sexta-feira, 24 de maio de 2024

Botafogo Samba Clube: desde 1534, as origens e as glórias do Botafogo!

Logotipo do enredo “Uma Gloriosa História em Preto e Branco”. Fonte: Instagram bfr.socialolimpico.

 por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo

Na mesma época em que foi implantado o sistema de capitanias hereditárias criadas pelo rei de Portugal D. João III, como forma de administração do imenso território brasileiro, também foi construído, entre 1530 e 1534, o Galeão São João Batista, apelidado de ‘Botafogo’ devido a ser o maior navio de guerra do mundo no século XVI, com 366 bocas de fogo e um deslocamento de 1.000 toneladas.

E será por aí que começa o enredo “Uma Gloriosa História em Preto e Branco” da Botafogo Samba Clube que subirá à Marquês de Sapucaí para disputar a Série Ouro do Carnaval Carioca.

Um dos membros da tripulação do ‘Botafogo’, chamado João de Sousa Pereira – um nobre originário da cidade de Elvas –, tornou-se famoso uma vez que era o responsável pela artilharia do navio, ganhando o apelido do navio, que incluiu no seu sobrenome.

Postal colorizado do Pavilhão de Regatas. Fonte: fotolog.terra.com.br.

Mais tarde, quando João de Sousa Pereira Botafogo se estabeleceu no Brasil, lutou contra os franceses e contra os índios Tupi. Como recompensa, a Coroa Portuguesa doou-lhe terras junto da baía de Guanabara, passando essa área a ser conhecida por Botafogo, atendendo ao sobrenome do detentor das terras.

E foi assim que nasceu o também famoso bairro chamado de Botafogo, na Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro, junto às águas guanabarinas de uma enseada onde, em 1891, um grupo de remadores dissidentes do Clube Guanabarense fez nascer o Grupo de Regatas Botafogo, que se oficializou como Club de Regatas Botafogo em 1894, após a trágica morte do seu líder Luiz Caldas por razões políticas.

De glórias aquáticas inesquecíveis, o novo clube sagrou-se campeão carioca em 1899 e 1º campeão brasileiro de qualquer modalidade desportiva em 1902, com Antônio Mendes de Oliveira Castro ao comando da invencível embarcação Diva – o que lhe dá a inédita honraria de ‘Único Campeão Brasileiro em 3 Séculos’.

Palacete Mourisco utilizado pelo Club de Regatas Botafogo. Fonte: brasilianafotografica.bn.gov.br / IMS

O Pavilhão de Regatas, fundado em 1906 durante a administração de Pereira Passos, era a maior glória desportiva da época em que o remo ainda superava o futebol e tornava os ‘domingos de regatas’ o mais grandioso acontecimento desportivo assistido pelo povo carioca.

E o enredo continuará no Largo dos Leões onde um grupo de rapazes de 15 anos jogava à bola e acabou por fundar o Botafogo Football Club em 1904, que se tornou o Glorioso após ser campeão em 1910 com goleadas sobre os seus adversários, incluindo o poderoso Fluminense batido por 6x1, na maior goleada em jogos de decisão da Era Amadora do futebol carioca.

E enquanto os remadores conquistavam páreos épicos nas águas guanabarenses e ‘habitavam’ o belíssimo Palacete do Mourisco, os futebolistas conquistavam o épico tetracampeonato carioca sob a artilharia de Nilo e de Carvalho Leite, jogavam no estádio mais bonito do Brasil desde 1938 e ‘habitavam’ o Palacete Colonial designado por ‘Casarão’.

Palacete de General Severiano, o ‘Casarão’. Fonte: riodejaneirosecreto.com / FlashMoments.

E num famoso jogo de basquetebol entre o Botafogo Football Club e o Club de Regatas Botafogo, em 1942, o nosso atleta Armando Albano caiu fulminado em quadra por uma parada cardíaca. Meses depois os dois clubes protagonizaram a sua fusão tornando-se num só – o Botafogo de Futebol e Regatas!

Estávamos então na década de 1940 quando surgiram diversos mascotes, como o resmungão americano ‘Pato Donald’ vestido alvinegro pelo chargista argentino Lorenzo Molla, o belga ‘Manequinho’ que afrontava os costumes cariocas mais puritanos e finalmente o brasileiríssimo Biriba fruto das mil e uma superstições de Carlito Rocha e que nos alcunha de ‘Cachorrões’ até aos dias de hoje.

E foi nessa década e seguintes que surgiram o elegante e polêmico Heleno de Freitas, a ‘Enciclopédia’ Nilton Santos, o ‘maior driblador de todos os tempos’ Garrincha, o ‘Príncipe Etíope’ Didi, a ‘Formiguinha’ Zagallo, o ‘Possesso’ Amarildo, o ‘artilheiro que não sorria’ Quarentinha, o ‘Furacão’ Jairzinho, entre outros craques de futebol, assim como o grande presidente dos títulos e da criação das sedes Paulo Azeredo, que depois do tetra na década de 1930 retornou à presidência na década de 1950 até 1963 e nos levou à glória com títulos nacionais e sul-americanos oficiais em diversas modalidades desportivas como atletismo, basquetebol, futebol, natação, polo aquático, voleibol, com atletas olímpicos em representação do Clube e muitas andanças por mais de cem cidades estrangeiras difundindo o estandarte do Glorioso da Estrela Solitária.

Estádio Olímpico Nilton Santos. Crédito: Vitor Silva / Botafogo.

Um enredo de “Uma Gloriosa História em Preto e Branco” da Botafogo Samba Clube que se estende das origens até aos nossos dias e passa ainda pela redenção do Clube, retoma do ‘Casarão’, conquista do campeonato de futebol de 1995, cessão do olímpico estádio Nilton Santos e muitas outras histórias que paulatinamente foram construindo o nosso esplêndido CLUBE!

Em suma: um Nome [Botafogo] de origem Portuguesa [navio São João Baptista], uma Estrela [Estrela D’ Alva] originada na estratosfera e adotada pelos remadores [Club de Regatas Botafogo], uma Camisa [Alvinegra] inspirada numa equipe italiana de futebol [Juventus], o epíteto Glorioso nascido diretamente de valentes rapazes do Largo dos Leões [Botafogo Football Club], uma fusão há muito tempo anunciada [Botafogo de Futebol e Regatas] que foi tão dramática e quanto virtuosa, uma sede colonial belíssima [Casarão], um estádio olímpico [Nilton Santos, o ‘Niltão’] – um verdadeiro caleidoscópio colorido a preto e branco!

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