por OTTO JUNKERMANN
Revista
Placar, edição nº
1242, Set/2002, retomando reportagem de 1975.
Marinho
devolveu à torcida botafoguense a alegria de ver um craque jogando na
lateral-esquerda depois do grande Nilton Santos. Filho único, tratado com
carinho pela família e acidez por muitos companheiros, técnicos e jornalistas,
desfilou seu talento com a camisa do Botafogo de 1972 a 1977.
Pegue o temperamento de
Garrincha, acrescente o futebol de Nilton Santos e dedique o mesmo tratamento
de um filho único de pais ricos e talvez, então, se possa definir […] o melhor lateral-esquerdo do país, com futebol de gênio e alma de
criança mimada. […]
Em casa, é tratado como uma
criança, recebendo muito carinho da mulher, Marijara, e mais ainda da mãe. […]
– Para mim, ele continua sendo
uma criança. É um menino totalmente puro. [afirma a mãe]
– Confesso que me sinto mesmo um
menino ainda. Não ponho maldade em nada. Acho que todo mundo é bom. […] Se fosse possível, ajudava a todo o mundo. […]
O Temperamento de Marinho exige
muito calor humano, orientação, um certo carinho com o qual está acostumado
desde que nasceu. […]
– Jamais o Jairzinho e o Paulo César
– com quem eu tinha maior intimidade – procuraram me facilitar. Havia outros
agindo da mesma maneira. Apesar disso, havia bons amigos como o Luís Pereira,
Marinho, Wendell, Renato e alguns outros que me orientavam sempre que podiam. […]
Para ele, o mais importante é o
carinho que recebe. Ele está sempre procurando agradar, por isso não se
conforma quando é criticado. […]
– Não faço mal a ninguém, não
entendo porque estão sempre me procurando culpar de alguma coisa. […] Desde os meus tempos de menino de rua eu já torcia pelo Botafogo. […] Já haviam me avisado que o Botafogo me
queria, eu pensei que era gozação. […]
Quando vi que era verdade, fiquei maluco. Apanhei meu carro e saí direto do
estádio, em Recife, para Natal. Fiquei lá um dia e, no outro, vim para o Rio. […]
Imagem de um menino cujo
brinquedo foi estragado. Segue-se um imenso rosário de queixas, uma espécie de
resmungo. […]
– Não me conformo com as críticas
que fazem ao meu modo de jogar. Será que só eu não me posso adiantar? […] Se é para ficar atrás, o melhor é colocarem outro em meu lugar. […] Lá
em Natal e Recife eles gostavam mais de mim. Aqui, todos vivem me criticando. […]
Eu não grito com ninguém, trato todos com
educação, por que não é assim comigo? […]
Espalhadas pelo soalho do [Maverick amarelo], muitas cartas de fãs. Recebe uma média de
50 por dia e responde a todas, mandando uma foto autografada e um cartão me
português. Outra ocupação de Marinho é com as roupas. São todas feitas por um
alfaiate paulista, […] mas sua
maneira de combinar as cores é um desastre. […] Quando apareceu pela primeira vez no Botafogo, por exemplo, vestia uma
camisa com uma gigantesca borboleta desenhada no peito.
Agradecimentos a Mauro Axlace, editor
do blogue Aqipossa [https://aqipossa.blogspot.com] que gentilmente cedeu a informação.
2 comentários:
Outro ídolo mor.Um lateral a frente de seu tempo.No Fl u, foi para o meio campo na ausência de Rivelino.Isso mais de 10 anos antes de Junior ser deslocado para o meio.Um gênio.Falam de Junior q foi excelente , sem dúvida, mas Marinho nada devia a ele.E eh bom lembrar q foi o.melhor jogador do brasileiro de 81, jogando pelo SP.Era para ter ido em 82, junto com.o Júnior.No Botafogo jogou muita bola.Uma pena ter sido sacrificado por Borer.Veja bem : De 69 a 77, perdemos Gerson,Afonsinho PC Caju, Jair, Fischer, Marinho, Wendell.Nao existe clube q resista a tanta incompetencia.Fora a Sede de General Severiano.
Realmente tanto podia ser lateral-esquerdo como meia. Tinha perfil de ataque e tratava a bola por 'tu'. Nenhuma diretoria pós Paulo Antônio Azeredo foi verdadeiramente capaz. Emil ainda construiu uma grande equipe, mas como era bicheiro e pressionado pelos 'donos' do Botafogo acabou saindo e levando meia equipe. Montenegro foi um acaso, tendo rachado a equipe e ainda estou para saber, até hoje, como foramcampeões brasileiros parridos como estavam. E depois foi bebeto, que teve que tirar o Clube da 'lama' e os seus sucessores não deram continuidade, nem mesmo com a 'prenda' do Engenhão.
Fomos sempre amadores à exceção dos tempos de P.A. Azeredo, que conquistou 8 campeonatos estaduais de 1930 a 1962 (e apenas um 'titulozinho' em 1948 foi fora das presideências de P.A. Azeredo nesse período). Em ambos os casos, o presidente dessas épocas investiu em técnicos e jogadores, renovou e ganhou.
Abraços Gloriosos.
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