por JOSÉ RICARDO CALDAS E ALMEIDA
Colaborador do Mundo Botafogo e Pesquisador de futebol
Francisco Amâncio dos Santos, o ‘Chicão’,
nasceu no Rio de Janeiro (RJ), no dia 21 de fevereiro de 1939.
Foi criado como jogador de futebol
nas peladas das ruas da cidade do Rio de Janeiro, mais precisamente em Vicente
de Carvalho, onde residia.
Seu amigo Barriga foi quem o
levou para Teixeira de Castro, onde foi de juvenil a profissional do Bonsucesso
Futebol Clube. Por ter bom porte físico, suas primeiras participações no time
principal do Bonsucesso foram nas posições de centroavante ou ponta-esquerda.
Num desses amistosos, no dia 25 de março de 1958, Chicão marcou um dos gols do
empate em 2x2 contra o Botafogo (ambos com quadros mistos).
Na ponta-esquerda estrearia de forma oficial no Bonsucesso no dia 20 de julho de 1958, na derrota diante do São Cristóvão, por 4x0, válido pelo campeonato carioca. Formou o Bonsucesso com Rui, Brandãozinho e Gonçalo; Beto, Bimba e Nico; Jair, Arthoff, Cabrita, Hélio e Chicão.
Porém, já no segundo jogo do
Bonsucesso nessa competição, contra o Vasco da Gama, Chicão passaria a atuar na
posição que mais se destacou, a lateral-esquerda. Também nesse ano de 1958,
Chicão foi convocado para os treinos da Seleção Brasileira que disputaria o
Campeonato Sul-Americano de Juvenis, no Chile, de 13 de março a 2 de abril.
Na ocasião, João Saldanha, então
técnico do Botafogo, procurava um jogador para a defesa e viu em Chicão, do
Bonsucesso, uma ótima opção. Logo em seu primeiro jogo no Botafogo, viu que o Alvinegro
tinha feito uma boa contratação.
Sua estreia no Botafogo aconteceu
no dia 10 de maio de 1959, no Maracanã, com vitória de 1x0 sobre o Fluminense,
jogo válido pelo Torneio Rio-São Paulo. O Botafogo formou com Lucas, Cetale e
Chicão; Ayrton e Ademar; Neyvaldo (Rossi), Tião Macalé, China (Amoroso), Édison
e Bruno Siciliano. Técnico: João Saldanha.
Nesse ano de 1959, Chicão
disputou 25 jogos pelo Botafogo. No ano seguinte (1960) foram 59 jogos
(assinalando três gols), tendo conquistado seu primeiro título de campeão no
Torneio Internacional da Colômbia.
Em 1961 conquistou o Campeonato
Carioca (17 jogos e um gol).
Sua última partida com a camisa
do Botafogo aconteceu no amistoso interestadual realizado no Maracanã, no dia 3
de janeiro de 1962, com vitória de 3x0 sobre o Santos. O Botafogo atuou com
Manga, Rildo, Zé Maria, Nilton Santos e Chicão (Wilton); Ayrton e Didi;
Garrincha, Quarentinha (China), Amarildo (Amoroso) e Zagallo. Técnico: Marinho
Rodrigues.
Totalizou 134 jogos pelo
Botafogo, marcando quatro gols.
No dia 8 de janeiro de 1962 chegou
ao Rio de Janeiro Vicente Perez Lozar, Secretário-Geral do Valencia, da Espanha
(o mesmo que levou Valdo para o clube espanhol), e acertou com o Botafogo a
contratação de Chicão.
Pesou para essa contratação as
boas partidas que Chicão fizera nos dias 24 e 27 de junho de 1961, em Valencia,
válidas pelo Torneio "Naranja", ambas com derrota pelo placar de 3x2 diante
do Valencia e do Barcelona. O Botafogo chegou com a fama de melhor time
sul-americano da época, com várias estrelas do futebol mundial. A atuação de
Chicão causou impacto, chegando os jornais a dizerem que era um jogador alto e
ágil, com velocidade e dureza diabólicas.
