Botafoguense
confesso, Mendonça era a própria estrela solitária do Botafogo. Com excelente
visão de campo, muito técnico e com passes precisos, ele iluminava o time todo,
que contava co poucos craques no final da década de 70. Nesse depoimento, ele
revela umpouco da sua paixão pelo clube.
por MARCELO REZENDE
Revista
Placar, edição nº 1242,
Set/2002, retomando reportagem de 1980.
Aos 24 anos, o armador Mendonça
ainda quer realizar seu sonho de menino: “ser campeão pelo querido Botafogo”. […] Mendonça cresceu correndo atrás de uma bola. Nada de estudos: só foi
até o segundo ano ginasial. Nada de namoradas, também: teve apenas Sandra, com
quem se casou e com quem tem uma filha, Michele.
– Meu sonho de menino era um dia
entrar no Maracanã e ouvir o povo gritar meu nome. Eu de braços levantados, o
rosto molhado de suor e lágrimas, e nas mãos a taça de campeão carioca. […]
Há cinco anos, Mendonça é o
titular absoluto do Botafogo. Um período de muitas angústias e poucas alegrias,
que ele relembra neste depoimento exclusivo. […]
– Já como titular, começando a
cair no gosto da torcida, sofri um golpe profundo: a mudança do Botafogo de
General Severiano, que eu amava tanto, para Marechal Hermes. Eu adoro o
Botafogo. […] Foi como se roubassem um pedaço da minha
vida, justamente da minha infância. […] Sepultaram,
friamente, a tradição, o carisma, o respeito que meu clube impunha. Confesso
que chorei.
– Eu, jogador e torcedor, fico
espantado: como pode haver tanto riso, tanta satisfação, tanta alegria entre
nós jogadores, se não conseguimos ganhar nada? Isto aqui devia ser mais sério,
um ambiente em que as pessoas fossem seguras, conscientes, mas sem essas
brincadeiras que na verdade não de descontração e sim de fuga. Cadê a nossa
vergonha na cara? E o sujeito que paga, que é fanático? Quando chega aqui na
certa deve pensar: ‘Não ganham nada e ainda ficam rindo como tarados mentais’. […]
– O que ninguém entende é isso:
você dorme ídolo, acorda João-ninguém. Dorme ídolo, acorda um mortal qualquer.
Esta é a profissão mais ilusória do mundo.
– Já sou um homem. Ganhei algum
dinheiro […], comprei um bom apartamento […], tenho carro, minha família. Dentro de mim,
entretanto, carrego uma frustração, talvez a única que tenho hoje: jamais ter
sido campeão.
Só saio daqui por muito,
muitíssimo dinheiro ou depois de conquistar um título. Aí me sentirei mais
homem, aí sim não estarei traindo meu sonho de menino.
Agradecimentos a Mauro Axlace, editor
do blogue Aqipossa [https://aqipossa.blogspot.com] que gentilmente cedeu a informação.
6 comentários:
.Excelente registro,obrigado Rui por nos trazer à memória aquilo que nos dá esperança..avante Botafogo!
Fico imaginando o Mendonça jogando no meio dessas amebas que vestem a camisa do Botafogo hoje... Coitado!!! Ia ficar estressado a beça.
O melhor jogador do Botafogo em 1981 naquele Brasileirão que tiraram a nossa chance de ser finalista,foi o Mendonça(melhor jogador do campeonato,inclusive).Não sei como não foi à Copa de 82.
Como já dizia Heleno: O Botafogo não é lugar de covardes.
Obrigado, Filipe. Háoutro registro com o Mendonça que irei publicar brevemente.
Abraços Gloriosos.
Não consigo imaginar, Carlos Eduardo!!!
Uma vergonha histórica do São Paulo e da sua torcida em 1981 - e que acabaram por perder a final! Nunca vi um árbitro de 1ª Divisão tão medroso que mandasse cobrar três vezes o mesmo penalty até a bola entrar. Mas o São Paulo é useiro e vezeiro em beneficiar desse tipo de falcatruas.
Abraços Gloriosos.
Prezado Rui Moura.
Mendonça é um dos melhores jogadores que já vestiram a camisa botafoguense.
Lembro bem do sensacional gol "baila comigo " em cima do Junior capacete.
E a campanha de 1981 foi uma das mais empolgante do Botafogo no campeonato brasileiro.
Grande abraço,
Humberto
Verdade, Humberto. Foi pena ter saído tão desgastado de um clube que amava tanto. Mas o 'baila comigo' será eterno eqnquanto durar o Botafogo.
Abraços Gloriosos.
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