por RUY MOURA
Editor do Mundo Botafogo
O Botafogo teve, talvez, a
pior primeira parte da temporada, jogando coisa nenhuma. Entre os 10’ e os 14’
parecia que a equipe engrenaria no jogo, apesar de passes demasiado longos e
atacantes perdendo o tempo de bola ou chutando equivocadamente. Porém, logo o
Nova Iguaçu tomou conta do jogo, fazendo a bola rolar na grama, pressionando o
Botafogo, que era incapaz de sair jogando, e assegurando maior posse de bola.
O Botafogo limitou-se a
buscar contra-ataques, mas inócuos, com chutão direto da defesa para o ataque,
porque as suas linhas estavam distantes uma da outra, o meio campo botafoguense
criava zero e não se sabia por onde andavam Fabinho e Raí. O único que remou
contra a maré adversa foi Matheus Nascimento, isolado no ataque e tendo que ir
atrás buscar a bola que não lhe davam.
Se de um lado o Botafogo não
tinha potencial de passe eficiente e no ataque apenas o sacrificado Matheus
Nascimento estava inconformado, do outro lado a posse de bola era mansa. O Nova
Iguaçu jogou diversas vezes dentro da área do Botafogo, mas perigo verdadeiro
não criou, porque os chutes ou iam para fora ou bem fracos à figura de Gatito.
Ataque muito fraco em matéria de remates, justificando a lanterna vermelha no
campeonato carioca.
Só em um momento houve
realmente perigo, e a favor do Botafogo. Ronald recebeu um lançamento que
certamente permitiria inaugurar o marcador, e que a incompetente assistente
assinalou impedimento inexistente, porque não viu, ou não quis ver, a
antecipação de Ronald à defesa adversária, ficando cara a cara com o goleiro
adversário. Fora isso, foi um justo zero a zero ao fim da primeira parte,
apesar da melhor organização do Nova Iguaçu.
Na segunda parte Enderson
manteve a mesma equipe que saiu para o intervalo, mas quem criou perigo foi o
Nova Iguaçu aos 54’ com um remate raspando o poste. O Botafogo continuou com
infantis perdas de bola e Enderson resolveu arriscar logo aos 60’ e mudar a
equipe, retirando um meia e refrescando o ataque.
E em dois minutos apenas a
equipe arrancou para o ataque, reforçado por Erison e Luiz Fernando, Matheus
Nascimento recebeu a bola de Jonathan Silva dentro da área, rodou genialmente à
frente do seu marcador e disparou para um golaço! Botafogo 1x0.
Poucos minutos depois, aos 77', Matheus Nascimento tornou a receber a bola dentro da área e, na passada, tocou de letra para ampliar o resultado. Novo golaço! Botafogo 2x0.
As substituições mudaram o
jogo e Matheus Nascimento recebeu finalmente bola e tornou-se o melhor jogador
em campo, sobretudo pelo brilho individual nos dois gols, já que jogo coletivo
houve muito pouco. O Botafogo passou a controlar a partida, embora continuasse
praticamente sem criar, e o Nova Iguaçu manteve o mesmo esquema: muito
organizadinho e muito ineficientezinho.
É certo que há desfalques
importantes, como Carli, Chay e Carlinhos, mas ainda assim o Botafogo mostra
muitas oscilações. Vinha melhorando, e neste jogo estagnou em termos de
progresso. Enderson Moreira precisa de rever diversas metodologias de treino,
posicionamento em campo, dinâmica de jogo, etc. Se a equipe quer ser
competitiva proximamente, urge contratar reforços.
Ainda assim, é Líder.
