por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
Viveu em 22 residências em África (São Tomé e Príncipe), na América do Sul
(Brasil) e na Europa (Portugal), além de um acumulado para mais de 1800
dormidas em hotéis de todo o mundo.
Conhece todos os continentes e 69 países, fez 28 cruzeiros marítimos e 45 longas viagens terrestres em países estrangeiros, bem como 330 viagens aéreas internacionais. Formou-se em duas universidades com uma graduação em sociologia, uma pós-graduação em gestão e um doutorado em economia. Publicou, no conjunto, cento e trinta livros, artigos científicos e artigos técnicos.
Viveu primeiro a democracia (até 1964) e depois a ditadura brasileira; ao
invés, uns anos após viveu primeiro a ditadura e depois a democracia portuguesa
(1974), fazendo parte das fileiras dos militares em cumprimento de serviço
obrigatório no tempo inesquecível de participação na ‘Revolução dos Cravos’,
que fez eclodir a Liberdade no país mais Ocidental do continente europeu.
Foi/é Professor Universitário, Cientista Social e Investigador no domínio
Socioeconómico, Assessor de Governantes, Consultor Internacional, Diretor de
Instituição de Solidariedade Social, Diretor de Empresa e Presidente de
Associação Científica, entre outros cargos.
É especialmente fã de atletismo, basquetebol, ciclismo, futebol, futmesa,
futsal, hóquei patinado, polo aquático, remo, turfe e voleibol. Foi campeão de
futebol e de futsal em competições escolares e militares, mas também praticou
ocasionalmente vários outros desportos.
A saga botafoguense acompanha-o desde longa data e na sua alma vibra uma paixão incomensurável pelo Glorioso Clube da Estrela Solitária.
Nasceu sob a influência do elemento água e dos planetas Marte e Plutão. O
seu signo diz, entre muitas verdades e algumas inverdades, que…
É dominador, por vezes cáustico, mas senhor de um
poder psicológico notável. Apaixonado, mas também torturado pela sua capacidade
de sentir todos os momentos da vida, é atraído pelo mistério, pelo inacessível,
pelo oculto.
Absorvente, secreto e com um gosto especial para
transformar os outros, saboreia com profundidade todas as etapas da sua
existência. Gosta de subjugar aqueles que ama, fazendo-o muitas vezes de um
modo extremamente subtil. Os momentos em que se sente exausto são, porventura,
o preço que paga por isso.
Por vezes anjo, por vezes demónio, move-se entre os
limites que dão profundidade e direção à vida. Não se compadece com
meios-termos e detesta a hesitação.
Dominador e autoritário? Talvez seja, apenas, uma
forte presença da paixão na expressão dos sentimentos que o leva a agir muitas
vezes de um modo menos diplomático.
Tem fama de ser vingativo e ciumento. Puro engano. Ele
é sim apaixonado pela vida, senhor de uma vontade férrea e de um forte sentido
de justiça.
Ora santo ora demónio, vive enfeitiçado pelos limites,
entre o destruir e o renovar, entre o fogo e as cinzas, entre a morte e a vida.
Autoritário com os outros e exigente consigo mesmo, é
rígido nos seus métodos, nas suas ambições e nas suas atitudes.
A estratégia, a persistência e o espírito crítico
fazem parte da sua natureza. Investigadores, cientistas, detetives,
psicanalistas e, em geral, profissões ligadas ao oculto, ao secreto, são
algumas das carreiras que se podem relacionar com este tipo de pessoa.
Porém… não se sabe ao certo o que ele é. Até porque o escritor José
Saramago expressou um dia que "dentro de nós há uma coisa que não tem
nome, essa coisa é o que nós somos".
Ao certo sabe-se que faz parte de uma nova franja social nascida depois de
1950, que se entusiasmou com Che Guevara, com os escritos Libertários,
com The Beatles e The Rolling Stones e que
afinou as suas Utopias durante o Maio Francês, acreditando que poderia mudar o
mundo juntamente com os da sua geração. Hoje continua filosoficamente
libertário, ainda nele habita o lema da ‘Liberdade, Igualdade e Fraternidade’
da Revolução Francesa e acredita que até agora a Social-democracia foi o
sistema político aplicado que trouxe maior equidade à humanidade.
