Caros amigos, tenho até receio de escrever o que vou
escrever. E tenho receio porque muitas desilusões se seguiram a grandes
esperanças. Mas vou escrever na mesma.
Tendo em consideração que estamos num quadro de futebol
entre mediano e medíocre praticado no campeonato brasileiro, como já manifestei
em diversas ocasiões, posso afirmar que considero a exibição do Botafogo MUITO
BOA!
Na verdade, quem lê este blogue conhece as minhas exigências
e a minha postura no que se refere a sucessivas diretorias, departamentos de futebol,
comissões técnicas e plantéis que roçam a mediocridade.
Porém, este jogo alinhou exatamente por tudo aquilo que
tenho dito nas últimas análises aos jogos. Citando-me em relação ao comentário
do jogo contra o Fluminense:
“Será
que Jair Ventura lê o Mundo Botafogo? Seria bom, porque nos nossos últimos
comentários referimos por duas vezes que basta jogar com uma equipe organizada
na defesa e explorar sem pressas os erros adversários – que em geral são muitos
– para marcar e ganhar as partidas. Assim foi contra o Grêmio e o Fluminense.”
Assim foi contra o Cruzeiro, mas desta vez com maior
afinação e requinte: o Botafogo jogou fechado na 1ª parte, manteve-se ao mesmo
ritmo, cozinhou o jogo, esperou… E na 2ª parte a espera valeu a pena porque num
erro colossal da defesa cruzeirense o Botafogo inaugurou o marcador. E outro
erro abriu toda a defesa mineira com abola rasgando a área e indo morrer no
fundo das redes adversárias com um tiro fulminante de Camilo.
É assim. Organizar a defesa. Esperar. Aproveitar o erro. E
marcar. É simples. E, se possível, quando o adversário for à busca obrigatória
do empate, aproveitarmos outro erro e matarmos o jogo.
È claro que a defesa melhorou abissalmente com a entrada
de Carli, que nunca tem bons desempenhos nos treinos e por isso Jair Ventura o
barrava, mas quando foi obrigado a barrar a ameba Renan Fonseca, escalou Carli –
mesmo sem bons treinos – e talvez tenha aprendido com isso que tem muito que
aprender em relação aos meandros de futebol.
Todavia, uma palavra elogiosa para Jair: organizou bem a
equipe, fechou bem a defesa, lançou uma rede à experiente ‘malandrice’ de Mano
Menzes e meteu o Cruzeiro no bolso, apesar do também bom desempenho da equipe
mineira na 1ª parte. A tática foi semelhante à dos jogos contra Grêmio e Fluminense:
foco na defesa, rapidez para o ataque e tirar partido dos erros defensivos dos
outros.
Confesso que fiquei muito feliz com esta exibição, que
considero a melhor partida botafoguense do ano, muito ao jeito da maioria das
equipes europeias, que se estudam mutuamente, se fecham com boas defesas, mantêm
linhas de quatro muito juntas, atacam em transições rápidas buscando desequilibrar
o adversário e aproveitar os seus erros cometendo, por sua vez, poucos erros.
Gostei das duas equipes e gostei ainda mais do Botafogo
que soube conquistar eficácia sobre o Cruzeiro.
É claro que uma parte da torcida vai dizer que o G4
já está quase e que cheira a título. Por mim, não sei o que é um ‘quase’ e não
acredito em títulos sem planejamento antecipado. Não exijo títulos para já:
exijo que me permitam reconhecer que a equipe desenvolve o seu potencial,
mostra saúde e ambição. O resto virá com o tempo…
O maior bem que a torcida pode fazer ao Clube, e neste
caso ao time de futebol, é manter os pés assentes na terra, vibrar com alegria
mas quanto baste, não baixar a gurada da exigência, manter-se cobrando e não sucumbir
a deslumbramentos que, regra geral, no Botafogo e em outros clubes, leva ao
fracasso mais adiante.
Torcida contente e conformada não serve de nada; torcida
inconformada, exigente e em cobrança permanente, promove motivação,
responsabilidade e ambição na equipe. Não se esqueçam disso jamais,
Botafoguenses!
O CLUBE PRECISA DE TORCEDORES
INCONFORMADOS, EXIGENTES E PARTICIPATIVOS!
FICHA TÉCNICA
Botafogo 2x0 Cruzeiro
Gols: Canales, aos 65'
e Camilo, aos 78'
» Competição: Campeonato Brasileiro
» Data: 11.09.2016
» Local: Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte (MG)
» Público: 28.569 pagantes
» Renda: R$ 700.430,00
» Árbitro: Rafael Traci (PR);
Assistentes: Bruno Boschilia (PR) e Luciano Roggenbaum
» Disciplina: cartão
amarelo – Carli, Bruno Silva (Botafogo) e Arrascaeta, Ábila,
Willian (Cruzeiro)
» Botafogo: Sidão, Emerson, Carli, Emerson Silva e Victor
Luís (Nuñez); Dudu Cearense, Bruno Silva, Diogo Barbosa e Camilo; Neilton
(Rodrigo Pimpão) e Sassá (Canales). Técnico: Jair Ventura.
» Cruzeiro: Rafael, Lucas, Manoel, Bruno Rodrigo e Edimar;
Ariel Cabral (Lucas Romero), Henrique e Robinho (Willian); Arrascaeta, Rafael
Sóbis (Alisson) e Ábila. Técnico: Mano Menezes.
2 comentários:
Concordo em genero numero. Perfeito
Mas tava na cara que o time ia engrenar, diante da mesmice das equipes do certame, tirando Santos, Atlético e Flamengo.
Abraços Rui
Não sei, meu amigo, não sei... Noutros anos a mesmice adversária foi igualzinha e o Botafogo não engrenou... Contrata geralmente maus treinadores e faz muitas 'acrobacias enigmáticas' nas contratações. A diferença este ano, que até à saída de RG não existia, pode vir a chamar-se... Jair Ventura! Quero acreditar nisso, MAM, apesar da juventude do rapaz.
Abraços Gloriosos.
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