Chegou a Valência com apenas 21
anos e logo destacou-se na antiga Taça das Feiras (depois chamada Taça UEFA),
já que não podia participar em competições nacionais por ter chegado com o
campeonato espanhol em andamento. Chicão disputou seis jogos e ainda marcou o
primeiro gol no empate por 3x3 contra a Internazionale, de Milão, na Itália, na
segunda partida das quartas de final. Realizou grandes jogos e sua tendência ao
ataque fez com que o técnico argentino Alejandro Scopelli o prendesse mais na
defesa.
Sua velocidade e potência o
tornaram dono de toda a ala esquerda do Valencia. Chamou a atenção dos grandes
clubes, sendo inclusive convidado pelo Barcelona para participar do amistoso em
tributo a Antoni Ramallets, contra o Hamburgo, da Alemanha, disputado em 6 de
março de 1962, no Camp Nou. Essa temporada foi a de sua explosão definitiva.
Conquistou os títulos de
bicampeão da Taça das Feiras, em 1962 e 1963.
No entanto, no final da temporada
1962/1963, começou a ter problemas no joelho, que se repetiram no início da
campanha seguinte. Sofrendo com muitas dores, Chicão jogou apenas dez jogos do
campeonato e finalmente concordou com a cirurgia. Ele sofreu uma longa e
complicada recuperação que estava prestes a retirá-lo do campo. Saiu emprestado
ao Levante durante a temporada 1965-1966 para tentar se recuperar na Segunda
Divisão da Espanha, mas lá se viu que ele não era mais o mesmo jogador. Havia
perdido a velocidade e a explosão e, depois de jogar apenas três jogos, decidiu
voltar ao Brasil.
No Valencia foram 56 jogos (9 em
1961/62, 37 em 1962/63 e 10 em 1963/64), com sete gols marcados.
Voltou ao Brasil, já então muito
pesado e sem condições de continuar a jogar.
Em 18 de agosto de 1968, ao
abastecer seu Aero Willys em um posto de gasolina na Estrada do Quitongo, no
Rio de Janeiro, quando meteu a mão no bolso para pagar, Chicão deu-se conta que
havia esquecido a carteira. Explicou ao funcionário e disse-lhe que iria até o
Bar e Café Elza, de sua propriedade, buscar o dinheiro, deixando como garantia
um anel de brilhante e um relógio de ouro.
Quando retornou ao posto, já
agora acompanhado por dois amigos, o industrial Moacir Simões de Oliveira e
Haroldo Joaquim Carneiro, Chicão chamou o empregado e procurou entregar-lhe os
NCr$ 5,00, pedindo os seus objetos. O empregado negou-se a receber o dinheiro,
respondendo que a gasolina já estava paga. Começaram a discutir e como Chicão
sentiu que o empregado queria ficar com o anel e o relógio, o agrediu, dando um
empurrão, disposto a recuperá-los.
Mas Chicão não pôde dar mais nem
um passo, pois do chão mesmo, onde caíra, o empregado atirou no peito do
ex-jogador. Este virou-se num ato natural de defesa e recebeu mais dois tiros
nas costas, caindo no chão. O assassino, com a arma na mão, saiu em disparada,
desaparecendo pela Estrada do Quitongo.
Socorrido por seus amigos e por
populares que acorreram ao local, Chicão foi transportado em seu próprio carro
para o Hospital Getúlio Vargas, onde veio a morrer pouco depois das 17:30
horas, na mesa de operações.
Fotos: Revista do Esporte.
Fontes: Revista do Esporte, Jornal
dos Sports e site CiberChe (base de dados do Valencia).
4 comentários:
Muito bom, esse site, pois recorda muitos e muitos jogadores, que não são mais lembrados, neste pais de desmemoriados. Um forte abraço e tudo de bom, continuem.
Grato pelo seu comentário! Encontra perfis de jogadores nas seguintes etiquetas do blogue: figuras, botafoguenses anônimos, revistas-perfis. Tudo de bom também para si. Abraços Gloriosos!
Somente afim de ilustrasão: na foto 3. Nilton Santos e Chicão, na de no 5. Nilton Santos seu irmão Nilson Santos e Chicão, na de no 6. o fenomenal Manuel Francisco dos Santos , mais conhecido por Garrincha e Chicão. Um forte abraso.
Obrigado, Chichano!
Abraços Glriosos.
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