por SOL DE ANLAREC | Colunista do Mundo Botafogo
Ouvi esta frase numa das palestras a que assisti durante
os cinzentos dias da pandemia. Ao longo daquele tempo, descobri diversos canais
sobre assuntos dos mais variados. Em um
deles, um verdadeiro coquetel de história, filosofia, religiões e assuntos
esotéricos – tudo junto e misturado – o palestrante me soltou essa. Achei uma
piração.
Adoro História e – graças aos algoritmos – novas opções
de canais foram-se revelando. Aprendi muita coisa sobre história do mundo e
também história da Terra.
Um dia, vendo um documentário da National Geographic que
abordava as hipóteses sobre as teorias do dilúvio, descobri que esse assunto –
que é objeto de tantas culturas ancestrais – também tem seus mitos nas Américas.
Cientistas estudaram uma região dos Estados Unidos com as mais modernas
técnicas digitais. O tal local tem uma formação geológica peculiar, e, segundo
eles, denotaria que uma fantástica massa de água passou por lá há tempos
imemoriais, deixando na paisagem os rastros de sua ação avassaladora.
Vendo a simulação feita é quase inacreditável pensar que
a desértica paisagem atual – com suas rochas em formato circular no meio do
nada –– tenha sido há milênios inundada a ponto de formar imensas cachoeiras.
Comecei a pensar sobre o caminho que as águas fizeram até
chegar ao oceano e, com isso, meu pensamento foi divagando mais e mais até
chegar a uma conclusão sobre a qual nunca dera importância.
A água que existe no mundo hoje é a mesma que existia
quando os mares se formaram sobre a Terra há bilhões de anos, numa daquelas eras
com nomes esquisitos que os cientistas lhes atribuem.
O espaço “seco”
sobre a Terra é muito pequeno. Os continentes, apesar de extensos, não
podem competir em tamanho com a massa líquida que os circunda. Nosso mundo é
praticamente “líquido”.
Assim, voltou-me ao pensamento a frase que eu escutara
meses antes: “A água tem memória”.
A água pode estar presa em geleiras por muito mais tempo
que inúmeras gerações humanas, mas basta que delas se soltem para que a massa
de gotículas caia ao mar e tome rumos diversos.
Podem viajar pelos oceanos, formando imensas vagas, até
chegar às costas e brincar com as ondas, espalhando-se pela espuma do mar.
Outra parte pode se evaporar e passear pelos céus em
grandes massas de nuvens, circundando os altos cumes ou pairando sobre regiões
áridas, até que, ao fim de um tempo, voltarão novamente à terra, penetrando no
solo e regando raízes; saciando a sede de homens e animais; ou caindo em lagos
e rios, conduzindo peixes e humanos para o mar.
Como não pensar que essa vastidão é composta de gotículas
que já podiam estar presentes há séculos atrás quando grandes embarcações se
aventuraram por mares desconhecidos? Ou mais ainda, há milênios em que por elas
nadaram imensos animais, agora extintos?
E o que dizer das frutas que comemos, tão cheias de sumo?
Será que algumas de suas gotículas já não teriam passado por cálices de rainhas
de reinos que não mais existem? Quiçá por
poções mágicas de feiticeiras condenadas à fogueira?
E nossas lágrimas? Quem pode não acreditar que talvez já
não tenham estado em outros olhos, como nos dos que já viram a desolação das
guerras e os amores que se acabam?
Enfim, muitas e muitas especulações podem ser feitas. O
fato é que esse líquido precioso circunda o nosso ambiente físico desde tempos
de que nem imaginamos, e dele precisamos para a sobrevivência, tanto que o possuímos
em nossas células e tecidos.
Assim, como não imaginar que esta água já tenha circulado
por outros corpos, desta época e de tantas outras, numa espiral sem fim? E,
sendo tal coisa possível, como não imaginar que tenha absorvido, em um
determinado grau, as emoções daqueles
seres?
Sei que é uma “viagem”, mas talvez a água deva ter
realmente uma memória.
7 comentários:
Sim, com certeza a água tem memória. Excelente texto!
Oi,Sol querida!
Que sejas muito bem vinda ao nosso blogue ! O teu texto de estreia e sensacional ! Consegues explorar a teoria que anda circulando por aí sobre o fato da água ter memória, de um jeito super interessante e com boas reflexões sobre o fato. Quem diria que a nossa querida H20 iria nos surpreender tanto...Enquanto lia o texto,me surgiu algumas ideias engraçadas. Quem sabe poderia fazer um contraponto sobre a fantástica teoria,utilizando- me de algumas ideias bem humoradas que brotaram dessa minha cabeça maluca?
Desejo- te sucesso,amiga!
Beijão!
Parabéns pelo texto, Sol! Uma verdadeira circulação de emoções... líquidas!
Abraços Gloriosos.
Muito grata à vc, Lúcia, por me permitir o acesso a esse espaço tão especial. Vc foi uma verdadeira fada-madrinha!!
Estou ansiosa para saber de suas ideias bem humoradas!!
Fico muito honrada com sua acolhida neste espaço, Ruy!
Nossas emoções - certamente - estão gerando novas memórias que a água transportará para o futuro!
Excelente texto e reflexão, Sol! Parabéns!!
Certamente, Sol! Por entre encontros e reencontros a totalidade está neste Cosmos misterioso e maravilhoso onde tudo se movimenta na perfeição da Unicidade.
Abraços Gloriosos.
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