terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Jair Bala: uma ‘arma’ apontada ao ‘inimigo’

Jairzinho e Jair Bala, no Maracanã. Crédito: Revista do Esporte n. 237, 21.09.1963.

por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo

Jair Félix da Silva, o ‘Jair Bala’, nasceu a 10 de maio de 1943, em Cachoeiro de Itapemirim, estado do Espírito Santo, e faleceu a 27 de dezembro de 2022, em Belo Horizonte, estado de Minas Gerais, tendo atuado como meia e ponta esquerda no futebol brasileiro. Media 1,80m de altura e era esquerdino.

Tendo herdado do pai Zózimo Félix da Silva, conhecido como ‘Batata’, ‘craque’ da equipe amadora da ferrovia, a habilidade de se familiarizar com a bola, o atleta iniciou-se no futebol ainda menino, no Estrela do Norte (1953-1959).

Em 1960, Fleitas Solich, técnico do Flamengo, gostou de Jair Bala durante um amistoso que o rubro-negro fez contra a equipe dele em solo capixaba e levou-o para os juvenis do Flamengo (1960-1963).

Foi no Flamengo que Jair juntou ao seu nome o apelido ‘Bala’ quando acidentalmente foi baleado por um funcionário do clube, tendo a bala ricocheteado no chão e se alojado junto à virilha esquerda. Os médicos entenderam ser melhor não extrair o projétil, que ficou alojado em local ignorado até ao último momento da sua vida. Passou a ser conhecido por ‘Jair da Bala’ e depois, abreviadamente, ‘Jair Bala’.

Em 1963, meio chateado com o novo treinador Flávio Costa, que poucas vezes o escalava, Jair Bala transferiu-se para o Botafogo, assinando o seu primeiro contrato como profissional. Ao lado de Garrincha, Nilton Santos, Zagallo, Jairzinho, Amarildo, Quarentinha e tantos outros craques, o atleta mostrou-se elegante no trato da bola e mereceu a atenção de Nélson Rodrigues na sua coluna «À sombra das chuteiras imortais»:

“(…) Se Jair fosse simplesmente Jair, estaria apodrecendo na obscuridade. A toda a hora, em toda parte, nós esbarramos, nós tropeçamos num Jair qualquer. (…) Contra o Madureira, o nosso Jair se disparou realmente como um tiro. Desde o primeiro minuto, foi uma arma apontada para o peito do inimigo. E todos percebemos, em General Severiano, que nunca um Jair fora tão bala. A autenticidade dos apelidos, que nunca existe nos nomes.”


Crédito: Arquivo Informativo Santa Efigênia.

Jair Bala estreou pelo Botafogo contra o São Paulo, a 23 de março de 1963, em empate por 1x1, gol de Amarildo, tendo a equipe formado com Manga, Rildo, Paulistinha, Nilton Santos e Ivan (Joel); Ayrton e Élton (Edson); Amoroso, Quarentinha (Jair Bala), Amarildo e Zagallo.

O seu 1º gol foi assinalado contra o Universidad de Chile, a 25 de maio, em derrota por 3x2, gols de Jair Bala e Quarentinha, tendo o Botafogo alinhado com Manga, Joel, Zé Maria, Nilton Santos e Rildo; Ayrton e Edson; Garrincha, Quarentinha, Amarildo e Zagallo (Jair Bala).

No Botafogo Jair Bala despontou finalmente para o futebol de elite e conquistou, com excelente desempenho, o Torneio de Paris, considerado por muitos o Mundial de Clubes à época.

Nesse torneio o Botafogo venceu o Anderlecht (Bélgica) por 1x0, a 11 de junho, gol de Amarildo, tendo a equipe formado com Manga, Paulistinha, Zé Maria, Nilton Santos e Rildo; Ayrton e Zagallo; Garrincha, Jair Bala, Amarildo e Quarentinha.

Na decisão do torneio o Botafogo venceu o Racing de Paris por 3x2, no Parc des Princes, em Paris, a 13 de junho, com gols de Quarentinha, aos 16’, Jair Bala, aos 18’, e Amarildo, aos 71’. O Botafogo alinhou com a mesma equipe do jogo contra o Anderlecht.

Tal desempenho valeu-lhe a titularidade por diversas vezes, numa equipe recheada de campeões mundiais e outros craques, mas com a saída do treinador Danilo Alvim e a entrada de Zoulo Rabello, o atleta viu-se novamente preterido e no ano seguinte acabou por rumar ao América Mineiro (1964-1965).

Jair Bala fez o seu último jogo pelo Botafogo a 13 de dezembro, na vitória por 2x0 sobre o São Cristóvão, gols de Jair Bala e Othon, tendo a equipe alinhado com Manga, Joel, Zé Maria, Nilton Santos e Rildo; Élton e Arlindo; Amoroso, Jair Bala, Quarentinha e Othon.

Fez 20 jogos e assinalou 6 gols.


Pelé e Jair Bala. Crédito: Instagram de Jair Bala.

Foi então que rumou ao América Mineiro (1964-1965) e se tornou artilheiro do campeonato mineiro e melhor jogador da temporada, embora sem conquistar o título pelo clube. Segundo a literatura consultada, foi o maior ídolo do clube, acabando por integrar o Coelho em diversas outras ocasiões e, posteriormente, ter sido seu treinador também em diversos momentos (232 jogos).

 

Em seguida rumou para a Comercial (1965-1966), jogou bem e foi contratado pelo Palmeiras (1967), atuando ao lado de Ademir da Guia e conquistando o Robertão de 1967. Seguiu-se o XV de Piracicaba (1968-1969), Santos (1969) – onde jogou com Pelé e o substituiu no jogo do 1000º gol –, América Mineiro (1970), Bahia (1970) e novamente América Mineiro (1971), onde finalmente foi campeão estadual pelo clube e novamente artilheiro do campeonato, marcando 5 gols de bicicleta sob o ‘grito de guerra’ da torcida – “Galo ao almoço e Raposa ao jantar”.

 

Por fim, Jair Bala marchou para o Paysandu (1972-1973) e foi no clube paraense que pendurou as chuteiras.


Com uma carreira de pouca paragem em cada clube por onde passou, Jair Bala manteve a sua pegada de alternância clubista enquanto treinador, após se reformar de futebolista: América Mineiro (1977-1979), Londrina (1979-1980), Comercial (1981), América Mineiro (1982-1984), Grêmio Maringá (1985), América Mineiro (1985), Cruzeiro (1986), América Mineiro (1987-1988), Esportivo-MG (1989), Caldense (1990), Valeriodoce (1992-1993), Mamoré (1994), URT (1995), Democrata-GV (1995) e Mamoré (2002).

Jair Bala orgulhou-se do que fez no futebol e na sua sala de troféus destaca-se, entre outras memórias, a réplica da eternização dos seus pés na calçada da fama do Mineirão, em Belo Horizonte.

Fontes principais: https://pt.wikipedia.org, https://tardesdepacaembu.wordpress.com, https://terceirotempo.uol.com.br, https://www.hojeemdia.com.br, https://www.zerozero.pt/player.php?id=497983 e Instagram de Jair Bala.

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