sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Botafogo 4x2 Madureira – análise

Crédito: Vitor Silva / BFR.

por RUY MOURA

Editor do Mundo Botafogo

Não é fácil comentar esta partida face ao que pretendo expressar, mas desde logo devo realçar os aspectos mais interessantes: a capacidade de reação face ao placar adverso, o progresso na movimentação em campo, uma organização progressivamente melhor, um técnico tendencialmente capaz de fazer leituras de jogo e, por fim, a surpreendente liderança – que não significa nada em especial, mas que em todo o caso é uma liderança.

O Botafogo fez um primeiro tempo apenas razoável, designadamente porque o meio campo foi pouco criativo e não municiou devidamente o ataque. A equipe começou melhor a partida, pressionou o adversário e chegou com perigo ao ataque logo nos minutos iniciais, podendo ter inaugurado o marcador mas falhando novamente nas finalizações.

Porém, aos 14’, o árbitro assinalou uma grande penalidade cometida por Kanu, após falha de Carli, que, em nossa opinião, não existiu. Pirico converteu a cobrança e Gatito nem na fotografia saiu, caindo para o lado direito enquanto a bola entrou pelo lado esquerdo. Madureira 1x0.

O Botafogo foi em busca da reação, nem sempre clarividente, mas a pontaria era fraca, e quando era boa o goleiro Dida estava lá fazendo importantes intervenções – talvez até sendo a figura do jogo no primeiro tempo.

Entre os 30’ e os 35’ Carli efetuou dois lançamentos fabulosos, desperdiçados à vez por Diego Gonçalves e Matheus Nascimento. Aos 39’, e depois já nos acréscimos, mais duas oportunidades perdidas por Daniel Borges e Diego Gonçalves. Em suma, um desempenho não mais do que razoável, mas com algumas oportunidades de gol devido ao desalinhamento da defesa do Madureira, que no segundo tempo se desorganizou ainda mais e permitiu uma virada espetacular do Botafogo.

Ao intervalo Enderson mudou três peças, mas enquanto a equipe se reorganizava face às mudanças operadas, Erick Pulga entrou na área do Botafogo, bagunçou a defesa, Daniel Borges e Kanu falharam, a bola foi à trave e voltou para Pirico que aproveitou a grande oportunidade e ampliou aos 53’. Madureira 2x0.

A torcida vaiou Kanu pela falha, mas logo aos 55’, na cobrança de escanteio, Kanu chuta de voleio entre os defensores adversários à entrada da pequena área e reduz o placar. Botafogo 1x2.

A partir daí o Botafogo renovou a pressão sobre o adversário e nunca mais o Madureira se encontrou em campo, tendo a sua defesa se esboroado completamente. E aos 62’, Diego Gonçalves redime-se de duas falhas clamorosas anteriores, recebe um excelente passe de Matheus Fernandes pelo lado esquerdo da área adversária e empata a partida: 2x2.

Adivinhava-se a virada. O Botafogo continuou na mesma toada e aos 76’, na cobrança de uma falta pela ala direita do ataque, Carli entra de rompante na pequena área entre os zagueiros, redime-se de falha anterior e faz a virada. Botafogo 3x2.

Pressentia-se que podia haver mais um gol e o Botafogo sentenciar a partida, tal como aconteceu com o Bangu. Erison passou por quatro adversários com a robustez do seu corpo, entregou a bola a Jonathan Silva que cruzou da linha de fundo para Raí estufar as redes à entrada da pequena área pela quarta vez num período de apenas 30 minutos de jogo. Botafogo 4x2.

Foi uma bela vitória pela reação forte do Botafogo à adversidade. É também assim que se cria resiliência numa equipe e se busca a vitória até final.

Porém, há muito para evoluir porque há jogadores que claramente não encaixam, como Vitinho e Felipe Ferreira, mas pode-se esperar bastante mais de Raí, Erison e Matheus Nascimento. Assim como de um entrosamento coletivo em crescendo. Quanto a Gatito parece estar ainda em baixa forma. No pênalti foi clarissimamente enganado, o que não é costume, e no segundo gol talvez pudesse ter feito melhor.

Quem seguramente poderia ter sido melhor foi o árbitro, que marcou um pênalti duvidosamente existente e mostrou indevidamente dois cartões amarelos a jogadores do Botafogo ainda na primeira parte, evidenciando uma grande deficiência no capítulo disciplinar, que podia ter limitado a atuação dos jogadores visados com receio de um segundo amarelo.

