por CARLOS
FERREIRA VILARINHO
especialmente
para o Mundo Botafogo
sócio-proprietário e historiador do Botafogo de Futebol e Regatas
[A narração que se segue antecipa o III Volume da coleção, a editar em 2022, e reporta-se ao ano de 1966]
07/09/1966 – O DIA EM QUE QUEBRARAM JAIRZINHO
Desde a semana anterior, já se sabia que o Torneio-Início seria disputado no feriado da Independência, no Maracanã. O Botafogo seria representado pelo time juvenil, como um prêmio pelo título de campeão carioca (16 vitórias, 3 empates e 3 derrotas, 48 gols a favor, contra 10 sofridos). O Bangu e o Fluminense mandariam seus times titulares.
Já o Flamengo e o Vasco preferiram jogar em Ipatinga. Então, numa penada, Ícaro França, presidente interino da FCF, cancelou o tradicional torneio. Ocorre que a decisão da Taça Guanabara foi marcada também para a quarta-feira (dia 7), obrigando o Flamengo a desistir do amistoso. Na segunda-feira, ele sugeriu a troca pelo Botafogo, que só aceitou após valer seu direito de receber a mesma cota do Vasco: 7 milhões. A delegação tomou um avião na manhã de quarta-feira. Gérson não seguiu porque estava com casamento marcado para o sábado. No Rio, o Fluminense, que jogava por um empate (devido ao melhor saldo de gols) no tempo normal e na prorrogação, derrotou o Flamengo (3x1) nos contra-ataques.
Em Ipatinga, à noite, Chirol armou a meia-cancha com Nei, Sicupira e Luís Henrique, escalando Jairzinho na direita, Jerônimo no centro e Helinho na outra ponta. Aos 27, Jairzinho faz 1x0. No último tempo, aos 7, Jairzinho amplia: 2x0. Logo depois, Oldair, adepto do futebol-força, agrediu Jairzinho pelas costas. Aos 44, Paulo Mata reduz para o Vasco: 2x1.
No dia seguinte, o administrador Alexandre Madureira deu seu depoimento: “O Jair já tinha feito dois gols e estava jogando uma barbaridade. Numa jogada aos 12 minutos do segundo tempo, ele enfrentou o Oldair e lhe aplicou dois dribles, livrando-se dele e ganhando posição para marcar o terceiro gol. Quando ia entrando na área, o Oldair apelou, dando mesmo para pegar, como pegou” (JS). Na manhã seguinte, o Dr. Carlos González (o popular Patchuco) seguiu com Jairzinho diretamente do Aeroporto Santos Dumont para o Hospital Miguel Couto, onde Lídio Toledo já os aguardava. Infelizmente, a radiografia confirmou o exame preliminar: fratura completa do terceiro osso metatarsiano do pé esquerdo. Miséria! Com Jairzinho, o Botafogo teria tido muito mais chances de conquistar o título carioca profissional de 1966.
Jairzinho só voltou a vestir a camisa alvinegra na noite de 22/06/1967, uma quinta-feira. No campo do Fluminense, o Botafogo enfrentou a seleção carioca convocada por Daniel Pinto (empresário e técnico do Olaria) e dirigida por Evaristo (América) e Gentil Cardoso (Vasco). A renda de pouco mais de 4,45 mil reverteu para a família do locutor Edgar Pereira (Rádio Mauá), botafoguense, falecido no sábado. Foi uma bonita festa. Todo mundo pagou ingresso: diretores, sócios do Botafogo, jogadores, juízes e jornalistas. A FCF abriu mão da taxa de 10%. Explorando o desentrosamento do combinado, o Botafogo venceu como quis. Aos 26, recebendo ótimo esticão de Jairzinho, Gérson mata no peito, penetra pelo miolo da área e toca de leve no canto esquerdo: 1x0. Mas aos 45, numa cobrança de falta sofrida por Gilson Nunes, o veterano Gilbert atira um foguete no canto esquerdo: 1x1. No tempo final, aos 20, Gérson atira no travessão. Lula apanha o rebote e cruza na cabeça de Jairzinho (com a camisa 10): 2x1. Aos 29, cobrando pênalti sofrido por Roberto, Lula amplia: 3x1. Aos 36, num bate-rebate, Gérson fecha o placar: 4x1.
Extraído
do livro “O Futebol do Botafogo – 1966-1970” (a lançar em 2022).
Os volumes I e II podem ser adquiridos através do endereço: https://mauad.com.br/index.php?route=product/search&search=o%20futebol%20do%20botafogo
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