por JOSÉ RICARDO CALDAS E ALMEIDA
Colaborador do Mundo Botafogo e Pesquisador de futebol
Carlos Castro Borges, o ‘Cacá’, nasceu no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro (RJ), em 31 de agosto de 1932.
Cacá começou jogando futebol no Posto 4 da praia de Copacabana, em um time chamado Dínamo, que existe até os dias de hoje e continua disputando o campeonato carioca de futebol de praia. Cacá foi um dos fundadores do clube, chegando inclusive a desempenhar as funções de diretor do time. Jamais deixou de participar dos jogos mais importantes do Dínamo, mesmo depois que se tornou jogador profissional.
Cacá foi um raro caso de um jogador de futebol a concluir um curso superior. Fez todo o curso secundário no Colégio Militar e depois o nível superior (Engenharia Civil) na Escola Politécnica da Universidade Católica.
Seu ingresso no América ocorreu em 1950, na equipe de juvenis. Começou jogando na ponta esquerda. Ainda no América passou para a lateral-direita, mudança determinada por Otto Glória.
Participou de dois campeonatos nessa categoria: em 1951, quando o América ficou em um dos últimos lugares do certame, e 1952, chegando em quarto lugar.
No dia 10 de janeiro de 1952, Cacá foi um dos amadores convocados para participar dos treinos iniciais da seleção carioca que iria disputar a Taça “Paulo Goulart de Oliveira”, o Campeonato Brasileiro de Seleções Amadoras, competição conquistada pelo selecionado da então Guanabara.
Em 1952, Cacá viveu uma fase muito boa no América, sendo, inclusive, convocado para compor a seleção brasileira que se preparava para disputar os Jogos Olímpicos, em Helsinque, Finlândia. Mas, surpreendentemente, Cacá pediu dispensa da seleção. A diretoria do América o requisitou para uma excursão que faria ao sul do Brasil e ao Uruguai. Assim, Cacá pediu dispensa do escrete e assinou um contrato de três meses. Foi em junho de 1952. Na época, o contrato de profissional de qualquer jogador profissional só podia ser de três meses, depois, então, por tempo indeterminado.
Destaque entre os elementos da defesa do América no campeonato carioca de aspirantes, Cacá passou à equipe principal, estreando no dia 4 de outubro de 1953, no empate de 1x1 com o Bangu, no Maracanã. O América formou com Julião, Cacá e Osmar; Rubens, Agnelo e Ivan; Vassil, João Carlos, Leônidas, Mauri e Ferreira. Técnico: Otto Glória. Não mais deixaria de ser titular do América.
Em reunião realizada em 7 de outubro de 1954 a CBD concedeu o prêmio “Belfort Duarte” a Cacá. Naquela época, o prêmio era concedido ao atleta por sua conduta disciplinada em oitenta partidas consecutivas.
Também foi considerado o ‘Atleta do Ano’ quando era capitão da equipe de futebol da Escola Politécnica.
Mesmo contra a vontade da diretoria do América, Cacá assinou contrato com o Fluminense em 1º de outubro de 1955.
Em 12 de outubro de 1955, a Federação Metropolitana de Futebol apreciou a questão que envolvia Cacá e indeferiu a pretensão do América no sentido de prorrogar o contrato que Cacá mantinha com o América.
Dessa maneira, Cacá estava livre para ingressar no Fluminense.
Quando as coisas pareciam estar calmas no ‘caso Cacá’, eis que os dirigentes do América, inconformados com a perda do atleta, deram entrada na Justiça do Trabalho de uma ação contra o jogador e o Fluminense. Desejava o América uma indenização ou então a inatividade do atleta pelo prazo de 12 meses.
A 4ª Junta de Conciliação do Ministério do Trabalho mandou intimar a Confederação Brasileira de Desportos e a Federação Metropolitana de Futebol a suspenderem a transferência de Cacá para o Fluminense.
No Fluminense fez seu primeiro jogo em 13 de novembro de 1955, formando ao lado de Pinheiro em um amistoso contra o Motorista, clube da cidade de Rio Bonito, com vitória tricolor por 8x1.
O primeiro jogo oficial seria justamente contra o Botafogo, válido pelo Campeonato Carioca, no Maracanã, com empate em 2x2, em 20 de novembro de 1955. O Fluminense atuou com Veludo, Cacá e Duque; Vitor, Clóvis e Bassu; Telê, Didi, Valdo, Átis e Escurinho.
Seu último jogo com a camisa do Fluminense foi em 27 de março de 1958 - Fluminense 0x1 Flamengo, no Maracanã, pelo Torneio Rio-São Paulo. Cacá disputou 121 jogos como jogador do Fluminense, sendo 118 como titular. Não marcou gols.
Nas Laranjeiras conquistou os títulos do Torneio Início de 1956 e do Torneio Rio-São Paulo de 1957. Este último um título muito especial por ter sido o primeiro de um time do Rio de Janeiro na competição.
No dia 22 de abril de 1958 Cacá foi inscrito pela Confederação Brasileira de Desportos como um dos 40 jogadores que compunham a relação inicial exigida pela FIFA com antecedência de 45 dias do início da Copa do Mundo, na Suécia. No entanto, foi cortado antes da viagem.
Sua estreia no Botafogo aconteceu em 7 de junho de 1958, em General Severiano, na vitória de 3x0 sobre a Portuguesa, válida pelo Torneio João Teixeira de Carvalho. A formação do Botafogo foi a seguinte: Ernâni (Adalberto), Cacá, Thomé e Paulistinha; Ronald e Ney Rosa; Garrinchinha, Rossi, Édson, Quarentinha e Neyvaldo. Técnico: Marinho Rodrigues.
Já o último jogo foi em 11 de abril de 1962, também em General Severiano, num amistoso em que o Botafogo foi derrotado pelo Tupi, de Juiz de Fora (MG), pelo placar de 3x2. Formou o Botafogo com Manga, Cacá (Luciano), Zé Maria e Paulistinha; Ayrton e Nagel; Édson, Abelardo (Sidney), China, Aloísio (Domingos) e Neyvaldo. Técnico: Marinho Rodrigues.
No Botafogo, Cacá atuou em 204 jogos, assim distribuídos: 33 em 1958, 59 em 1959, 49 em 1960, 57 em 1961 e 6 em 1962. Não marcou gol.
Pelo Botafogo Cacá foi campeão do Torneio Início e do Campeonato Carioca em 1961 e do Torneio Início, do Campeonato Carioca e do Torneio Rio-São Paulo em 1962.
Tendo completado o curso de Engenharia Civil em 1958, foi exercer a profissão, começando a trabalhar para conhecidos e, visando consolidar o nome, criou a Carlos Borges Cia. Ltda.
Em 1964, Cacá foi contratado pela Portuguesa de Desportos, de São Paulo (SP), que levou muitos jogadores cariocas para o Canindé. Após 22 meses na Portuguesa de Desportos, desistiu de jogar futebol, tendo o clube paulista concordado, após alguma relutância.
No dia 7 de junho de 2017, vítima de câncer, Cacá faleceu.
Leia mais sobre Cacá no Mundo Botafogo em Cacá: futebolista de ‘engenho’ e último amigo de Nilton Santos
Fontes:
Blog “Estatísticas Fluminense”, Correio da Manhã, Jornal dos Sports, Revista do
Esporte, Tribuna da Imprensa.
2 comentários:
O texto complementa, em muito, o anterior. Sensacional. De novo!
Sempre em progresso! Há mais textos a ampliar. Estão na forja.
Abraços Gloriosos.
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