FICHA TÉCNICA

Botafogo 4x2 Madureira

» Gols: Kanu, aos 55’, Diego Gonçalves, aos 62’, Joel Carli, aos 76’, e Raí, aos 85’ (Botafogo); Pipico, aos 14’ (pen.) e 53’ (Madureira)

» Competição: Campeonato Carioca

» Data: 03.02.2022

» Local: Estádio Olímpico Nilton Santos, no Rio de Janeiro (RJ)

» Público: 1.862 pagantes; 2.141 espectadores

» Renda: R$ 59.250,00

Árbitro: Alex Gomes Stefano Assistentes: Diogo Carvalho Silva e Daniel de Oliveira Alves Pereira

» Disciplina: cartão amarelo – Fabinho, Breno, Kanu e Joel Carli (Botafogo) e Mário Pierre e Rafinha (Madureira)

» Botafogo: Gatito; Daniel Borges, Kanu, Carli e Carlinhos (Jonathan Silva); Fabinho, Breno e Felipe Ferreira (Raí); Vitinho (Luiz Fernando), Diego Gonçalves (Barreto) e Matheus Nascimento (Erison). Técnico: Enderson Moreira.

» Madureira: Dida; Rhuan, Mário Pierre, Edgar Silva e Feliphe Gabriel (Guilherme Zhoio); Felipe Dias, Marino (Henrique Luiz) e Diogo Carlos (Sampaio); Erick Pulga, Rafinha e Pipico. Técnico: Alfredo Sampaio. 

4 comentários:

Saulo Lessa disse...

Breno tem me impressionado muito, melhor jogador de nossas duas últimas vitórias. Belo achado, e Erison dá sinais que a torcida não sentirá saudade nenhuma de Navarro, não parece somente mais forte, como também, mais técnico. E pelo que foi insinuado por Textor, grandes reforços chegarão nas próximas semanas.

Ruy Moura disse...

Sim, Saulo, o Breno tem tido bom desempenho, embora eu não consiga descortinar nestes dois jogos um jogador claramente melhor entre os que melhor estiveram. Quanto ao Navarro, confesso que nunca o apreciei, faz-me lembrar o Wellington Paulista, que chutava sempre a direito houvesse ou não adversário pela frente. Espero que tenhamos alguém bastante melhor que ele, porque o Navarro oferece-me bastantes dúvidas sequer de vir a singrar no Palmeiras. A crer no Textor, sim, vão chegar reforços bastante melhores. Aliás, se não chegassem iriamos lutar contra o rebaixamento no Brasileirão 2022. Mas penso que vamos ter alguma sorte com reforços este ano para começarmos a constituir um plantel resiliente. Passo a passo e com consistência.

Abraços Gloriosos.

Sergio disse...

Excelente comentário. Tem me chamada a atenção o Erison, Breno e o crescimento o Matheus Nascimento.
Acho que com paciência Juninho, Raí, Matheus Nascimento e outros da base podem crescer muito.
Sobre a base, me recordei de um detalhe importante: no passado havia uma integração maior entre as diversas categorias, a escola de futebol do Botafogo era a mesma em todas as categorias, desse modo a transição era mais rápida. Hoje, a diferença tática entre o sub 20 e o time profissional é em minha opinião um fator que dificulta a transição. Um exemplo é o posicionamento do Matheus Nascimento que no sub 20 joga mais avançado e s recuar tanto, ao contrário, no profissional ela recua demais, sendo quase um meia. É bom jogador, mais ainda sinto que o MN não de adaptou nesse esquema. Tomara que o Enderson saiba achar a melhor posição para ele. Abs e SB!

Ruy Moura disse...

Sergio, concordo com tudo que escreveu, fora a crença de que o Juninho venha a consolidar-se no Botafogo. Tenho muitas dúvidas. Raí, Erison, Breno e Matheus Nascimento apresentam-se potencialmente como peças melhores. Sobre o MN tenho bastante boa impressão dele na equipe principal, mas partilha a questão do posicionamneto e também a necessidade de MN fazer muito ginásio, ganhar músculo e robustez física. Faz-me lembrar o Cristiano Ronaldo franzinho da adolescência, que à custa de muito ginásio ganhou o corpão que ainda hoje apresenta. Posicionamento, robustez física e mais tempo para amadurecimento são aspectos essencias para o MN ser um jogador de bastante bom nível.

Abraços Gloriosos.

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