sábado, 7 de dezembro de 2024

Embalos de uma apoteose em preto e branco

Fonte: Botafogo F. R.

por ALEXANDRE CARAUTA | Jornalista e professor da PUC-Rio

Esquinas do Esporte | vejario.abril.com.br

«Nada de azar, forças ocultas, de sofrência. Nada de surpresa. Até as vigas do estádio portenho sabiam: qualquer acaso, mesmo uma expulsão aos 40 segundos, acabaria ofuscado pelo brilho botafoguense.

Desta vez nenhuma travessura dos deuses sabotaria o destino. A conquista da América é um nocaute da justiça sobre o imponderável.

Justiça com a História. O futebol não seria o que é sem o Botafogo, sem poetas como Heleno, Amarildo, Nilton Santos, Didi, Gérson, PC Caju, Jairzinho. Teria bastado Garrincha.

Justiça com as histórias do campo e da arquibancada. Dos heróis irreverentes. The Flash, Pantera, Túlio Maravilha, Loco, e outros que, feitos de brisa, cativam além dos gols, das vitórias, dos troféus. Justiça com a mística alvinegra, a incomparável mística alvinegra. Eis que dela brota novamente um Camisa 7 para decidir a parada. Insinuante, liso, ironicamente canhoto. Tinha de ser um Camisa 7.

Justiça com as rezas, as superstições, a perseverança sincrética. Ninguém agora liga se os anjos tardaram em atendê-las. “Liberta no papo” tem 13 letras, festejaria Zagallo.

Justiça com a torcida e sua psiquê, orgulhosamente parodiada pelo documentarista Luís Nachbin. Justiça com o amor banhado de listras à beira da Enseada. Mais do que homônimos, o bairro, a praia, o clube ali nascido eram uma rima perfeita, um domingo de carnaval: a galera e os campeões numa apoteose tão vibrante quanto um samba da Beth.

Justiça com o epíteto fiel às preciosidades esportivas, socioculturais, simbólicas da agremiação criada em 1894. Fiel às glórias cuja eternidade precede slogans.

Justiça com o melhor time do ano, um dos melhores dos últimos tempos. Comunhão entre a grana aportada pela SAF de John Textor, o elenco virtuoso, equilibrado, e a consistência tática orquestrada pelo técnico Artur Jorge. Os olheiros também bateram um bolão.

Time da moda, dizem as esquinas. Nem tanto. O Botafogo de Luiz Henrique, Almada e Savarino, de Marlon, Igor Jesus e Júnior Santos caminha sobre um chão de estrelas, acima do efêmero. Emana a perenidade celebrada por Eduardo Galeano no conto “A festa”:

“Enquanto acontecia, essa alegria estava já sendo recordada pela memória e sonhada pelo sonho. Ela não terminaria nunca, e nós tampouco, porque somos todos mortais até o primeiro beijo e o segundo copo, e qualquer um sabe disso, por menos que saiba”.»

Fonte: https://vejario.abril.com.br/coluna/esquinas-do-esporte/embalos-de-uma-apoteose-em-preto-e-branco

4 comentários:

Anónimo disse...

Ruy e amigos,

Segundo um comentário de um Glorioso, sábado passado, dia 30/11, foi o aniversário de 50 anos do último jogo do Botafogo em General Severiano. Será um marco do fim de uma era e o início de uma nova, Gloriosa?
E amanhã, 08/12, dia da Imaculada Conceição e aniversário do Botafogo de Futebol e Regatas... será uma nova data histórica?
Saudações Gloriosas!

Émerson Rebelo.

Sergio disse...

Mais um texto daqueles para ser guardado por todos o botafoguenses. Abs e SB!

Ruy Moura disse...

Sim, Émerson, tudo isso é verdade, dia 30.11 como...amanhã!
Abraços LIBERTADORES!

Ruy Moura disse...

Belos textos sairão desta fabulosa saga botafoguense. Todos para mais tarde recordar.
Abraços LIBERTADORES!

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