por RUY MOURA |
Editor do Mundo Botafogo
Após a 2ª derrota em dois jogos, os pessimistas
vislumbraram o Botafogo fora da Libertadores e da Copa Sul-americana; os
realistas (como eu) admitiram que ainda podíamos conseguir a classificação para
a Sul-americana; os otimistas mantinham o foco na classificação. Felizmente foram
estes que desta vez acertaram, e tomara que acertem muito mais vezes.
Porém, diz-se – e até o treinador o disse em Coletiva –
que jogamos mal. Pois é… E em alguma das partidas da Libertadores jogamos realmente
bem?
Quando L. Castro chegou à liderança do Brasileirão em
2023 fizemos realmente algum jogo bom, ou oferecemos a posse de bola,
segurámo-nos na defesa e espreitávamos uma falha adversária para marcar o gol
da vitória, como, por exemplo, contra o Palmeiras?
Em boa verdade, ninguém jogou bem em Lima, porque ambas
as equipes entraram no jogo muito condicionadas por saberem que quem perdesse
ficaria eliminado na fase de grupos.
O Botafogo não jogou para fazer bonito, embora se
admita ter melhor plantel do que o adversário, entrou tenso, tal
como o Universitario, mas manteve o foco durante todo o jogo e numa jogada de
toque perfeito de Savarino e remate cirúrgico de Jeffinho, venceu a partida.
Basta analisar as estatísticas do jogo e verificar que
apesar do Universitario efetuar 16 remates, deter 57% de posse de bola e
beneficiar de 11 escanteios, rematou apenas por duas vezes enquadrado na baliza
e sem perigo; quanto ao Botafogo, fez apenas 5 remates, teve 43% de posse de
bola, nenhum escanteio e apenas rematou uma vez enquadrado à baliza – e nesse
remate inaugurou o marcador e ganhou a partida e a classificação.
O que se viu foi, sobretudo, duas equipes atuando para
evitar levar um gol do adversário, truncando muito o jogo no meio campo de
ambos, com lances muito repartidos e sem continuidade de ataque.
Desde o início do jogo o Botafogo não conseguiu controlar
a partida e a distribuição a partir do meio campo era muito deficiente. No
entanto, apesar disso, o Botafogo lograva maiores espaços, por conta dos ataques adversários que espaçavam mais as linhas, e houve um bom remate
de Marlon Freitas que passou ao lado e, principalmente, um pênalti a nosso
favor não assinalado por mão de Benedetto na área.
No entanto, pode-se dizer que o Universitario tentou
mais vezes o ataque, mas a defesa do Botafogo não brincava em serviço, mantinha
os peruanos afastados da baliza e concedia escanteios e laterais com alívios de
primeira.
Garrincha tinha a famosa ‘jogada única’; o Universitario
também, com ataques principalmente pelo lado direito para marcar em jogo aéreo,
seja em jogo corrido ou em escanteios resultantes dessa jogada. A diferença é
que a jogada única de Garrincha era puramente emocional e criativa, enquanto a
jogada única do Universitario foi feita apenas de lógica tática e sem nenhuma
qualidade técnica.
E assim o Botafogo foi dando mais posse de bola ao
adversário, truncando o jogo a meio campo e despachando a bola sempre que ela
chegava à defesa E de tantos ataques e remates do Universitario, quantos foram
verdadeiramente perigosos?... O saldo foram dois remates à baliza,
tranquilamente defendidos com ambas as mãos por John. Perigo verdadeiro foi
zero.
Já o Botafogo, que fez uma primeira parte muitíssimo
pouco inspirada, teve dois momentos sublimes para inaugurar o marcador no
segundo tempo. Aos 63’ Júnior Santos recebeu um passe rápido e muito eficaz de
Luiz Henrique, o nosso ‘Guerreiro-Mor’ passou por entre os dois marcadores mas
atirou ao lado da baliza já no bico da pequena área adversária.
E depois entrou Jeffinho para definir a história do
jogo. No meio campo, um jogador peruano aliviou mal a bola em direção aos seus
companheiros, Savarino chegou como um raio entre dois peruanos que iam disputar
a bola, enfiou-a de primeira para Jeffinho solto na ala direita, que disparou
para a baliza e ainda teve o sangue-frio para ajeitar a bola e rematar
vitoriosamente aos 77’.
E desde o gol de Jeffinho, foram os clássicos
catimbeiros peruanos a querer repor a bola em jogo rapidamente, ainda com
vontade de combater, mas sem armas para vencer a retaguarda botafoguense onde
Cinco destaques: Bastos, que imperou naquele
que foi, provavelmente, o melhor jogo que fez pelo Botafogo; Savarino, na
sua intercepção súbita e eficaz no passe para o gol; Jeffinho, com uma corrida
perfeita e uma tranquilidade suficiente para marcar o gol da vitória; e… o
combatente ‘Jacaré’, o ‘Guerreiro-Mor’ Júnior Santos, que parece
estar em toda a parte; e finalmente, Empenho e Superação da Equipe numa competição exigente
por si só e ainda mais exigente para se conseguir a redenção que poucos de nós esperávamos.
