domingo, 3 de abril de 2022

Jogo-treino: Botafogo 2x0 Volta Redonda

Crédito: Vitor Silva/Botafogo.

por RUY MOURA

Editor do Mundo Botafogo

Tratou-se apenas de um jogo-treino dividido em três tempos de trinta minutos cada tempo e, nessa qualidade, “vale o que vale”, mas, antes de tudo, constituiu um saboroso brinde à grande massa de torcedores alvinegros para identificação de eventuais características do modelo de jogo a desenvolver pelo futebol botafoguense.

Globalmente tratou-se de conhecer melhor os jogadores em situação simulada de competição, articulando e experienciando jogadas diversas com base em saída de bola controlada e respectiva posse, empurrando o adversário para a sua área mediante troca de passes curtos, e por vezes longos em mudanças de flanco capazes de desarticular a defesa, experimentando remates  de meia distância e incursões dentro da área adversária.

Verificou-se um aprimoramento na posse de bola, com troca mais rápida e certeira de passes, maior proximidade entre as linhas, marcação mais intensa e pressão imediata após a perda de bola visando uma recuperação rápida e, quiçá, aproveitamento de falhas adversárias.

Ainda assim verificou-se uma ou outra falha importante na defesa, apesar do fraco potencial atacante do Volta Redonda, bem como, sobretudo, insuficiências de ataque e pontaria falha, tão falha que somente nos minutos finais o Botafogo conseguiu inaugurar o placar com uma cabeçada muito boa de Romildo após cobrança de falta por Saravia. Quanto ao segundo gol, marcado por Luiz Fernando, não devia ter havido lugar à marcação de penalidade máxima porque a falta sobre Rikelmi foi feita no limite da linha da grande área.

Numa breve análise ao desempenho nos três períodos de tempo, a movimentação no primeiro tempo foi muitíssimo superior aos dois tempos restantes e forneceu as melhores indicações para exploração do potencial dos atletas e mitigação de deficiências. Foi nesse período que claramente a nossa equipe poderia ter inaugurado o marcador, por exemplo, quando após boa tabela Daniel Borges cruzou para área, o zagueiro falhou o bloqueio e Chay desperdiçou clamorosamente em frente ao goleiro, ou quando, num excelente lançamento de longa distância de Patrick de Paula, Victor Sá não conseguiu concluir vitoriosamente.

No segundo tempo verificou-se um bom desempenho nos minutos iniciais, destacando-se Victor Sá com um pontapé de primeira a embater no travessão após cruzamento muito bom de Luís Oyama da linha de fundo. Seria um golaço! Todavia, após as primeiras substituições, que implicaram a saída de Patrick de Paula, Piazon e Daniel Borges, o ritmo de jogo abrandou, a marcação afrouxou, a recomposição das linhas tornou-se mais lenta e foi o Voltaço que levou perigo por duas vezes à nossa baliza, com uma bola no poste em cabeçada após cobrança de escanteio e um remate desperdiçado frente a frente ao goleiro.

Crédito: Vitor Silva/Botafogo.

No terceiro tempo, apesar dos gols, a produção da equipe baixou ainda mais, com perdas de bola e jogo muito dividido, provavelmente devido à entrada de muitos jovens na equipe.

Em primeira impressão destacaram-se, entre outros, os reforços Patrick de Paula, que mostrou boa visão de jogo no fornecimento de jogadas ao ataque, Victor Sá, que evidenciou uma boa movimentação, e Saravia, que evoluiu bem na ala direita e assistiu ao primeiro gol. Confirmaram ser boa opção Oyama, Chay e Romildo, este especialmente na eficácia em jogo aéreo.

Deve-se realçar, ainda, as ausências de Gatito, Carli, Sampaio e Diego Gonçalves, além da necessidade de outros reforços. Gatito faz uma enorme falta na baliza, porque não temos um segundo goleiro de qualidade, e o ataque necessita de um ‘matador’, alguém com boa qualidade técnica e o tipo de características oportunistas de Erison. Será Zahavi, eleito o melhor jogador do mês de março no campeonato holandês?...

Em suma, não se vislumbrou nenhum milagre estratégico-tático, tal como seria de prever, mas sobretudo promover a arrumação de uma equipe com muitos reforços e deficiências de entrosamento, testando posições de jogadores e capacidades inerentes, situação visível na utilização de 24 jogadores do Botafogo ao longo do jogo.

Sendo uma equipe em formação apenas há dias, pode-se considerar que o jogo-treino foi bom para que a comissão técnica retire as devidas ilações, embora a vontade mostrada pelos jogadores não tenha sido exemplar e a desejada dinâmica de jogo não tenha sido revelada. Estaria Castro escondendo os atributos mais importantes a utilizar contra o Corinthians ou será que se trata mesmo de um início onde, provavelmente, a comissão técnica ainda não domina os atributos que deve alinhar no enfrentamento do Corinthians? Pelo sim pelo não, convém que Luís Castro se informe bem sobre as possibilidade da equipe paulista e acautele o desejo de vingança pela contratação de Castro pelo Botafogo, porque quanto ao treinador adversário, conhece-o bem.

