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O Engenhão estava praticamente vazio, mas quem lá foi não regateou apoio à equipa que estreava um novo treinador. E a vitória sorriu por 2x1 sobre o Coritiba através de uma providencial bola no braço e mais uma grande penalidade perfeita de Lúcio Flávio.
Sendo um jogo mediano e de transição no desempenho da equipa, valerá a pena fazer algumas notas que considero importantes neste momento.
Em primeiro lugar, deve-se realçar que os acontecimentos dos Aflitos foram bem digeridos e parece que ninguém em campo se lembrava do que se passou, o que mostra uma boa capacidade de fazer ‘tábua rasa’ de acontecimentos que não interessam manter vivos no quotidiano dos jogadores.
Em segundo lugar, assinalar que Geninho mudou o esquema do ex-treinador. Apresentou um 3-6-1 que apenas funcionou durante uma parte do desafio e deixou Wellington Paulista mais isolado ainda do que é costume. Pelo menos por enquanto não há alternativa a Wellington Paulista e, por isso, não me parece que um esquema de atacante único seja promissor. WP é, aparentemente, um excelente rapaz, mas também é mediano. WP precisa de alguém ao seu lado e, segundo as minhas observações, as melhores partidas dele foram jogadas ao lado de Jorge Henrique, com quem se entendeu sempre bem.
Nesta fase o 3-6-1 não funciona. O esquema deve adaptar-se às características das equipa, como chegou a referir Geninho, e não o inverso. Além disso, o meio-campo ficou tão povoado que não se entendeu verdadeiramente.
Não obstante, a equipa iniciou o desafio para marcar cedo, pressionou um adversário muito desfalcado que ficou pelo menos durante 45 minutos sem saber bem o que fazer. Logo aos 6 minutos Luciano Almeida perdeu um gol incrível de baliza aberta e aos 19 minutos, após um lançamento lateral muito rápido de Luciano Almeida, Carlos Alberto estreou-se a marcar e fez 1x0, chutando completamente livre à entrada da área.
Tudo parecia bem encaminhado, com o Botafogo a jogar razoavelmente bem, mas na verdade, após o gol, o Botafogo desacelerou, ficou a gerir o resultado e nada de mais importante aconteceu.
Neste primeiro tempo percebeu-se que Geninho procurou abandonar a tendência de afunilamento do ex-treinador para a cabeça da área, utilizando bastante os alas. Porém, o Botafogo não tem velocidade e a preparação da equipa continua num estado deplorável. Desde a final Taça Rio a preparação e a respectiva qualidade de jogo diminuiu consideravelmente.
Geninho tem como grande tarefa recuperar rapidamente o estado físico da equipa e a qualidade de passe. Apesar de um primeiro tempo favorável, o Botafogo não conseguiu imprimir a velocidade suficiente nos alas e a qualidade de passe continua má como antes. Os adversários antecipam-se muitas vezes por conta da lentidão da equipa.
O segundo tempo permaneceu em ritmo lento e sem ofensividade do Botafogo, que decresceu de produção por falta de pernas. Zé Carlos poderia ter ampliado com um chute de longe aos 13 minutos, mas foi o Coritiba que obrigou Renan a uma boa defesa e, aos 21 minutos, Edson fez penalidade máxima convertida pelo Coritiba.
Mais uma vez se percebeu a falta que Ferrero faz na equipa. Sabe-se que Ferrero estava barrado porque, alegadamene, o antigo treinador não o achava suficientemente veloz. Porém, desde que Ferrero saiu da equipa a defesa quebrou e com a saída de Triguinho voltou-se mais ou menos aos tempos de 2008. Ferrero era o único defensor que saia a jogar, porque os demais – Renato, André Luís, etc., – são jogadores de chutão para a frente. Geninho está perante um dilema que tem que resolver rapidamente: escalar Ferrero ou assumir que Ferrero está em fase de transferência e a ser protegido de eventuais lesões.
Com o gol do empate Geninho fez sair Túlio – visivelmente diminuído fisicamente – e substituiu-o por Fábio. O ataque melhorou um pouco, mas não o suficiente, porque Fábio não é jogador para o Botafogo.