Mas… o tempo passa e…
Se estivermos atentos podemos notar que está aparecendo uma nova franja
social: a das pessoas que entraram na década dos setenta anos de idade – os
‘septualescentes’ – e fazem parte da geração que rejeita a palavra ‘septuagenário’,
porque simplesmente não está nos seus planos deixar-se envelhecer.
Meridiano de Greenwich, linha imaginária que
intercepta o Ocidente e o Oriente, em Londres, Inglaterra (2013).
Trata-se de uma verdadeira novidade demográfica – parecida com a que, em
meados do século XX, se deu com a consciência da idade da adolescência, que deu
identidade a uma massa de jovens oprimidos em corpos desenvolvidos, que até
então não sabiam onde meter-se nem como vestir-se.
Este novo grupo humano que hoje ronda os sessenta/setenta anos teve uma
vida razoavelmente satisfatória.
São homens e mulheres independentes que trabalham há muitos anos e que conseguiram
mudar o significado tétrico que tantos autores deram durante décadas ao
conceito de trabalho. Que procuraram e encontraram há muito a atividade de que
mais gostavam e que com ela ganharam a vida.
Talvez seja por isso que se sentem realizados… Alguns nem sonham em reformar-se. E os que já se reformaram gozam plenamente cada dia sem medo do ócio ou da solidão, crescem por dentro quer num, quer na outra.
Desfrutam a situação, porque depois de anos de trabalho, criação dos
filhos, preocupações, falhanços e sucessos, sabe bem olhar para o mar sem
pensar em mais nada, ou seguir o voo de um pássaro da janela de um 5.º andar ou
fruir numa casa da serra a vastidão dos campos e dos montes…
Neste universo de pessoas saudáveis, curiosas e ativas, a mulher tem um
papel destacado. Traz décadas de experiência de fazer a sua vontade, quando as
suas mães só podiam obedecer, e de ocupar lugares na sociedade que as suas mães
nem tinham sonhado ocupar.
Esta mulher ‘septualescente’ sobreviveu à bebedeira de poder que lhe deu o
feminismo da década de 1960. Naqueles momentos da sua juventude em que eram tantas as
mudanças, parou e refletiu sobre o que na realidade queria.
Algumas optaram por viver sozinhas, outras fizeram carreiras que sempre
tinham sido exclusivamente para homens, outras escolheram ter filhos, outras
não, foram jornalistas, atletas, juízas, médicas, diplomatas… Mas cada uma fez
o que quis: reconheçamos que não foi fácil, e no entanto continuam a fazê-lo
todos os dias.
Algumas coisas podem dar-se por adquiridas.
Por exemplo, não são pessoas que estejam paradas no tempo: a geração dos
‘setenta’, homens e mulheres, lida com o computador como se o tivesse feito
toda a vida. Escrevem aos filhos que estão longe (e vêem-se), e até se esquecem
do velho telefone para contatar os amigos – enviam emails com as suas
notícias, ideias e vivências. E movimentam-se com à vontade nas redes sociais.
De uma maneira geral estão satisfeitos com o seu estado civil e quando não
estão, não se conformam e procuram mudá-lo. Raramente se desfazem em prantos
sentimentais.
Ao contrário dos jovens, os ‘septualescentes’ conhecem e pesam todos os
riscos. Ninguém se põe a chorar quando perde: apenas reflete, toma nota, e
parte para outra…
Os maiores partilham a devoção pela juventude e as suas formas superlativas, quase insolentes de beleza; mas não se sentem em retirada. Competem de outra forma, cultivam o seu próprio estilo…
Os homens não invejam a aparência das jovens estrelas do desporto, ou dos
que ostentam um terno Armani, nem as mulheres sonham em ter as formas perfeitas
de um modelo. Em vez disso, conhecem a importância de um olhar cúmplice, de uma
frase inteligente ou de um sorriso iluminado pela experiência.
Hoje, as pessoas nos anos dos setenta, como tem sido seu costume ao longo
da sua vida, estão estreando uma idade que não tem nome. Antes seriam velhos e
agora já não o são. Hoje estão de boa saúde, física e mental, recordam a
juventude mas sem nostalgias inócuas, porque a juventude, ela própria, também
está cheia de nostalgias e de problemas.