Parabéns à comissão técnica e a todo o plantel botafoguense!
FICHA TÉCNICA
Botafogo 1x0 Universitario
» Gols: Jeffinho, aos 47’
» Competição: Copa Libertadores da América
» Data: 16.05.2024
» Local: Estádio Monumental U, em Lima, Peru
» Árbitro: Cristián Garay (Chile); Assistentes: Alejandro
Molina (Chile) e Gabriel Ureta (Chile); VAR: Christian Ferreyra (Uruguai)
» Disciplina: cartão amarelo – Danilo Barbosa e Bastos
(Botafogo) e Di Benedetto e Ureña (Universitario)
» Botafogo: John; Damián Suárez, Lucas Halter, Bastos e
Hugo; Danilo Barbosa, Marlon Freitas e Tchê Tchê (Patrick de Paula); Luiz
Henrique (Jeffinho), Júnior Santos e Savarino (Yarlen). Técnico: Artur Jorge.
» Universitario: Britos; Corzo, Riveros e Di Benedetto; Andy
Polo, Pérez Guedes (Calcaterra), Murrugarra (Concha), Ureña (Dorregaray) e
Portocarrero; Edison Flores (Christofer Gonzáles) e Alex Valera (Rivera).
Técnico: Fabián Bustos.
2 comentários:
O Botafogo do Artur Jorge foi pragmático, aprendeu pelo menos ontem o que é uma Libertadores, principalmente na casa do adversário, que se vale sempre de picotar jogadas com a complacência do árbitro e inteligentemente soube explorar o desespero do Universitário. Realmente o time não foi bem, parecia que faltava uma ligação no meio, mas eu pergunto: será que não foi isso mesmo que a comissão técnica e os jogadores queriam? O Universitário não teve a chance sequer ao longo de todo o jogo.
Realmente o Bastos foi um gigante, que zagueiro! Não poderíamos deixar de falar do autor do gol que que parte da torcida o quer longe,assim como também o LH. A falta de paciência de uma grande parte da torcida as vezes atrapalha o time, principalmente porque alguns jogadores ainda não adquiriram a forma depois de contusões e as vais não ajudam nem um pouco. A falta de paciência é tão grande que depois da derrota para o Cruzeiro já decretaram o Botafogo iria brigar para não cair, o mesmo quando perdeu para o Bahia.
Também gostei no jogo de ontem o Savarino, que passe preciso, de cinema, e do Marlon Freitas.
Agora a comissão técnica e o time terão pelo menos uma semana livre para treinar, algo que o Artur Jorge não breve desde que chegou. Estou gostando muito do trabalho do AJ, conseguiu em pouco tempo dar uma coesão maior ao time, e nas suas coletivas se mostra bastante lúcido e realista , sabendo que ainda há muito a ser feito. Abs e SB!
Este Botafogo é realmente pragmático e faz lembrar muito o Botafogo/2023 antes do descalabro. A tática foi entregar jogo ao adversário, mas na verdade não surtiu muito efeito a nosso favor durante a maior parte do tempo porque jogamos com linhas desligadas e não controlamos o jogo. Verdade se diga é que o Universitario também não e este Botafogo mostrou ser osso duro de roer para qualquer adversário, apesar de continuar muito desequilibrado em termos de valores individuais e isso prejudicar a qualidade de jogo, o que pode ser amargo contra adversários muito bem organizados.
Veremos o que vem por aí, mas não estou muito confiante em novas contratações de qualidade suficiente na janela de transferências.
O Bastos tem a vantagem de ser um 'coringa', porque já jogou nas 4 posições da defesa ao longo da sua carreira. Não é um craque, mas mesmo que venha alguém melhor do que ele, será sempre uma mais valia para qualquer posição defensiva necessária.
O Savarino precisa que Botafogo tenha um melhor ataque para desenvolver as suas qualidades de assistência, mas quanto ao LH não sou da mesma opinião que o Sergio, porque para o dinheirão que custou está muito aquém dos benefícios que deveria nos dar. Um jogador tão propangadeado tem que dar mais, e receio que o JT tenha sido enganado. Esperemos que não e que o futuro justifique a aquisição.
O AJ encaixou bem no Clube e na equipe. Penso, aliás, que na Era John Textor foi o que mais depressa encaixou na nossa cultura clubista. O L. Castro levou muito mais tempo, e nunca encaixou verdadeiramente no nosso espírito. A conversa da "família Botafogo" nunca me pareceu natural, mas sim forçada. O Lage muito menos encaixou e não chegou a entender Botafogo, e o L. Flávio e o T. Nunes não encaixaram nem desencaixaram, estiveram perdidos desde o início até ao fim.
Tenho esperança que sejamos beneficiados com a paragem do Brasileirão, recuperando lesionados e, sobretudo, com tempo para treinar, para pensar novas jogadas, traçar novas táticas, consolidar a união do grupo e a sua capacidade de combate.
Abraços Gloriosos.
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