A segunda parte decorreu, de certo modo, com uma gestão tranquila do Coritiba, que parecia satisfeito com o empate. O Botafogo não tinha velocidade, Carlos Alberto praticamente já se esgotara fisicamente e somente aos 35 minutos o Botafogo resolveu atacar um pouco mais e levar perigo à baliza adversária. Wellington Paulista ia marcando de cabeça aos 36 minutos e, aos 39, após bicicleta do mesmo atleta, interceptada pelo braço providencial do defensor do Coritiba, o árbitro assinalou grande penalidade.
Mais uma vez Lúcio Flávio bateu incrivelmente bem a penalidade máxima e fez o gol da vitória. Aliás, Lúcio Flávio é mais um exemplo de quem precisa voltar ao lugar em que sabe jogar, tal como outros jogadores do Botafogo. Lúcio foi melhor que nos últimos jogos, mas precisa reencontrar-se ao seu próprio estilo.
Finalmente, a expulsão de Carlos Alberto aos 47 minutos do 2º tempo... Geninho prometeu serenidade, mas a equipa ainda não a alcançou. A equipa esteve nervosa e Carlos Alberto foi constantemente provocado pelos adversários, que esperavam o revide de um atleta com fama (e proveito) de truculento. Aconteceu no fim do jogo. E não pode repetir-se. A promessa de Geninho é essencial para o Botafogo se reencontrar: serenidade e… confiança e luta durante todo o tempo.
Mais uma vez o que vi foi uma equipa muito mal preparada fisicamente por conta das opções da equipa técnica anterior, lenta e errando muitos passes, mas que lutou em campo como pôde. Acho que vontade não falta. Falta treino, preparação física, esquema adequado aos jogadores e… moral em cima!...
É possível vencer no Beira-Rio. Depende muito do que acontecer durante a semana, mas espero que as opções a fazer sejam as acertadas. Porque penso que tem que haver um ‘Basta!’ de erros técnicos e fazer o Botafogo funcionar. Perder apenas por mérito do adversário e ganhar sempre por seu próprio mérito!
FICHA TÉCNICA
Botafogo 2x1 Coritiba
Gols: Carlos Alberto 19’ 1ºT e Lúcio Flávio 40’ 2ºT; Hugo 21’ 2ºT
Estádio Olímpico João Havelange, o ‘Engenhão’; 08/06/2008
Arbitragem: Alicio Pena Júnior (MG); Márcio Eustáquio (MG) e Helberth Costa Andrade (MG)
Cartões amarelos: Carlos Alberto, Túlio e Fábio (Botafogo); Rubens Cardoso (Coritiba)
Cartão vermelho: Carlos Alberto (Botafogo)
Renan; Alessandro, Renato Silva (Thiaguinho), Edson e Luciano Almeida (Zé Carlos); Leandro Guerreiro, Túlio (Fábio), Diguinho e Lúcio Flávio e Carlos Alberto; Wellington Paulista. Técnico: Eugénio Soto, o ‘Geninho’
Vanderlei; Alex Silva, Felipe, Maurício e Ricardinho (Guaru); Douglas Silva (Marlos), Alê, Rubens Cardoso e Carlinhos Paraíba; Michael (Henrique Dias) e Hugo. Técnico: Dorival Júnior.
Sendo um jogo mediano e de transição no desempenho da equipa, valerá a pena fazer algumas notas que considero importantes neste momento.
Em primeiro lugar, deve-se realçar que os acontecimentos dos Aflitos foram bem digeridos e parece que ninguém em campo se lembrava do que se passou, o que mostra uma boa capacidade de fazer ‘tábua rasa’ de acontecimentos que não interessam manter vivos no quotidiano dos jogadores.
