Sempre fui
muito exigente comigo e com os outros, e raramente me agradam as ações das diretorias
do Botafogo e do Sporting (Clube de Portugal), que nos últimos anos
mostraram-se incapazes de erguer o nome de ambos os clubes ao sítio que merecem.
Devo dizer
que desde a década de 1960, e salvo a gestão de Emil Pinheiro da qual não
disponho de dados para avaliar, a única gestão minimamente aceite por mim foi a
de Bebeto de Freites, que foi buscar ao fundo do poço um clube que não tinha
dinheiro sequer para comprar papel higiénico na sua sede. Ainda assim,
considerei-a uma gestão amadora, embora séria.
No que
respeita ao Sporting nunca conheci uma boa diretoria, à exceção da diretoria
que fez o mandato de final de século XX e início de século XXI, que quebrou um
jejum de 18 anos sem conquistar o campeonato nacional e sagrou-se duas vezes
campeão nacional em três anos. Ainda assim, não foi uma diretoria de ‘encher o
olho’. Mas devo dizer - é intelectualmente honesto da minha parte dizê-lo - que a presidência de 18 anos de João Rocha nas décadas de 1970-1980 é muito realçada pela maioria das pessoas. Porém, se é verdade que ele lançou o Sporting como um dos três clubes mais ecléticos do mundo em inúmeras modalidades desportivas (apenas atrás de Barcelona e Real Madrid em títulos mundiais e europeus conquistados), também é verdade que foi durante a sua presidência que o Sporting começou a sua míngua de títulos no futebol, que se iria estender até mesmo ao final do século XX, quando foi campeão nacional em 1999. Considero, por isso, que o futebol iniciou o seu declínio no Sporting com a sua longa presidência.
E pela
primeira vez, desde a última diretoria de Paulo Antônio Azeredo à frente do
Botafogo, encontro uma diretoria sportinguista ambiciosa e bem preparada.
Os leitores
sabem o que tenho defendido como ‘bandeiras’ de gestão para a diretoria do
Botafogo ao longo destes seis anos de blogue, e também sabem que estou
deslumbrado com a atual diretoria do Sporting, dirigida por um jovem ‘duro’ de
42 anos. Por inacreditável que pareça, eu concordo em absoluto com todas e cada
uma das ações levadas a efeito por este presidente em menos de um ano. Eu não
conseguiria ter feito tanto e tão bem como ele.
Uma vez mais
me deslumbrou o modo como, de uma assentada, e inesperadamente, contratou um
chileno para a defesa (a integrar, para já, a equipa B), um cabo-verdiano meia
atacante e um egípcio para o ataque, tendo este fechado contrato a 7 segundos
do fim da janela de transferências na Europa.
O presidente
anunciara que, em princípio, o elenco estria fechado. Não obstante, tudo estava
em curso, e depois de fechar com o chileno para integrar a equipa B, nos
últimos dois dias fechou com dois novos atletas e desembaraçou-se daqueles que
queria dispensar (à exceção da ‘novela’ Elias). Aliás, o clube mostrou-se
desinteressado do cabo-verdiano Heldon, e acabou por contratá-lo dois dias
depois. Isto é, o Sporting já não anda a anunciar que está em conversações com
este e com aquele, nem faz como a diretoria do Botafogo que anuncia aos quatro ventos
interesse em craques que se sabe terem salários inacessíveis, acabando por nos
menorizar em praça pública.
Mais uma
lição que Maurício de Assumpção não vai a tempo de aprender, nem aliás
aprenderia mesmo que estivesse, não seis anos, mas sessenta anos à frente do
Glorioso: as contratações são para se fazer longe dos holofotes da imprensa
para não haver tricolores a boicotar as contratações do Botafogo nem portistas
a atravessarem-se nas contratações do Sporting – e como um único interesse em
jogo que é defender exclusivamente os interesses do clube.
Foram três
contratações relâmpago absolutamente inesperadas: foram bem feitas e mostram
que o Sporting, embora ainda não o tenha declarado, admite implicitamente que
pode estar interessado em disputar o título nacional já este ano.
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