Mais de 20 anos depois da campanha do
tricampeonato mundial, no México, Roberto Miranda (um dos grandes ídolos da
galera do Fogão) faz um balanço de sua carreira e não demonstra o menor sinal
de arrependimento. Nem dos gols nem das confusões e brigas que provocou. A
receita para pará-lo era bater. Mas nem isso o segurava. Além disso, revidava
para valer.
SEM
AUTOR EXPRESSO; foto de NILTON CLAUDINO
Revista
Placar, edição nº 1242, Set/2002, retomando reportagem de 1993.
Ele
não respeitava zagueiro algum. […] Sua presença na área era sempre decisiva, levando o pé ao encontro da
bola mesmo sabendo que receberia um pontapé desleal. Em campo, não existia um
homem capaz de intimidá-lo. E, ao menor descuido das defesas, lá estava a bola
mansa no fundo das redes. Sua obstinação […] criou a certeza em cada adversário de que para conter o centroavante
Roberto só existia uma receita: violência. […]
Desde
que assumiu o lugar de Amarildo – vendido ao Milan –, em 1963, o centroavante
sentiu os efeitos da deslealdade na pele. E nos ossos. […] Roberto sofreu nove fraturas: no queixo, no
braço esquerdo, nas duas clavículas, no tornozelo direito, em uma costela, nos
dois joelhos e no tendão de Aquiles. Isso sem contar os cortes profundos na
cabeça e supercílios abertos. […]
Os
zagueiros avisavam que iriam bater. Ele não tinha o menor escrúpulo de, quando
preciso, devolver a violência. Só não abria mão de estar na grande área para
alegrar os botafoguense com muitos gols. “Sempre gostei do meu estilo”, diz. “E
acho até que os zagueiros tinham motivos para usar a violência. Senão tomariam
gol.”
Só
não perdoava o falecido Fontana, capaz de trocar socos para não vê-lo chegar às
redes. […]
Nem a última contusão no joelho, que o afastou do
futebol, em 1976, o faz perder uma certeza: “Se pudesse, começaria tudo de
novo”.
Agradecimentos a Mauro Axlace, editor do blogue Aqipossa [https://aqipossa.blogspot.com] que gentilmente cedeu a informação.
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