sábado, 10 de setembro de 2016

Fragmentos ‘futebol do botafogo 1961-1965’: entre política e futebol… [18]

por CARLOS VILARINHO
especialmente para o Mundo Botafogo
sócio-proprietário e historiador do Botafogo de Futebol e Regatas

[A narração que se segue reporta-se ao ano de 1961]

Enquanto o Botafogo resolvia os seus problemas o Brasil vinha abaixo. […] Agora assumiria João Goulart, que cumpria missão difícil no exterior desde o dia 24 de Julho. Leonel Brizola (PTB) avisou-o do golpe. Disposto na ir para o sacrifício, o governador gaúcho falou com o comandante do III Exército, Machado Lopes. […]

Às 17h11, foi empossado Ranieri Mazzilli (PSD-SP), presidente da Câmara, que aceitou a renúncia de todos os ministros, exceto os militares. […] Munidos de paus e pedras, centenas de estudantes saíram às ruas e só a polícia os impediu de invadirem a Embaixada dos EUA. […] Os líderes operários reuniram-se no Sindicato dos bancários para organizar a resistência ao golpe, claramente dirigido contra a posse de João Goulart. […]

Odílio Denys anunciou o veto à posse do vice-presidente, que seria preso tão logo pisasse em solo brasileiro, caso não renunciasse. O Congresso vetaria o seu impedimento. Em seguida, por “emenda constitucional”, escolheria o novo presidente. […]

À noite, o marechal Lott concitou o povo e as Forças Armadas a tomarem posição […] no respeito à constituição, em preservação integral do regime democrático brasileiro”. Na manhã seguinte, Lott foi trancafiado na Fortaleza de Laje. […]

Apesar do drama nacional, o futebol seguia seu curso. Rildo ficou detido no 8º GACM e não pôde enfrentar o América no domingo. Com Ademar e Chicão nas duas laterais, o Botafogo venceu como quis, explorando as manobras de Amarildo e Zagalo pelo flanco de Jorge. […]

Ary […] solta a bola nos pés de Amarildo, que só tem o trabalho de empurrar: 2x0. O Botafogo cozinhou o jogo e só não amplia porque Amarildo troca de lado com China e este não sabe jogar por ali. […]

Na Guanabara, mais de 130 mil operários cruzaram os braços. […] Lacerda impôs violenta censura aos Jornais e Rádios (só os legalistas). No entanto, o golpe entrou em colapso graças às defecções no I, II e IV Exércitos. Na terça-feira, em Paris, Goulart recusou o conselho de JK para renunciar (“seria uma covardia”). […]

A realidade do futebol não sofrera alteração significativa. Na manhã desta quarta-feira, tão logo obteve autorização para atravessar o espaço aéreo entre São Paulo (II Exército) e Paraná (III Exército), o Botafogo seguiu para Londrina. No aeroporto, os alvinegros souberam que Paulo Amaral assinaria com o Vasco no final da tarde. À noite, o Botafogo embolsou 500 mil e esmagou o Londrina por 8x1, gols de Amarildo (3), Garrincha, Didi (de pênalti), China, Neivaldo e 1 contra.

Fonte do excerto: VILARINHO, C. F. (2016). O Futebol do Botafogo 1961-1965. Edição do Autor: Rio de Janeiro, pp. 44-46.

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