por
RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
Anos atrás suspendi, por duas vezes, a análise aos jogos de
futebol do Botafogo porque sistematicamente os problemas de desempenho eram
sempre os mesmos e não eram corrigidos, nem pela comissão técnica nem pelos
próprios jogadores. Limitei-me, então, a publicar apenas as fichas técnicas
durante algum tempo – por dificuldades pessoais de relação com a contínua falta
de qualidade – para que, mais tarde, os leitores do Mundo Botafogo as pudessem
consultar a posteriori sem as interrupções
que eu próprio impus à análise. Agora estou quase chegando novamente ao ponto
de saturação de mais do mesmo.
Após a esperança de um novo caminho, ressurge o mesmo
panorama de outrora, isto é, os problemas em campo são sempre os mesmos e não
têm tido conserto, nem por sistemas táticos mais adequados nem por desempenhos
individuais que superem as lacunas mais elementares dos atletas.
O jogo contra o Audax foi mais do mesmo. A equipe esteve tão
apagada quanto, na verdade, só nos acréscimos do primeiro tempo houve uma
grande jogada pela direita. Di Placido recebeu de Tiquinho, fez um excelente
cruzamento rasteiro mesmo para os pés de Raí, que absurdamente furou o remate.
A bola ainda sobrou limpa para Marçal que rematou sem direção.
Em suma, apesar de estar a perder a partida desde o oitavo minuto,
o Botafogo só produziu alguma coisa interessante aos 45+1’. Foram mais ou menos
duas equipes tenebrosas jogando na primeira parte, e ainda assim com um
racional bem melhor por parte do Audax, que se reconhecia inferior e por isso
se fechava na defesa e só saía em contra ataque.
No segundo tempo, apesar de três substituições certas ao
intervalo, a produção tática e individual conseguiu cair ainda mais e o Audax
poderia ter ampliado o marcador e quase garantir uma vitória. Somente aos 22
minutos do segundo tempo (!) Tiquinho recebeu um excelente cruzamento de Luís
Henrique e, de cabeça, fulminou as redes adversárias – isto é, uma hora depois
do Audax inaugurar o marcador!
E finalmente o Botafogo acordou!
Caramba, porque é que a equipe não levantou as suas orelhas
murchas logo após o gol do Audax?! Síndrome vira-lata?! Caramba, isto é o
Botafogo, não o Íbis!
E só o gol de Tiquinho mudou o jogo, passando o Botafogo a
criar, finalmente, situações de virada do placar com o Audax remetido à defesa
e sem capacidade de contra atacar. E, ainda assim, somente 26 minutos depois do
empate é que o Botafogo virou o placar, numa cobrança de falta rápida e numa
arrancada de Sauer na base da garra e do inconformismo, que resultou num bonito
gol.
Fora a vitória, a evolução nula desta equipe é um caso muito
sério para futuro imediato.
FICHA TÉCNICA
Botafogo
2x1 Audax
» Gols: Tiquinho Soares, aos 67’, e Gustavo
Sauer, aos 90+3’ (Botafogo); Emerson Urso, aos 8’ (Audax)
» Competição: Taça Rio (final)
» Data: 02.04.2023
» Local: Estádio Raulino de Oliveira, em
Volta Redonda (RJ)
» Árbitro: Bruno Mota Correia (RJ);
Assistentes: Gustavo Mota Correia (RJ) e Marcus Vinicius Machado Araújo Brandão
(RJ); VAR: Carlos Eduardo Nunes Braga (RJ)
» Disciplina: cartão amarelo – Victor Cuesta
e Tchê Tchê (Botafogo) e Jackson Caucaia e Thomás Kaykck (Audax)
» Botafogo: Lucas Perri; Di Placido,
Adryelson, Victor Cuesta e Marçal; Tchê Tchê, Marlon Freitas (Lucas Fernandes)
e Eduardo (Gabriel Pires); Raí (Gustavo Sauer, Carlos Alberto (Luís Henrique) e
Tiquinho Soares (Matheus Nascimento). Técnico: Luís Castro.
» Audax: Leandro; Lucas Mota, Igor Amaral,
Thomás Kaykck e Kaio; Romarinho (Levi), Vinicius Garcia (Jackson Caucaia) e
Miticov (Valderrama); Clisman (Julinho), Pablo Thomaz e Emerson Urso. Técnico:
Caio Couto.
12 comentários:
Caro Ruy, para minha sorte só comecei a ver o jogo a partir dos 35 minutos do 1° tempo.