Em segundo lugar, assinalar que Geninho mudou o esquema do ex-treinador. Apresentou um 3-6-1 que apenas funcionou durante uma parte do desafio e deixou Wellington Paulista mais isolado ainda do que é costume. Pelo menos por enquanto não há alternativa a Wellington Paulista e, por isso, não me parece que um esquema de atacante único seja promissor. WP é, aparentemente, um excelente rapaz, mas também é mediano. WP precisa de alguém ao seu lado e, segundo as minhas observações, as melhores partidas dele foram jogadas ao lado de Jorge Henrique, com quem se entendeu sempre bem.
Nesta fase o 3-6-1 não funciona. O esquema deve adaptar-se às características das equipa, como chegou a referir Geninho, e não o inverso. Além disso, o meio-campo ficou tão povoado que não se entendeu verdadeiramente.
Não obstante, a equipa iniciou o desafio para marcar cedo, pressionou um adversário muito desfalcado que ficou pelo menos durante 45 minutos sem saber bem o que fazer. Logo aos 6 minutos Luciano Almeida perdeu um gol incrível de baliza aberta e aos 19 minutos, após um lançamento lateral muito rápido de Luciano Almeida, Carlos Alberto estreou-se a marcar e fez 1x0, chutando completamente livre à entrada da área.
Tudo parecia bem encaminhado, com o Botafogo a jogar razoavelmente bem, mas na verdade, após o gol, o Botafogo desacelerou, ficou a gerir o resultado e nada de mais importante aconteceu.
Neste primeiro tempo percebeu-se que Geninho procurou abandonar a tendência de afunilamento do ex-treinador para a cabeça da área, utilizando bastante os alas. Porém, o Botafogo não tem velocidade e a preparação da equipa continua num estado deplorável. Desde a final Taça Rio a preparação e a respectiva qualidade de jogo diminuiu consideravelmente.
Geninho tem como grande tarefa recuperar rapidamente o estado físico da equipa e a qualidade de passe. Apesar de um primeiro tempo favorável, o Botafogo não conseguiu imprimir a velocidade suficiente nos alas e a qualidade de passe continua má como antes. Os adversários antecipam-se muitas vezes por conta da lentidão da equipa.
O segundo tempo permaneceu em ritmo lento e sem ofensividade do Botafogo, que decresceu de produção por falta de pernas. Zé Carlos poderia ter ampliado com um chute de longe aos 13 minutos, mas foi o Coritiba que obrigou Renan a uma boa defesa e, aos 21 minutos, Edson fez penalidade máxima convertida pelo Coritiba.
Mais uma vez se percebeu a falta que Ferrero faz na equipa. Sabe-se que Ferrero estava barrado porque, alegadamene, o antigo treinador não o achava suficientemente veloz. Porém, desde que Ferrero saiu da equipa a defesa quebrou e com a saída de Triguinho voltou-se mais ou menos aos tempos de 2008. Ferrero era o único defensor que saia a jogar, porque os demais – Renato, André Luís, etc., – são jogadores de chutão para a frente. Geninho está perante um dilema que tem que resolver rapidamente: escalar Ferrero ou assumir que Ferrero está em fase de transferência e a ser protegido de eventuais lesões.
Com o gol do empate Geninho fez sair Túlio – visivelmente diminuído fisicamente – e substituiu-o por Fábio. O ataque melhorou um pouco, mas não o suficiente, porque Fábio não é jogador para o Botafogo.
A segunda parte decorreu, de certo modo, com uma gestão tranquila do Coritiba, que parecia satisfeito com o empate. O Botafogo não tinha velocidade, Carlos Alberto praticamente já se esgotara fisicamente e somente aos 35 minutos o Botafogo resolveu atacar um pouco mais e levar perigo à baliza adversária. Wellington Paulista ia marcando de cabeça aos 36 minutos e, aos 39, após bicicleta do mesmo atleta, interceptada pelo braço providencial do defensor do Coritiba, o árbitro assinalou grande penalidade.
Mais uma vez Lúcio Flávio bateu incrivelmente bem a penalidade máxima e fez o gol da vitória. Aliás, Lúcio Flávio é mais um exemplo de quem precisa voltar ao lugar em que sabe jogar, tal como outros jogadores do Botafogo. Lúcio foi melhor que nos últimos jogos, mas precisa reencontrar-se ao seu próprio estilo.
