De queda em queda…

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Confesso que quando vi o placar Coritiba 2x0 Flamengo passei a acompanhar o jogo e fui sorrindo com a goleada. Não propriamente porque me dê algum gozo especial ver os adversários serem goleados por outros adversários – é-me indiferente.

Porém, no caso do Flamengo e do seu treinador, há um sabor especial nisso por algumas razões. A primeira é pela ‘bimbalhice’ de alguns adeptos: a globoesporte.com que acompanhou o jogo escreveu, já com o jogo em 4x0, que “se serve de alento, o Flamengo goleia em bolas alçadas na área: 6 a 1”. Caricato!...

Mas adiante. Apesar de os urubus respeitarem muito pouco o Botafogo, eu, com todo o respeito pelo sentimento dos adversários relativamente à profunda derrota sofrida, manifesto apenas uma serena satisfação porque se comprova duas coisas que tenho afirmado insistentemente, uma durante este semestre e a outra durante a vigência da Era Cuca:

(1)
Os urubus, fora do Maracanã e amputados do apoio do seu 12º elemento em campo, a arbitragem, são uma equipa vulgar, evidenciando muito pouca categoria futebolística. E devido à sua arrogância começam a ser profundamente desprezados e desrespeitados pelos outros torcedores, que os urubus começaram por desrespeitar primeiramente. Hoje, por onde passa a equipa, as vaias atingem proporções imensas e são muito maiores do que os apoios. No espaço de uma semana os urubus foram maltratados em Pernambuco no jogo de futebol contra o Sport, em Brasília no jogo de basquetebol contra o Brasiliense e em Coritiba no jogo de futebol contra o clube do mesmo nome, que incluiu a torcida botafoguense ao lado do Coritiba (foto). As entradas triunfantes em campo fora do Rio de Janeiro são hoje acontecimentos temerosos para os jogadores do clube, o qual já não ganha pelos seus próprios méritos desportivos como fazia outrora, mas sempre ao colo de alguém. É o reverso da medalha provocada pela violência, pelos arrastões sucessivos e pelos comportamentos execráveis de uma parte da torcida dos urubus.

(2)
Levando nove gols e duas goleadas sucessivas de equipas medianas em dois desafios, e após insucessos clamorosos à frente do Santos e do Fluminense, o treinador Cuca evidencia ser um verdadeiro tsunami em tática futebolística e, sobretudo, a montar defesas. Quem acompanhou as minhas críticas persistentes ao treinador, em 2007 e 2008, no Canal Botafogo, sabe que sempre considerei que Cuca não teve sucesso em lado nenhum e não sabe montar defesas. À frente do Botafogo chegou a dizer que montar defesas era fácil, por isso se concentrava a armar o ataque. Se era fácil devia ter começado por montar a defesa, que é o que qualquer treinador com meio dedo de testa faz. Mas nós fomos levando gols sucessivos, empatando de 4x4, 3x3 e várias vezes de 2x2, porque a nossa defesa era uma peneira, e ganhando de 4x3 e 3x2 muitas vezes. E, claro, com esquemas defensivos destes jamais se pode ser campeão. Numa semana o seu novo clube provou o sabor amargo das defesas montadas por Cuca, tomando nove gols de equipas medianas – de nada valendo Imperadores ou outras figuras. Na verdade, o único sucesso proclamado pelos ‘cuquistas’, não é de Cuca: quem montou o São Paulo não foi Cuca, mas o treinador Leão; Cuca ia destruindo esse trabalho, mas o clube percebeu que tinha que mudar rapidamente e foi Autuori que ainda pôde e soube aproveitar o trabalho de Leão. Hoje, no Couto Pereira, Cuca garantiu ao intervalo que ia mudar a equipa e o jogo, mas a verdade é que o treinador nunca soube fazer boas leituras no decorrer dos jogos e raramente alterou um resultado desfavorável, acabando por não mudar coisa nenhuma e ver René Simões ampliar o domínio da partida ao fazer entrar Bruno Batata. Que em treze minutos fez dançar o outro Bruno por mais duas vezes…

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Porque escrevo isto se pouco me interessa o treinador Cuca e a sua equipa?... Porque ele vai ficar desempregado – apesar da assessoria do seu clube garantir que vai ser mantido – e é provável que o vice-presidente dos urubus pretenda contratar o seu amigo Ney Franco. E se Ney Franco aceitar, é mais uma prova de que o Botafogo se deixa desrespeitar pelos seus próprios treinadores (vide o caso escandaloso de P. C. Gusmão em 2005) e pelos seus adversários. Porventura, a falta de Ney não será grande, mas chamo a atenção para que não passe pela cabeça do Botafogo contratar o treinador desestabilizador, nervoso, em pane constante, criador de atritos sucessivos e puxa-saco dos urubus. Além de não saber treinar equipas de futebol nem de liderar homens.

Talvez agora se perceba melhor porque é que nunca ganhou nada – a não ser o último campeonato carioca que os sopradores do apito ofereceram aos urubus em sucessivos jogos de 'erros' clamorosos e no 1º jogo da final do campeonato em que perdemos Maicosuel.

Que o nosso Botafogo tenha juízo, e das duas uma: (1) não aceite a demissão de Ney Franco para ir treinar os urubus, se o desrespeito do treinador e do vice-presidente dos urubus chegar a esse ponto; (2) jamais contrate o tsunami Cuca, que colocou o nosso Botafogo no chororô público com a sua típica vitimização – tivesse ou não razão.

O que precisamos realmente é erguer a cerviz, profissionalizarmo-nos a sério, montar uma forte equipa de futebol e dignificar o Glorioso. E sermos campeões dentro em breve, obviamente.

Foto: Cahê Mota / Globoesporte