quinta-feira, 3 de abril de 2025

Botafogo 0x1 Universidad de Chile – futebol sem garra nem prazer

Crédito: Vitor Silva / Botafogo.

por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo

A partida contra o Palmeiras pelo início do campeonato brasileiro, embora tenha evidenciado, conforme dito na análise do MB sobre o jogo, “uma equipe diminuída no ataque precisamente por perda dos três desequilibradores que saíram da equipe campeã – Luiz Henrique, Thiago Almada e Júnior Santos”, mostrou também um padrão de jogo coletivo do qual se esperaria, na partida seguinte, melhor entrosamento e menos ineficácia atacante. Porém, repetiu-se a cena anterior de “desperdícios no ataque por falta de um ‘matador’”.

Em boa verdade, Igor Jesus, Santiago Rodríguez e Matheus Martins, os três atacantes, falharam sucessivamente remates que poderiam ter sido melhor resolvidos.

Acresce, ainda, além do entrosamento, a questão da preparação física da equipe para aguentar um jogo inteiro atuando com intensidade, como o MB já escrevera na análise ao jogo contra o Palmeiras: "ainda é notória a necessidade de maior entrosamento e de melhoria do aspecto físico para o pacote de jogos que se vão realizar de 3 em 3 dias".

Neste jogo o Botafogo ensaiou novamente a posse de bola, dominou as ações no primeiro tempo, mas, diga-se, a única verdadeira oportunidade criada cara a cara com o goleiro foi a favor do Universidad, que chutou para fora.

O jogo coletivo do Botafogo foi de posse de bola burocrática, sem penetração na área adversária e fácil de desmontar por uma defesa adversária bem posicionada e marcando bem os nossos jogadores, os quais não tiveram golpe de asa para desequilibrar e romper a barreira do Universidad à frente da grande área.

Em matéria de contra-ataque o Botafogo não o fazia com a bola no gramado, mas em lançamentos longos à espera da sorte, que não chegou porque se usou e abusou de lançamentos desconexos que acabavam por se perder pelas linhas laterais ou pelos alívios dos defensores sempre muito em cima do atacante alvinegro mais avançado que nunca conseguiu dominar a bola.

Em suma, lançamentos imitando o estilo Didi, Gérson ou até Savarino, mas sem nexo nem direção, serviram apenas para fazer brilhar as defesas adversárias. E atacava-se apenas desse modo: lançamentos longos sem qualidade ou posse de bola até perto da grande área do Universidad, mas nunca dentro da área, nem sequer centros para tentar a sorte de uma boa cabeçada.

Ao intervalo o torcedor já estava cansado de um jogo burocrático e sem emoção, mas esperar-se-ia que na segunda parte o treinador desse alento à equipe e o cenário mudasse de figura.

Mudou. A favor do Universidad. Com duas substituições estratégicas ao intervalo, os chilenos ensaiaram contra-ataques e acabaram por inaugurar o marcador novamente cara a cara com John – mas desta vez com a bola no fundo das redes.

Um minuto depois Renato Paiva fez as primeiras substituições, mas parece que de elenco estamos fracos, porque nada mudou a não ser a ascensão do futebol chileno que continuava em contra ataques contra uma equipe burocrática, sem golpe de asa, sem um drible desconcertante para desequilibrar, sem capacidade de entrar na área.

Ora, se contra o Palmeiras fora conseguimos dominar as ações com maior perigo, tratando-se de uma equipe de 2º nível como a do Universidad, a nossa obrigação seria ainda maior – ganhar ou, no mínimo, apesar do dito ‘jogo posicional’ ineficaz, empatar a zero mercê de um domínio burocrático. Porém, nem isso.

Em comparação com o jogo inaugural do Brasileirão, tivemos mais posse burocrática da bola, menos velocidade, menos penetração na área, menos chances de gol.

Foi um pobre campeão que acabou quase se arrastando na 2ª parte do jogo e totalmente controlado na parte final, quando deveria ter-se mostrado capaz de pressionar e encontrar alguma variação mais criativa.

