segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Perfis botafoguenses (III): Roberto Miranda, 1973

por MICHEL LAURENCE
Revista Placar, edição nº 1242, Set/2002, retomando reportagem de 1973 (excertos).

Roberto Miranda era o terror dos zagueiros adversários e não só por seus gols – foram 152 em 351 jogos pelo Botafogo –, mas sobretudo porque não fugia da briga com seus marcadores. Mas não foi só por causa de suas confusões que Roberto fez história. Ele foi o herói das finais de 1967 e 1968.

Andando pela praia de Carrasco, Uruguai, Roberto não tem nada do jogador atrevido, raçudo, quase folgado. É um homem como os outros, nos seus 28 anos. Com problema […] que ele teme, mas gosta de enfrentar.

– Sabe o que acontece? Eu não tolero covardia. Existem muitos beques que batem pra valer. […] Vou para o revide. Bato também e, aí, não penso no que estou fazendo. Vou lá e dou no sujeito. […] Washington também é de partir para o pau. […] Num córner ele pulou para rebater de cabeça e eu cabeceei sua cabeça. Ele jogou mas um pouquinho, mas, como estava muito tonto, teve que ser substituído. […]

Roberto quase chega a surpreender. […]

Olha, amigo, eu já apanhei demais. Tenho o corpo cheio de cicatrizes. Você não acha que tinha de aprender a me defender? […]

Roberto parece, realmente, provocar barulho. Está sempre envolvido em casos de violência. Todo quebrado, isso comprova sua valentia, que parece desafiar os adversários impiedosos. Apesar disso, ele não foge do pau. […] Continua a entrar nas divididas com a mesma coragem de sempre, a procurar o gol com obstinação. […]

Na Colômbia, ao disputar a bola com um goleiro do Partizan, time iuguslavo, os dois caíram. O goleiro tentou chutar a cara de Roberto, errou. Ele se levantou rápido e deu um bico na cara do adversário. Os dois iuguslavos correram para cima dele e Roberto saiu apressado à procura de seu túnel. Errou a direção e foi parar bem no meio dos reservas iuguslavos. Levou um chute nas costas, o tempo fechou e jogo foi suspenso. […]

Mas nada disso foi tão ruim como jogar contra Fontana. […] Ele me acertava fora da área; eu, dentro. […] Fizemos um gol e eu passei a fazer o diabo com ele: cuspia, xingava, debochava. Ele não podia reagir, senão era expulso. Ele dizia: “Vai ter outra. No Rio, te pego.” No Rio, eles fizeram 1x0 e Fontana passou a me provocar. […] Ele veio por trás e me deu um tapa na cara. Uma tapona daquelas e o juiz, claro, não viu. Perdi as estribeiras e parti para cima dele, chutando, dando soco, batendo do jeito que podia. […]

Os dois foram presos depois do jogo. […]

Você vê, eu sou um cara normal. Não me considero valente. Apenas enfrento os fatos, só isso. Enfrento e tento vencê-los. Mas, admito: sou um temperamental.

Agradecimentos a Mauro Axlace, editor do blogue Aqipossa [https://aqipossa.blogspot.com] que gentilmente cedeu a informação.

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