FICHA TÉCNICA
Botafogo 2x0 Nova Iguaçu
» Gols: Matheus Nascimento,
aos 62’ e 77’ (de letra)
» Competição: Campeonato
Carioca
» Local: Estádio Olímpico Nilton Santos, o ‘Niltão’, no Rio de Janeiro
(RJ)
» Data: 07.02.2022
» Público: 1.595 pagantes; 1.720 espectadores
» Renda: R$ 49.818,00
» Árbitro: Tarcizo Pinheiro Caetano (RJ); Assistentes: Thiago Rosa de
Oliveira Esposito (RJ) e Andréa Izaura Maffra Marcelino de Sá (RJ)
» Disciplina: cartão amarelo – Daniel Borges, Jonathan
Silva, Matheus Nascimento e Luiz Fernando (Botafogo) e Luís Henrique, Rafinha,
Rodrigo Andrade e Samuel Granada (Nova Iguaçu)
» Botafogo: Gatito Fernández; Daniel Borges, Kanu, Lucas
Mezenga e Jonathan Silva (Hugo); Breno (Barreto), Fabinho (Erison) e Raí; Diego
Gonçalves, Matheus Nascimento (Kayke) e Ronald (Luiz Fernando). Técnico:
Enderson Moreira.
» Nova Iguaçu: Luís Henrique; Léo (Digão), Gabriel Pinheiro,
Gilberto e Rafinha; Vinicius Matheus, Vandinho (Rodrigo Andrade) e Dieguinho
(Abuda); Andrey (Yan), Luã Lúcio (Dedé) e Samuel Granada. Técnico: Carlos
Vitor.
2 comentários:
Seus comentários são sempre muito bons, de uma lucidez tremenda, poderias ser comentarista em qualquer programa esportivo de alto nível, coisa que falta atualmente no país.
Outro dia escrevi sobre um dos problemas da base ser a falta de referência nos profissionais, mas me recordei que no passado o futebol do Botafogo era uma escola na qual todas as categorias tinham um estilo de jogo parecido e desta maneira os que acendia as categorias superiores não sentiam tanta diferença, ao contrário, hoje os que sobem tem que se adaptar a estilo diferente daqueles que estão acostumados na base. Veja o caso do MN que é bom jogador mas está sendo sacrificado por dois motivos: não recebe bolas para conclusão e é obrigado a voltar quase na sua intermediária, totalmente diferente do que fazia no sub 20. Outro é o Raí, que no sub 20 tinha liberdade de movimentação e com quem dialogar, ontem estava completamente perdido sem achar sua posição em campo. Infelizmente a base do Botafogo é muito mal orientada, e estranhamente há um sem número de torcedores que desqualificam o quanto podem os jogadores oriundos da base. Coisa muito estranha.
para quem está subindo jogar com um número expressivo de jogadores sem talento como é grande parte dos titulares no jogo de ontem é muito complicado. outro detalhe: pelo que demonstrou até o momento o Erison não pode ser banco, é inexplicável. Abs e SB!
Bondade sua, Sérgio. Sou apenas um mero espectador que ama e sente o Botafogo, e talvez por isso consiga ser lúcido porque associo esse paixão a um rigoroso controlo analítico (portanto, de natureza racional) exigível para que se alcance o sucesso. Não há sucesso sem muito trabalho, muita dedicação comportamental e indiscutivelmente muito uso da racionalidade.
Partilho dessa opinião sobre estilo de jogo uniformizado. Lembro-me que, por exemplo, há uns anos o Porto praticava o sistema 4-3-3 desde os infantis até à equipe principal. Os treinadores eram escolhidos por usarem tal sistema; a direção não admitia um treinador com outro sistema.
Pelo menos em relação aos atletas mais promissores é necessário um rigoroso plano de acompanhamento para não se perderem como o Luís Henrique em 2015. Exigiram a um rapaz de 17 anos que comandasse o ataque botafoguense e deu no que deu. Em outros casos desposiciona-se o atleta em prol do esquema de jogo do treinador, e isso prejudica a equipe e o atleta. E o te«reinador acaba caindo fora devido a maus resultados.
E é claro que o Erison tem características que mais ninguém tem na equipe, e como uma boa equipe é aquela em que cada qual desempenha funções diferentes, e tanto melhor se desempenhadas com originalidade dentro da equipe, então o Erison deve ser encaminhado para titular. Na verdade, se Enderson souber gerir estas capacidades e competências, já tem cerca de meia equipe titular para o Brasileirão. Faltar-lhe-ão talvez cinco reforços.
Abraços Gloriosos.
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