por RUY MOURA
Editor do Mundo Botafogo
O Futebol está como está. Ou
melhor, não sabemos exatamente como está. Como vai ser. Se vai realmente ser.
Destruído nos últimos dez anos (2009-2019) por incompetência de uns, oportunismo
de outros e sabe-se lá que mais, continuamos na expectativa do que virá a ser.
Quanto às modalidades ditas
‘olímpicas’ ou ‘amadoras’, o desastre é completo, o relapso da diretoria é
absolutamente inqualificável, as omissões dos órgãos sociais são catastróficas
na condução do Clube.
Confesso-me muito desgastado
com tudo isso, mas ainda ganhei alento para umas breves linhas, para que fique
registrado no futuro que há torcedores do Botafogo que consideram inadmissível,
irresponsável e antidesportivo a condenação feita às nossas Gloriosas
modalidades que tantas alegrias nos deram.
Remo
Após seis títulos de campeão
nacional e seis títulos de campeão estadual entre 2010 e 2018, eis que a
diretoria tira o tapete ao remo provocando uma debandada de remadores para o
Flamengo, que assim regressou aos títulos e se sagrou campeão brasileiro e carioca
em 2019. Diretoria muda e queda sobre a situação.
Voleibol
Após sermos campeões da
segunda divisão e acedermos à primeira divisão com uma boa e promissora equipe,
eis que a diretoria encerrou subitamente o projeto voleibol e abandonou os
atletas à sua sorte. Diretoria muda e queda.
Polo Aquático
Os tricampeões
sul-americanos, que sobrevivem dos esforços fantásticos da direção do
departamento, eis que tiveram que obter financiamento da família e amigos para se deslocarem à Colômbia e se sagrarem tetracampeões sul-americanos de polo aquático, enquanto a diretoria
se manteve – e assim continua – muda e queda.
Natação
Há uma década no topo do
ranking nacional, as sucessivas diretorias degradaram a natação que,
atualmente, não conquista sequer uma medalha de ouro individual a nível
nacional. Diretoria muda e queda.
Basquetebol
O basquetebol ganhou o campeonato
carioca, foi campeão da Liga de Ouro, fez duas boas colocações no NBB e
sagrou-se campeão da Liga Sul-americana, e eis que vê agora Gláucio Cruz e
Alexandre Brito, os únicos dirigentes que acreditaram realmente basquete,
demitirem-se após enorme desgaste com a diretoria, cumprindo até ao fim os seus
compromissos e tendo tudo encaminhado para que o basquete se reforce para o
Campeonato Sul-americano de Basquete – para o qual nos classificamos – sem que
haja entendimento para uma solução na próxima temporada. Renascemos no cenário nacional, mas o futuro é incerto. E a diretoria muda e queda.
“Seria a decisão mais
incoerente acabar com o projeto. Começamos do zero, ganhamos Cariocão, Liga
Ouro, passamos muito bem por duas edições do NBB, fomos campeões da Liga Sul-americana
e estamos na champions. Vamos aguardar.” – Léo Figueiró, técnico do Botafogo.
Até ao final do ano o
Flamengo vai receber uma transferência bancária de mais de R$ 5,8 milhões para
bancar profissionais de comissões técnicas de suas equipes ‘olímpicas’. O
dinheiro, originário da Lei Agnelo/Piva, também estava disponível para outros
clubes, entre os quais o Botafogo, que nem sequer concorreu porque não tinha a documentação
necessária.
O Grande Clube Social que
foi o Botafogo desde 1894, 1904 e 1942, parece fadado a desaparecer
gradualmente, guardando melancolicamente nas suas galerias os inúmeros troféus
de campeão mundial de futebol de 7, campeão sul-americano de atletismo,
basquetebol, futebol de 7, polo aquático e voleibol, campeão brasileiro de
atletismo, basquetebol, futebol de areia, futsal, futvôlei, natação, polo
aquático e voleibol. Entre outras modalidades menos preferidas pelos adeptos do
desporto.
Além do futebol, é
inadmissível que o Clube Social perca a sua capacidade competitiva habitual nas
principais modalidades onde brilhou intensamente, sobretudo basquetebol,
natação, polo aquático, remo e voleibol.
É o mínimo que se pode
exigir a um clube que se vangloria de ser o mais antigo clube multiesportivo do
Brasil.
Se o caminho não mudar,
sobrará apenas o futebol, se sobrar…
PS: Deve-se realçar que pelo menos o Remo, o Basquete e o Vôlei tinham receitas próprias, quer privadas quer através de subsídios oficiais.
PS: Deve-se realçar que pelo menos o Remo, o Basquete e o Vôlei tinham receitas próprias, quer privadas quer através de subsídios oficiais.
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