por CARLOS VILARINHO
especialmente para o
Mundo Botafogo
sócio-proprietário e
historiador do Botafogo de Futebol e Regatas
[A narração que se segue
reporta-se ao ano de 1961]
Enquanto
o Botafogo resolvia os seus problemas o Brasil vinha abaixo.
[…] Agora assumiria João Goulart, que
cumpria missão difícil no exterior desde o dia 24 de Julho. Leonel Brizola
(PTB) avisou-o do golpe. Disposto na ir para o sacrifício, o governador gaúcho
falou com o comandante do III Exército, Machado Lopes. […]
Às 17h11, foi empossado
Ranieri Mazzilli (PSD-SP), presidente da Câmara, que aceitou a renúncia de
todos os ministros, exceto os militares. […] Munidos de paus e pedras, centenas de
estudantes saíram às ruas e só a polícia os impediu de invadirem a Embaixada
dos EUA. […] Os líderes operários
reuniram-se no Sindicato dos bancários para organizar a resistência ao golpe,
claramente dirigido contra a posse de João Goulart. […]
Odílio Denys anunciou o veto
à posse do vice-presidente, que seria preso tão logo pisasse em solo
brasileiro, caso não renunciasse. O Congresso vetaria o seu impedimento. Em
seguida, por “emenda constitucional”, escolheria o novo presidente. […]
À noite, o marechal Lott
concitou o povo e as Forças Armadas a tomarem posição […] no respeito à constituição, em preservação
integral do regime democrático brasileiro”. Na manhã seguinte, Lott foi
trancafiado na Fortaleza de Laje. […]
Apesar do drama nacional, o
futebol seguia seu curso. Rildo ficou detido no 8º GACM e não pôde enfrentar o
América no domingo. Com Ademar e Chicão nas duas laterais, o Botafogo venceu
como quis, explorando as manobras de Amarildo e Zagalo pelo flanco de Jorge. […]
Ary […] solta a bola nos pés de Amarildo, que só tem
o trabalho de empurrar: 2x0. O Botafogo cozinhou o jogo e só não amplia porque
Amarildo troca de lado com China e este não sabe jogar por ali. […]
Na Guanabara, mais de 130
mil operários cruzaram os braços. […] Lacerda impôs violenta censura aos Jornais e Rádios (só os legalistas).
No entanto, o golpe entrou em colapso graças às defecções no I, II e IV
Exércitos. Na terça-feira, em Paris, Goulart recusou o conselho de JK para
renunciar (“seria uma covardia”). […]
A realidade do futebol não
sofrera alteração significativa. Na manhã desta quarta-feira, tão logo obteve
autorização para atravessar o espaço aéreo entre São Paulo (II Exército) e
Paraná (III Exército), o Botafogo seguiu para Londrina. No aeroporto, os
alvinegros souberam que Paulo Amaral assinaria com o Vasco no final da tarde. À
noite, o Botafogo embolsou 500 mil e esmagou o Londrina por 8x1, gols de
Amarildo (3), Garrincha, Didi (de pênalti), China, Neivaldo e 1 contra.
Fonte do excerto: VILARINHO, C. F. (2016). O Futebol do Botafogo 1961-1965. Edição
do Autor: Rio de Janeiro, pp. 44-46.
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