, porém, foi aconselhado pelo major a não assinar com uma equipe pequena. Sem desistir de seu ideal, Nilton Santos foi levado ao Botafogo, onde marcaria época atuando como um moderno lateral esquerdo.

No Botafogo, o craque atuou e encantou em 718 partidas (o que o faz ser recordista de jogos com a camisa do clube) anotando 11 gols, conquistou o Campeonato Carioca de 1948, 1957, 1961 e 1962, além do torneio Rio-São Paulo de 1962 e 1964.

Nilton Santos esteve em campo com a camisa da Seleção Brasileira, disputando quatro Copas do Mundo nos anos 1950, 1954, 1958 e 1962, em 85 partidas, anotando 4 gols. Conquistando o bi em 58 e 62. No ano da conquista da Copa do Chile, o craque recuou de posição, passando a atuar como quarto zagueiro.

Em 1964, Nilton Santos resolveu se despedir do futebol aos 39 anos de idade. A última vez em que “A Enciclopédia do Futebol” entrou em campo profissionalmente com a camisa do Botafogo aconteceu no dia 16 de dezembro de 1964, na vitória do Glorioso por 1 a 0 contra o Bahia. Após se despedir dos gramados, o velho ídolo de General Severiano, também se tornaria estátua na entrada da sede social no clube.

8 comentários:

Sergio disse...

estava no Maracanã nesse jogo, meu pai me levou porque era fã do Nílton Santos. Dos jogos que vi quando criança esse ficou marcado na minha memória, tinha 9 anos e me lembro até hoje do lance do gol: Falta para o Botafogo na intermediária, Gérson toca para o Mura que cruza na medida para a cabeçada de Roberto Miranda, gol do Fogão. Fui no Youtube para relembrar esse gol, bons tempos em que o Botafogo montava grandes times, e que sorte de ter visto muitos desses times. Não sou saudosista, mas vendo o Botafogo atual, bate a saudade. Abs e SB!

Ruy Moura disse...

Também não sou saudosista, Sergio, mas que botafoguense, santista, palmeirense ou cruzeirense não terá saudades das fabulosas equipes desses tempos? As grandes máquinas de produzir futebol no Brasil já não existem. Nem sequer a badalada equipe do Flamengo é uma máquina. E isso diminuiu a competitividade e o futebol arte. Craques por aqui não existem, estão todos na Europa, a não ser os que vêm para acabar os dias no futebol brasileiro, que ainda é lento e facilita o desempenho dos 'velhotes'.

Abraços Gloriosos.

leymir disse...

Olá Ruy e Sérgio!

Muito bom ler as histórias do Sérgio, são momentos como esse do Sérgio quando criança que nos faz ser tão apaixonados por nossos clubes!

Qual foi o teu momento ainda criança Ruy?

O meu foi o Fla x Flu do "bichado" em 1986, tbm levado pelo meu pai.

Abraços!

Ruy Moura disse...

Leymir, na criancice recordo a final do Carioca de 1962 - o tal do Gérson perdido com os dribles do Garrincha -, mas na década de 1960 há muito momentos bons, havendo um inesquecível na minha juventude: Campeonato Carioca de 1968, Botafogo 4x0 Vasco da Gama, Maracanã com mais de 140.000 pessoas (neste momento arrepiei-me ao escrever isto). Eu tinha 17 anos e foi o meu vascaíno pai que me levou ao jogo.

Mais recentemente (século XXI), em que as Glórias no futebol botafoguense são escassas, dois acontecimentos ao vivo me ficarão na memória: fui à inauguração do Engenhão como estádio do Botafogo (BFR 1x0 River Plate) e passei uma tarde completa com Nilton Santos.

Sem ser ao vivo, o meu momento século XXI foi a final de 2010 BFR 2x1 CRF, que me decici não ver porque esperava que a arbitragem entregasse o tetra ao Flamengo (desculpe a minha sinceridade), nem sequer tive coragem de ver os momentos finais e fui para a rua até calcular que o jogo tinha terminado. Depois... bem, depois vi a cavadinha de Loco Abreu sentando o insuportável Bruno no chão. E uma memorável defesa de Jefferson na penalidade do Adriano. Inesquecível!

Mas não esquecer que outras Glórias não futebolísticas (sou mais adepto olímpico do que de futebol) estão na minha memória de criança: as conquistas do remo, do polo aquático, do vôlei e do basquete - a par do futebol e do futsal são os 4 desportos que mais gosto no BFR.

Abraços Gloriosos.

leymir disse...

Ruy meu amigo!

Todas as vezes que a arbitragem é tendenciosa a favor do Flamengo eu me envergonho, pode acreditar que prefiro a derrota.

Eu tenho vergonha de 2007, em 2014 não tenho vergonha do gol do Márcio Aruojo porque no momento lhe confesso que não vi, mas tenho do mesmo campeonato uma bola que entrou a favor do Vasco numa cobrança de falta e o juiz fingiu que não.

2007 você pode não acreditar, mas queria que o Botafogo tivesse vencido nos penais porque achei injusto.

2008 e 2009 eu achei a arbitragem confusa para os dois lados, e o BFR perdido psicologicamente pelo que aconteceu em 2007, aquela reação na TG de 2008 mostrou o abalo daquele grupo que jogava sim mais futebol que o CRF, eu acho que se 2007 seguisse seu rumo normal teríamos 2 títulos do Botafogo e um do Flamengo, não um tri rubro negro.

Escrevi só pra deixar claro minha posição, mas vamos voltar para o seu texto.

Você viu ao vivo um jogo que está no imaginário de Rubro e Alvi Negros, esse Fla vs Bota de 62 do Garrincha rende até hoje, meu avô foi a esse jogo e apesar de ter assistido a derrota de seu time me disse que não conseguiu evitar os risos com o pobre do Gerson, aliás, João né? Hehehe

Vc escreveu no blog o sobre esse dia com Nilton Santos, se sim por favor deixa o link e caso não tenha escrito pense no assunto.

Sobre 2010 tbm não vi o jogo, estava viajando e impossibilitado mas foi um campeonato que o BFR venceu os dois turnos de forma inabalável.

E o Flamengo era o atual campeão brasileiro, 2010 tinha tudo para ser um bom ano mas foi horripilante e isso devemos ao deplorável Bruno.

Gostaria de conversar mais sobre os esportes olímpicos mas ainda tenho pouco conhecimento sobre estes e por isso acabo falando mais de futebol.

Grande abraço!

Ruy Moura disse...

Sim, Leymir, também não gosto que o meu Clube ganhe com favores. Eu tenho um grande espírito olímpico. Assisto às Olimpíadas, aos campeonatos mundiais e europeus de atletismo, e o lema 'Citius, Altius, Fortius' devia ser levado à letra para que a transparência desportiva fosse uma realidade. Desporto é profissão de muitas pessoas, e um árbitro adulterar grosseiramente um jogo é roubar o esforço do trabalho dos atletas que tanto lutaram para a vitória. E para mim TRABALHO é algo de quase 'sagrado'.

Endereço da visita a Nilton Santos no blogue:
https://mundobotafogo.blogspot.com/2009/04/destino-nilton-santos.html

Grande Abraço!

leymir disse...

Linda matéria com Nilton Santos, imagino a felicidade por ter essa oportunidade.

Parabéns!

Ruy Moura disse...

Verdade,Leymir, foi uma tarde muito feliz mesmo!

Garnde Abraço.

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