Se rapidamente não melhorarmos a criação do meio-campo, a velocidade, a qualidade dos passes longos, a variação súbita e rápida de flancos, a capacidade de centrar a partir da linha de fundo e a penetração em zonas defensivas, dificilmente poderemos competir com aqueles que sabem entregar a bola ao adversário e explorar as suas fraquezas defensivas, como foi o caso no gol solitário em que Jair não estava no local próprio.

Finalmente, se o ataque é frágil, a expulsão de Igor Jesus piora um pouco as nossas chances de fazer gols.

Aguenta, coração…

FICHA TÉCNICA

Botafogo 0x1 Universidad de Chile

» Gols: Di Yorio, aos 59’

» Competição: Copa Libertadores da América

» Data: 02.04.2025

» Local: Estádio Nacional de Chile, no Chile

» Público: 42.763 espectadores

» Árbitro: Esteban Ostojich (Uruguai); Assistentes: Martín Soppi (Uruguai) e Agustín Berisso (Uruguai)

» Disciplina: cartão amarelo – Patrick de Paula, Gregore, Jeffinho e Igor Jesus (Botafogo) e Leandro Fernández, Sepúlveda, Aránguiz e Nico Guerra (Universidad); cartão vermelho – Igor Jesus (Botafogo)

» Botafogo: John; Vitinho, Jair, Alexander Barboza e Alex Telles; Gregore, Marlon Freitas (Allan) e Patrick de Paula (Elias Manoel); Matheus Martins (Artur), Igor Jesus e Santiago Rodríguez (Jeffinho). Técnico: Renato Paiva.

» Universidad de Chile: Castellón; Nicolás Ramírez, Calderón e Zaldívia; Hormazábal, Marcelo Díaz (Montes), Sepúlveda (Castro), Aránguiz e Atamirano (Poblete); Leandro Fernández (Nico Guerra) e Di Yorio (Contreras). Técnico: Gustavo Álvarez.

2 comentários:

Sergio disse...

Ontem achei o time confuso, afobado, rifando a bola e sem lançamentos objetivos, pouco criativo, faltou movimentação, meio campo pouco participativo, time muito espaçado, erros de passes num número absurdo, alguns jogadores que renderam muito pouco como o Mateus Martins, Santiago Rodrigues e PK.
Mesmo não estando bem, o Savarino faz falta, pois da mais lucidez as jogadas de ataque.
Recordando a temporada passada, o Botafogo nos 3 primeiros jogos das duas competições mais importantes foi muito semelhante ao que nos vimos ontem, apesar da heróica classificação contra o Bragantino, nas duas derrotas na LA e no campeonato brasileiro, pois mesmo na primeira vitória contra o Atlético Goianiense o time se mostrou com muitos defeitos. Felizmente o time foi se acertando aos poucos, o que espero que aconteça neste ano, mesmo sem o Luís Henrique e o Almada.
Outro fator que outro fator acredito que possa ter prejudicado a equipe é a falta de ritmo de jogo.
Ainda acho muito cedo para tirarmos conclusões tanto o trabalho do treinador quanto o dos atletas, prefiro esperar mais, e torcendo para que a equipe se acerte. Abs e SB!

Ruy Moura disse...

Sergio, quanto a mim o Matheus Martins nunca rendeu cisa alguma à excepção de um jogo contra o Flamengo em que goleamos por 4x1 com 2 gols deles. Desde antes e depois desse jogo tem valido zero.

"Confuso, afobado, rifando a bola e sem lançamentos objetivos, pouco criativo, faltou movimentação, meio campo pouco participativo, time muito espaçado, erros de passes num número absurdo".- disse tudo Sergio!

Esperemos que o RP acerte tão depressa quanto acertou o AJ. Porém, não tenho certeza disso, pelo menos enquanto não houver novos reforços no ataque.

Abraços Gloriosos.

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