Finalmente, a expulsão de Carlos Alberto aos 47 minutos do 2º tempo... Geninho prometeu serenidade, mas a equipa ainda não a alcançou. A equipa esteve nervosa e Carlos Alberto foi constantemente provocado pelos adversários, que esperavam o revide de um atleta com fama (e proveito) de truculento. Aconteceu no fim do jogo. E não pode repetir-se. A promessa de Geninho é essencial para o Botafogo se reencontrar: serenidade e… confiança e luta durante todo o tempo.
Mais uma vez o que vi foi uma equipa muito mal preparada fisicamente por conta das opções da equipa técnica anterior, lenta e errando muitos passes, mas que lutou em campo como pôde. Acho que vontade não falta. Falta treino, preparação física, esquema adequado aos jogadores e… moral em cima!...
É possível vencer no Beira-Rio. Depende muito do que acontecer durante a semana, mas espero que as opções a fazer sejam as acertadas. Porque penso que tem que haver um ‘Basta!’ de erros técnicos e fazer o Botafogo funcionar. Perder apenas por mérito do adversário e ganhar sempre por seu próprio mérito!
FICHA TÉCNICA
Botafogo 2x1 Coritiba
Gols: Carlos Alberto 19’ 1ºT e Lúcio Flávio 40’ 2ºT; Hugo 21’ 2ºT
Estádio Olímpico João Havelange, o ‘Engenhão’; 08/06/2008
Arbitragem: Alicio Pena Júnior (MG); Márcio Eustáquio (MG) e Helberth Costa Andrade (MG)
Cartões amarelos: Carlos Alberto, Túlio e Fábio (Botafogo); Rubens Cardoso (Coritiba)
Cartão vermelho: Carlos Alberto (Botafogo)
Renan; Alessandro, Renato Silva (Thiaguinho), Edson e Luciano Almeida (Zé Carlos); Leandro Guerreiro, Túlio (Fábio), Diguinho e Lúcio Flávio e Carlos Alberto; Wellington Paulista. Técnico: Eugénio Soto, o ‘Geninho’
Vanderlei; Alex Silva, Felipe, Maurício e Ricardinho (Guaru); Douglas Silva (Marlos), Alê, Rubens Cardoso e Carlinhos Paraíba; Michael (Henrique Dias) e Hugo. Técnico: Dorival Júnior.
2 comentários:
Rui,
algo impressionante acontece com o Botafogo!
Acabou completamente o encanto e o bom futebol, amigo.
Sinto em dizer isso, mas que venha logo 2009!
Abs e SA!!!
Rodrigo, compreendo o 'encanto'. Aliás, é a razão fundamental pela qual parte importante da torcida do BFR gostava do Cuca e lhe desculpava todos os erros técnicos que fazia: é que ele insistia no 'jogar bem' e a torcida gosta disso. O problema é que com o nosso mediano elenco, jogar bem e conquistar títulos não liga. De resto, entenda-se claramente que a equipa já não jogava bem desde a final da Taça Rio: arrastou-se em campo desde aí, sobretudo na 2ª parte, porque o planeamento da equipa no semestre foi errado e a equipa estoirou - e eu fui dos primeiros a chamar a atenção para isso no Arena Alvinegra, enquanto parte da torcida preferia chamar os jogadores de 'amarelões' - injustamente. Como, aliás, também aconteceu no ano passado. A equipa estoirou no 2º semestre. Foram erros crassos, que muita gente ainda não reconheceu. Por outro lado, eu acho que quando se começa a ganhar há tendência para o bom jogo aparecer. No ano passado criticava-se o SP por ganhar sem jogar bem, mas a verdade é que no 2º turno vi belissimos jogos do SP. Se o Geninho puser o Botafogo a ganhar, o bom jogo há-de aparecer. Até porque a equipa não é tão má quanto se apregoa, muitos jogadores estavam era em posições erradas. E 'encanto' sem vitórias acabar por esboroar as esperanças e desarticular as coesões de equipa.
SAUDAÇÕES BOTAFOGUENSES
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