Lenda de amores e liberdade do Azinhal
Fonte: AA. VV. (2007).
Arquivo do CEAO (Recolhas Inéditas) Faro, n/a. Coletor: Helder Manuel Marcos.
«Diz a lenda que antigamente, no
local que hoje se chama Azinhal, existia um nobre muito poderoso e que era dono
de muitas terras e que esse nobre tinha uma filha muito bela e que estava
habituada a satisfazer todos os seus desejos.
Um dia essa rapariga conheceu um
jovem cavaleiro, que era também muito belo e por quem se apaixonou. Só que esse
jovem jurara a ele próprio que nunca havia de se apaixonar por ninguém e que
queria ser livre para sempre.
Entretanto, o jovem não conseguiu
resistir ao encanto da jovem e apaixonou-se mesmo por ela. Então, a rapariga,
impôs-lhe como condição, antes de se entregar, que ele renunciasse à sua
liberdade.
Então o cavaleiro, desesperado e
sem saber o que fazer da sua vida, correu até um montado de azinheiras e ao
chegar junto de uma árvore cravou um punhal de ouro no coração e morreu.
Diz-se ainda hoje que este jovem
costuma aparecer durante a noite com o peito ferido e a sangrar e que também se
ouvem suspiros e o choro de uma jovem.
A lenda diz também que os dois
continuam a amar-se eternamente e que ela, sempre a chorar, vai fazendo, vai
tecendo finas rendas para tentar estancar o sangue que sai do coração do seu
amado.
Foi também a partir desta lenda que terão surgido as rendas de bilros que são também hoje muito conhecidas na aldeia, que algumas mulheres ainda continuam hoje em dia a fazer.»
A lenda do sapo e do mouro do
castelo de Castro Marim
Fonte: Facebook Lendas de
Portugal
«Em 1320, a vila de Castro Marim foi doada por D. Dinis a Ordem de Cristo,
que ali se manteve até ser transferida para Tomar. Conquistada aos mouros por
D. Afonso III, a vila recebera foral em 1277. Campo de numerosas batalhas,
Castro Marim viu o seu castelo mudar de bandeira um par de vezes. Ora hoje
moura, ora amanhã cristã, ali há também um alfobre de lendas de mouros encantados.
Infelizmente a memória de muitas delas perdeu-se, sobretudo no que se refere a
pormenores. E ainda bem que Ataíde Oliveira (1843-1915) entendeu colecionar
quanto pôde – e muito foi! – da tradição algarvia. Não fora ele e nada saberíamos
de um certo sapo.
Que sapo? Pois um que havia no sítio da Espargosa, numa horta próxima de
Castro Marim. Não era um sapo qualquer, era um mouro encantado. Muita gente da
vila o viu, mas a partir de determinada altura, desapareceu. Tanto quanto se
diz, desapareceu porque se quebrou, por fim, o seu encantamento. Porém, nessa
mesma hora foram vistas, pela meia-noite, algumas mouras, pertencentes a outros
encantamentos!
E também foram vistas ao meio-dia, que é a hora em que costumam pentear os
seus cabelos com pentes de ébano, decorados com embutidos naquele precioso
metal. Houve quem as visse.
Por outro lado, os notívagos de Castro Marim, quando lançam o olhar pelas arruinadas muralhas da sua vila, às vezes topam com um mouro a passear por lá. A lenda diz que o mouro era um homem riquíssimo e que em tempos protegeu uma família, ainda que as pessoas se tenham esquecido porquê! É o mouro do castelo, e pronto.
Igualmente registou, Ataíde Oliveira, que no arco de Herveira, ainda nas
imediações de Castro Marim, ao meio-dia e à meia-noite, mouros e mouras
encantadas apareciam a quem por lá passava.
Uma proprietária daqueles sítios, certa noite, enfrentou-se com uma figura,
a quem por diversas vezes atirou o seu punhal, sem lhe poder acertar. Por outro
lado, a tal figura também não a conseguiu agarrar. Acabou esta por desaparecer
e a senhora, ao chegar a casa, viu que tinha o corpo como se lhe tivessem
batido! As pessoas até diziam que tinha sido uma luta da senhora, que se
chamava Ana Faísca, com um bicho monstruoso, por causa do desencanto de um
mouro. A senhora não negava a luta, mas não aceitava a motivação...
Também para os lados das Vargens de Belixe, reza outra lenda que ao
meio-dia se escutava «ais» lamentosos que vinham do meio da terra. Muita gente
lá terá ido ouvi-los, mas ninguém se deu ao trabalho de averiguá-lo! Contava-se
também nos serões desta vila a história dos nove mouros encantados. O próprio
Ataíde Oliveira diz que pediu a um amigo que lhe arranjasse os termos da
história, mas ele não conseguiu descobrir nada, estava tudo esquecido! E o
grande investigador algarvio atribui à ação dos frades a culpa da destruição da
memória destas lendas.»
3 comentários:
O perigo é cair da cachoeira... rsrs
Depois da SAF já não penso em cair seja em que situação for... (rsrsrs)
Rsrsrs... perfeito!
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