É inacreditável o que vem, ou não vem, jogando esse Botafogo da SAF.
Não é possível sofrermos para vencer equipes que dispõem de orçamentos infinitamente inferiores ao do Botafogo.
O Audax é ruim de doer. E o Botafogo só conseguiu vencer, jogando pessimamente, com um gol achado nos acréscimos.
Trata-se de crônica de uma morte mais que anunciada. Com a bolinha que vem sendo jogada contra Sergipe, Portuguesa, Brasiliense e, agora, o Audax não será nada surpreendente termos reveses nos próximos jogos da Sul Americana e Copa do Brasil. E o Brasileiro, ao que tudo aponta, será tão somente uma luta contra o rebaixamento.
Custa-me crer que esse time treine.
Abs.
Sempre apreciei muito o seu trabalho, porém, chegou a excluir um comentário, onde criticava profundamente o trabalho do Luís Castro, por julgar ser um terror, sem variação tática, com um meio de campo espaçado, sem combatividade e criatividade, um time a mercê de ligações diretas. E a minha crítica continua no mesmo tom, pois vejo um ótimo potencial no elenco, que é mal manejado. O time por exemplo num 442, com as peças atuais, conseguiria jogar um futebol propositivo, com maior posse de bola, resolvendo os problemas crassos da marcação e criação, pois tem sim, boas peças individuais para isso. Saudações alvinegras Ruy! Abraço!
O time do Botafogo só jogou depois da parada técnica do segundo tempo, parece que então o Botafogo resolveu jogar. O curioso é que na rápida entrevista do Marçal ele falou que o Castro havia pedido o que o time passou a fazer após a referida parada, aproximação nas extremas, parar com bolas cruzadas, mais aproximação do meio, e aí eu pergunto: o que se passa na cabeça do time que parece não entender o que é pedido ou falta capacidade para alguns jogadores em posições fundamentais? No primeiro tempo o Botafogo jogou com 3 a menos: Carlos Alberto, Marlon Freitas e Raí, além da péssima jornada do bom Eduardo. Se com 11 a situação não é das melhores, imagina quando quase 1 terço do time vai mal?
Mas o pior é que até vá parada técnica do segundo tempo, os que entraram apresentaram um desempenho bem pífio, o que será acontece?
O Botafogo é um caso a ser estudado profundamente, pois há problemas que parecem se repetir de tempos em tempos. ABS e SB!
Veja o comentário que fiz ao seu comentário na publicação 'Castro fora... Castro fica...' porque responde em parte às minhas e às suas preocupações.
O Audax é muito ruim, o Botafogo tem umorçamento elevado, suamos para fazer uma virada desde os 8 minutos. Penso que é provavelmente a crônica de uma morte anunciada. Temo bastante por maus desempenhos na Copa Sul-americana e na Copa do Brasil. Talvez a sorte é os adversários serem realmente fracos em ambos os casos. Mas mesmo que passemos, se o LC não souber fazer ruturas na sua ação, o Botafogo será brevemente eliminado e LC não vai vingar à frente da equipe. Com um ano de treino exigir-se-ia mais, bastante mais, apesar de todos os contratempos ocorridos - que foram bastantes. É, como Eduardo disse no outro comentário, uma equipe sem consistência.
Abraços Gloriosos.
Caro Saulo, creio até que exclui mais do que um comentário (creio que fez outros como 'anônimo', porque os termos eram os mesmos, e eu excluí), e excluirei sempre todos os comentários que me pareçam ataques pessoais, ou tenham palavrões, ou outras características que venham contra a linha editorial que faço questão de se manter na mesma direção de sempre.
Apesar de continuar a insistir em certos termos, eu publico este comentário porque, na generalidade, está dentro dos limites do Mundo Botafogo.
Considero que há variação tática em certas ocasiões, o que ocorre é que essa variação tática repete-se sem criatividade e torna-seprevisível.Meio espaçado também concordo.
Quanto à falta de combatividade não me parece, porque os jogadores lutam bastante, mas o que sucede é que falham em muitos fundamentos básicos, designadamente passes absurdos, perdas de gol à boca da boliza como fizeram ontem Marçal, Raí e o próprio Tiquinho e, ainda, falhas na defesa, como foi o caso do gol do Audax por falha clara de Segovia.