Celebram o sol em cada manhã e sorriem para si próprios... Talvez por
alguma secreta razão que só sabem e saberão os que já chegaram aos 70 no século
XXI...
Tal como Fernando Pessoa, “Sinto-me
renascido a cada momento para a eterna novidade do mundo…”
Imagens: Fotografias obtidas a partir de 2007 (quando comecei a participar
como colunista em diversos blogues botafoguenses e de futebol e criei o Mundo
Botafogo), data a partir da qual passei a levar nas minhas viagens
profissionais e de lazer as camisas do Botafogo por sugestão de um amigo
botafoguense – usando e abusando da Camisa Gloriosa desde então.
7 comentários:
Rui grande amigo Tuga e Botafoguense apaixonado (como eu). Parabéns pelo belo, sincero relato histórico sobre si. Notei que no deserto do Saara vc não esteve com a camisa gloriosa. Um ponto a menos hahaha.
Enfim, meus PARABÉNS.
Ano que vem entro na firma que você titulou, e gastei, de septualescentes.
Viajei pelas fotos e oelos lugares apaixonantes e pelo seu cantinho na terrinha. Abs
Jacob
Obrigadão, meu estimadíssimo Jacob! De vez em quando faço coisas estranhas e inesperadas como essa (que já havia feita uma vez, antes). Coisa de septualescente... Ou de pessoa 'estranha'... (rsrsrs)
No Saara as camisas do Botafogo aquecem ainda mais o corpo. Ainda me lembro, apesar de serem viagens que fiz antes de 2007 - ano de criação do blogue -, dos 50 graus que apanhei nos desertos de norte a sul do Egito (incluindo a viagem 'escaldante' pelo Nilo) e os 70 graus dentro das pirâmides, e mais recentemente no deserto da Jordânia fazendo a rota de Lawrence da Arábia. Por isso é necessário cuidado. Também já apanhei 'congelamentos' na Rússia, nos Alpes e nos Pirinéus. Aí são outros cuidados, mas esses são mais suportáveis do que o calor dos desertos. Admiro os ultramaratonistas que fazem marchas em territórios climaticamente extremistas em busca de recordes inacreditáveis e de fama.
E podes entrar na Liga dos Septualescente com distinção face à saúde e ao bom trato físico que exibes! Sejas bem-vindo! (rsrsrs)
Abraços Gloriosos.
Tudo muito bacana. Agradável esta junção entre viagens nacionais e internacionais, história e o Botafogo.
É divertido escrever textos desse tipo. E divirto-me muito com o nosso Botafogo e as pesquisas que faço. É uma tendência desde os 9 anos em que devorava todos os jornais no sótão do meu avô. Comecei a esboçar textos sobre futebol e turfe, acabei por escrever um romance que nunca publiquei, convivi com os morcegos que viviam no sótão (talvez por isso aprecio o estilismo do Batman) e acabei por levar o hábito da pesquisa para as atividades profissionais que escolhi e para plasmar neste blogue o mundo percorrido pelo Botafogo desde 1894 130 anos a comemorar em 2024. Uma delícia!
Abraços Gloriosos.
Que retalhos e que trajetória! Patente por uma vida tão intensa e acima de tudo botafoguense! Eu viajei muito pouco, mas o que viajei me fez muito bem, mas a minha maior viagem sempre foi iniciar uma composição e conseguir termina-la de modo satisfatório, posso garantir que é uma bela viagem. ABS e SB!
Em termos de atividade profissional compreendo perfeitamente essas viagens musicais. Eu tenho sentido muitas vezes o mesmo quando chego ao fim de uma pesquisa científica e se descobrem novas realidades em emergência ou ocorrências importantes até aí ocultas. Na 'sua' arte e na minha 'ciência' há uma forte complementaridade de descoberta 'espiritual'. E certamente noutras profissões haverá semelhanças de belas viagens.
Abraços Gloriosos.
Adenda. Um exemplo incrível de como se pode viajar nas mais diversas profissões: quando fui diretor-geral de uma instituição tinha um chefe de contabilidade que adorava ter contas erradas, nem que fosse por um tostão, para encetar uma viagem de busca intensa e no final 'aprisionar' o dito tostão 'malicioso'. Ficava com o espírito a transbordar de alegria!
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