Feitas essas ressalvas para que o jogo de estreia não seja uma coisa desastrada, pode-se dizer que a equipe evoluiu na marcação em bloco, na saída de bola – apesar de algumas deficiências –, na recuperação rápida e na recomposição das linhas, na posse de bola e no acerto de passes, mas mostrando ainda falta de velocidade no contra ataque e bastante desafinação no remate – e são os gols que fazem os campeões!

FORMAÇÃO DO BOTAFOGO:

Douglas Borges (Igo Gabriel, 14’/2ºT);

Daniel Borges (Saravia, 14’/2ºT), Kanu (Kawan, intervalo/3ºT), Klaus (Kayque, intervalo/3ºT) e Hugo (Jonathan Silva, 14’/2ºT);

Patrick de Paula (Barreto, 14’/2ºT), Luís Oyama (Breno, intervalo/3ºT) e Chay (Juninho, intervalo/3ºT, depois Vinícius Lopes, 15’/3ºT);

Lucas Piazon (Matheus Nascimento, 14’/2ºT, depois Romildo, 11’/3ºT), Erison (Luiz Fernando, intervalo/3ºT) e Victor Sá (Rikelmi, intervalo/3ºT).

Técnico: Luís Castro. Gols: Romildo, aos 25’, e Luiz Fernando, aos 28 (pen).

6 comentários:

Sergio disse...

Excelente comentário, vimos o mesmo treinamento, e diria que foi a mesma impressão que outros colegas de camisa tiveram. Eu de minha parte escrevi muito resumidamente sem o brilhantismo da sua análise, que aliás, diga-se de passagem é muito superior a 95% dos comentários da mídia esportiva brasileira, que querem demonstrar uma pseudo modernidade utilizando expressões bizarras.
Acho que os jogadores contratados ainda carecem de boa forma física, e isso é um fator a ser considerado. Acho que o Luís Castro vai finalmente conseguir dar um padrão de jogo ao time do Botafogo, coisa que não vemos há muito.
Pela entrevista do Textor hoje ao jornal O Globo, parece que o Zahavi vem de fato, mas só no final da temporada europeia, assim como o Marçal. Teremos um primeiro turno provavelmente razoável, pelo menos assim espero e torço, e acho que o segundo turno bem mais positivo, e realmente é muito complicado montar uma boa equipe em tempo tão escasso, mas vamos torcer para que o Botafogo volte a trilhar um futebol digno de suas tradições. ABS e SB!

Ruy Moura disse...

Sergio, fico contente que os meus comentários mereçam a sua concordância. Estou de acordo sobre a questão da forma física, porque me pareceu que alguma falta de vontade da equipe seja, em parte, reflexo disso. Não vindo o Kahavi é essencial preparar o melhor 9 que tivermos à mão, porque o ataque encontra-se muito mal apetrechado. Quanto ao desempenho nos dois turnos também concordo, porque o LC não conseguirá colocar a equipe funcionando em pleno em abril e maio, pelo menos. Mas acredito que se souber ler bem o futebol brasileiro e liderar a equipa pode ter sucesso. Como ele é um gentleman creio que imporá respeito e, quiçá, admiração.

Abraços Gloriosos.

Gil disse...

Grande Rui,

Como bem disse o Sergio, vi o jogo através do teu comentário.

Pelo pouco que vi e ouvi do LC nas entrevistas após sua chegada, concordo contigo que é um gentleman e, além disso, conquistará o grupo.

Abs e Sds Botafoguenses

Biriba disse...

Ótima versão, Rui!
Fiquei com uma boa impressão a respeito dos aspectos didáticos da equipe técnica encabeçada pelo Luís Castro, pois conseguiram exercer influência apesar do tempo escasso.
Também concordo com o comentário sobre a falta de preparo físico.
Parece o começo de um projeto sólido.

Saudações botafoguenses!

Ruy Moura disse...

Esperemos que sim, Gil. No Brasil, não se conquistar a equipe e o balneário é sinônimo de despedimento próximo porque o boicote acontece. Tal como já estão ensaiando os jogadores flamengyistas com o seu recente técnico. O Luís Castro não é um treinador top, mas tem qualidade e muitas capacidades para obter sucesso se conseguir direcionar a equipe para a ambição, a disciplina e a concentração em campo.

Abraços Gloriosos.

Ruy Moura disse...

Foram apenas 5 dias de nova equipe técnica antes do jogo-treino. Esperemos que durante esta semana o LC consiga fazer melhor e colocar uma equipe já aceitável para defrontar o Corinthians. Ganhe, empate ou perca, o essencial é perceber se já está fazendo caminho. E no que respeita ao preparo físico mencionado pelo Sergio, é coisa que ainda vai demorar, e faço votos para que a comissão técnica também seja competente nessa matéria.

Abraços Gloriosos.

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