Quanto a equipe estar à mercê de ligações diretas discordo completamente. Eu próprio penso que a verticalização como variante também é essencial, mas falta velocidade para isso. E, por outro lado, as ligações diretas são escassas precisamente porque o ritmo de jogo é o tiki-taka que eu não consigo gostar de maneira nehuma.
Aliás, o que o Botafogo faz bem é mesmo aproveitamento da sbolas paradas, bem à maneira do futebol europeu em que muitos jogos - e até os importantes - são decididos por pênaltis, escanteios e cobranças de falta.
Também discrdo em absoluto que a equipe tem um "´timo potencial". Veja, ter potencial é haver reservas nos jogadores para progredirem. ora, marçal e Tiquinh não podem ter potencial cm a idade que têm. Por outro lado há jogadore sclaramente sem potencial. Só os mais novos podem realmente desenvolver potencial ainda. E, de resto, em minha opinião, a equipe tem inúmeras deficiências técnicas individuais, desde passes de 1 ou 2 metros até remates na cara do gol que vão direitos às nuvens. Além de alguns jogadores insistirem no velho drible brasileiro que hoje, com pouco espaço para jogar, somente funcina se o atleta for realmente bom, prejudicando assim a cooperação coletiva para engendrar jgadas de envolvência. E isso temos pouco.
Em todo o caso, evidentemente que concordo que LC está aquém do que poderia conseguir, apesar das lesões, apesar de JT, apesar de Mazzuco, apesar do pouco potencial que há para desenvolver (excepto nos mais novos), apesar, até, das sus ideias fixas de 4-3-3 e de posse de bola. A posse de bola não pode ser um fim, mas um meio, e deve alternar com consistência defensiva e saída para contra ataque, assim como, por vezes, ligações diretas inesperadas em velocidade. Às vezes até parece que a equipe não treina, mas realmente treina e muitas vezes os jogadores não fazem em campo o que o treinador pede.
Obrigado pela avaliação ao meu trabalho. E saiba que textos corneteiros, persecutórios ou de outra natureza imprópria, eu não publico. Fora isso, todos os comentários com efetiva racionalidade e debate futebolístico sério, eu publico. seus e de todos os demais leitores.
Abraços Gloriosos (com desejo de sairmos deste mais do mesmo em que estamos).
Concordo inteiramente, Sergio. Os substitutos que entraram a partir do intervalo fizeram a diferença, mas porquê só aos 22 minutos em resultado de um excelente cruzamento com o gol de Tiquinho?! Ou estiveram à espera de que o desgaste que foram fazendo ao Audax atuasse nos jogadores e os cansasse. E ainda assim levaram quasemeia-hora para fazer a virada após o empate. Jogaram bem melhor, é certo, mas sobretudo porque trabalhram mais o coletivo, que é algo essencial numa equipe com poucas individualidades que façam verdadeiramente a diferença.
E, claro, apesar das minhas críticas ao LC, que não se tem adaptado bem ao futebol brasileiro e às características de alguns jogadres cruciais, também se deve criticar os jogadores por não obedecerem ao comandante e fazerem em campo o que muito bem lhes apetece, designadamente o famoso jogo brasileiro 'cadenciado' e as jogadas individuais 'driblantes' que, levadas ao extremo, são sempre anuladas.
Tem razão quanto a jogarmos com 3 a menos, o que não se percebe muito bem tendo em conta o último jogo em que Eduardo se destacou, e até mesmo Raí. Há algo que continua a escapar-me. Há algo que não entendo, e por mais que tente só consigo ver desentrosamento entre quem manda no Botafogo e a comissão técnica e entre a comissão técnica e os jogadores. Não intencional por parte dos jogadores, porque os atletas elogiam LC, mas há qualquer 'algo equivocado' que não funciona. O que será?...
O Botafogo é realmente um caso estranho como bem sentenciou Augusto Frederico Schmidt, e julgo que, além dos problemas operacionais na equipe, tudo começa no topo: ou o topo é bom, a gestão é boa, a visão existe e a estratégia é adequada, ou tudo o resto para baixo não funciona otimizadamente. E é isso que acontece com o Botafogo há muitas e muitas décadas. Estaremos fadados a esta mediania que nos acompanha durante, pelo menos, todo este século até agora?
Abraços Gloriosos.
De forma geral o futebol brasileiro virou uma correimria sem fim. Com passes retilíneo até a exaustão. Cruzamentos para e para cá. Falta a improvisação que diferencia o craque do jogador comum. A fábrica exauriu.
