por SANDRO MOREIRA |
Especial para o ‘Diário da Noite', 1961
Após cinco jogos invictos em Lima, o ponteiro
Garrincha ficou sendo a grande figura do time do Botafogo. O atacante conseguiu
atuações espetaculares, fabricou um novo grupo de “João”, firmando
definitivamente cartaz de homem imarcável. A maioria dos jornais peruanos teceu
elogios rasgados às atuações do ponteiro. “La Crônica”, por exemplo, afirmou
que “dos jogadores do Botafogo, o mais
temido e famoso – sem menosprêzo aos demais – é o desconcertante Garrincha, o
homem das pernas raras”.
– PACO
Garrincha iniciou a temporada na capital
peruana dando verdadeiro baile, em seu marcador, Fleming. No jôgo seguinte,
Cruzado tinha o mesmo destino. Chegamos ao encontro contra o Sport Boys. Os
jornais locais descobriram o “salvador da honra do futebol peruano”: Paco
Andrade ia parar Garrincha.
Um dia, pela manhã, Paco Andrade depois de
anunciar que marcaria Garrincha “a centímetro”, apareceu no Hotel Claridge.
Pediu para falar ao ponteiro. Garrincha apareceu, mas Paco não falou,
limitando-se a examinar-lhe os joelhos. Parece que o jogador queria constatar,
pessoalmente, a forma estranha dos joelhos “garrinchianos”. Paco não disse
nada. Virou as costas e saiu, enquanto Garrincha, intrigado, comentava: – “Acho que êsse ‘cara’ é maluco…”
No dia seguinte, todo o estádio Nacional, de
Lima, esperava o duelo: Paco Andrade x Garrincha. Veio a primeira bola. Paco
estufou o peito e… nem viu Garrincha passar.
Daí em diante o baile só mudou de ritmo, mas
o ponteiro fez misérias, dando um verdadeiro “show extra”.
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