segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Desmistificar posturas e repensar práticas sociais e no Botafogo

por EDMAR GARCIA

Professor Sociólogo e Mestrando em Educação

In https://falaglorioso.com.br

Há em nossa sociedade uma separação dos assuntos e ao mesmo tempo uma falsa noção de que criticar algo errado significa estar contra aquilo ou a quem se critica. Tanto a quem reconhece a importância de criticar quanto aquela pessoa que receberá a crítica têm-se esse tabu. E com o futebol não é diferente. É preciso desmistificá-lo. Para o bem da nossa sociedade e avanço da construção de um país melhor (incluo o futebol), é preciso desmistificar isso.

Chama-me a atenção sobre a falta de criticidade que boa parte dos torcedores possuem. Como disse acima, há uma falsa ideia também de que criticar uma péssima ação do clube ou daqueles que dirigem significa não ter amor pelo clube quando é exatamente o contrário que acontece. Vejo muitos torcedores especificamente dos quatro clubes do Rio velando suas opiniões quando há alguma atitude duvidosa (digamos assim). Guardar as opiniões quando o necessário é realmente criticar, ponderar que há erros, é vital. Mas, se dentro de campo os títulos aparecem, mais difícil ainda criticar. Afinal o importante é ganhar jogos e títulos, não é?!

É preciso mudar esse pensamento. É sintomático ver no futebol o reflexo de nossa sociedade. Além disso, a ideia de que o futebol é um assunto a parte na maioria das vezes se faz presente. Quando acontece algum problema (vide racismo, homofobia, corrupção escancarada), aí as pessoas “compreendem” que são assuntos indissociáveis.

Bem, citarei duas situações recentes que precisamos (re) pensar. A primeira refere-se à invasão de cerca de 300 pessoas na sede do clube. Em primeiro lugar é importante ressaltar que violência não resolverá o problema. A situação do clube está posta há anos. É preciso reestruturar o clube e isso perpassa pela mudança da gestão. Ademais, é salutar pontuar a ideia de que vandalizar significa nutrir amor pelo clube. Há algo bastante questionável nessa ação.

Outro ponto pertinente diz respeito à imagem e sentimento que o futebol promove na vida das pessoas. É importante pensar que é um esporte. Um esporte profissional e competitivo, mas que requer especificamente, no Botafogo, entender o termo “profissional” de forma literal. Ou seja, de forma que o clube de fato entenda a necessidade de mudanças. Daí mais uma vez reitero a indissociabilidade entre futebol e política. […]

Aristóteles já dizia que “o homem é um animal político”. Nossas ações são pautadas por movimentos políticos. Pensar o clube é entender essa questão. […]

Há que questionar a gestão do clube; suas ações; suas omissões; sua falta de transparência. Os torcedores não aguentam ver o clube sendo notícia de forma negativa. Mas para o clube mudar, é preciso que a torcida também repense suas ações. Não se pode pensar que criticar o clube é uma postura antibotafogo.

Criticar a forma que se administra o clube é exatamente prezar por ele. É vislumbrar dias melhores, dias de glória. Sem a torcida entender que ser crítico não é demérito, continuaremos com pessoas que estão há anos lá fazendo mais do mesmo. E deixando um dos maiores clubes da história ser visto de forma preocupante dentro e fora de campo. Portanto, é preciso desmistificar essa ideia. Para a vida.

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