Sem dúvida, Vanilson. Já escrevi centenas de vezes sobre esses jogos de correria sem fim para lado nenhum. A surpresa é muito importante, quer por mudanças rápidas de velocidade, quer por dinâmicas de triangulações que desmontam as defesas. Para já não falar da técnica individual,que é muito importante. Mas é sempre tudo feito com lentidão e previsibilidade. Eu gostava do futebol do Klopp no Liverpool, mas até esse parece que - como diz - se exauriu.
Abraços Gloriosos.
O que o Vanilson escreveu realmente é a mais absoluta verdade.
Ontem vendo Milan 4X0 Napoli cheguei fiquei pensando: não há como se negar a importância do treinador, porém se esse não tiver elenco com qualidades não há treinador que dê jeito. E por que falo isso? Simples. Não obstante ao time do Milan ser bem entrosado a qualidade dos jogadores é muito boa, pois dos 4 gols, 3 saíram da qualidade individual dos jogadores.
Se nós recordarmos os grandes times que o futebol mundial já nos proporcionou, sejam eles europeus ou sul americanos, sempre os elencos desses grandes times e grandes seleções possuíam jogadores acima da média , sem isso não haveria treinador que desse jeito, e eu vejo no nosso país atualmente que há uma enormidade de "analistas" que acham que o treinador é uma espécie de mágico que faz com que jogadores medianos virem craques, o que nenhum treinador na história conseguiu, quando muito podem ter transformado esse tipo de jogador em um jogador útil ao elenco mas sem nunca passar disso. O que acho que deve haver é uma simbiose entre treinador e elenco.
E qual a razão de escrever tudo isso? Simples, percebo que desde de seu anúncio, houve uma inexplicável implicância com o Luís Castro, e por esta razão vejo que uma quantidade expressiva de torcedores achou que com esse elenco do Botafogo o treinador faria maravilhas, só se esqueceram que esse elenco do Botafogo é apenas mediano com alguns bons jogadores mas sem nenhum jogador de exceção, e cá prá nós, conseguir fazer um elenco desse tipo jogar o que todos gostariam que fosse um time de exceção é esperar um baita milagre.
Não que o Castro não tenha erros, principalmente acho que o principal parece ser não entender os jogadores que tem e esperar deles o que não conseguiria fazer.
No primeiro comentário é sugerido um 4 4 2 , o problema é que o Botafogo não tem no seu elenco jogadores que venham a compor bem esse tipo de sistema, faltam jogadores de ataque que se movimentem na frente além da falta de velocidade, assim como no 4 3 3, muito bora nenhum time jogue num esquema fixo como se supõe que o Botafogo jogo, há variantes. Na opinião treinador bom ajuda o time a vencer, mas as vezes pode atrapalhar, e isso me lembra um comentário que instrumentistas fazem em relação não regente: "regente bom é aquele que não atrapalha". Naturalmente isso é um gozação, mas de fato há maestria que realmente atrapalham assim como treinadores. ABS e SB!
Inteira razão, Sergio. Treinador não entra em campo: treinador concebe, jogador executa. E com esse elenco é difícil conceber para a execução desejada. Mesmo alguns dos melhores têm quase idade para pendurar as chuteiras e o seu futebol já não é eficaz como dantes. De resto,não há realmente um único craque, não há um único desestabilizador d ejogo em resultado da sua qualidade técnica. E os que tentam surpreender através de 2 ou 3 dribles sucessivos acabam perdendo a bola para o último defesa.
Porém, também é certo que na conceção LC não tem conseguido, aparentemente, melhorar cada jogador individualmente. Veja como Matheus Nascimento não cresce, pelo contrário, diminui. Parecem não treinar remates, não treinar triangulações, etc. O que é visível é treino de bolas paradas. Pelo menos valha isso, porque hoje há muitos títulos conquistados à custa de bolas paradas.
O Sauer deu um ar de graça no que respeita a fazer a diferença quando marcou o gol da virada, mas o problema é que esses lampejos são irregulares e incertos.Faz-me lembrar o Hyuri, que chegou ao Botafogo, no 1º jogo fez um golaço driblando quatro adversários dentro da área e depois disso sumiu até sair do clube. Não são jogadores consistentes, resultando também em equipe inconsistente. Com responsabilidade de comissão técnica e atletas.
Abraços Gloriosos.
Os dois últimos comentários completam com maestria o resumo que fiz. Não adianta querer impor uma tática sem executores apropriados.
Indiscutível, Vanilson! (rsrsrs)
Abraços Gloriosos.
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