domingo, 31 de julho de 2022

Botafogo 0x1 Corinthians – e a zica continua

Crédito: Vitor Silva / Botafogo.

por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo

Quando as coisas de campo parecem encaminhadas para começarmos a lutar com armas capazes com as melhores equipes do campeonato brasileiro, eis que os dois reforços que conseguiram interpretar a dinâmica de jogo ofensiva – Eduardo no meio campo e Marçal municiando o ataque pela ala esquerda – ocorrem mais dois obstáculos que os colocam fora da partida.

Com tantas contrariedades, às vezes até apetece acreditar em bruxarias: ir aos bruxos/as e clamar pela anulação das bruxarias. Mas, enfim, vida que segue.

O Botafogo entrou bem no jogo, mas a saída de Marçal, que é exímio em cruzamentos tensos para a área, tal como mandam as regras, virou claramente o jogo. O Corinthians passou a atacar quase exclusivamente pelo lado direito, explorando os espaços vazios que Hugo (substituto de Marçal) deixava atrás de si.

Então, o Corinthians – até aí manietado pelo Botafogo – começou a levar perigo pela primeira vez aos 19’; logo em seguida, aos 23’, um corinthiano sozinho dentro da área (pelo lado de Hugo) deixou escapar a bola ao tentar um lençol em Gatito; aos 26’ o gol aconteceu, novamente pelo lado de Hugo, que falhou claramente, e as suas falhas fizeram estremecer Mezenga, que também foi driblado e dominado por Mosquito que acabou por marcar o único gol da partida – com mérito dele e demérito de Hugo e Mezenga.

O Corinthians cresceu, passou a dominar a partida, mas o Botafogo nunca baixou os braços, aguentando bem a pressão e chegando ao intervalo com o placar em 0x1.

No segundo tempo o Botafogo teve que se expor em busca do gol de empate, mas Eduardo fez muita falta para municiar o ataque, no qual Erison se via quase isolado, embora a equipe continuasse a pressionar a defesa do Corinthians, que sendo vice-líder e detentor de uma das melhores defesas do campeonato conseguia travar a entrada do Botafogo na sua grande área e saía rapidamente em contra ataque, criando muito perigo para a nossa equipe.

No entanto, o Botafogo não deixou o Corinthians ‘matar o jogo’, vencendo tangencial por erros sucessivos da defesa na jogada do gol corinthiano.

Erison ainda teve uma grande oportunidade dentro da área, mas rematou à figura de Cássio. A equipe não desistiu, embora com muitas dificuldades de penetração no ataque, o Corinthians fechou-se para segurar a vantagem, mas, ainda assim, aos 90+3’ Matheus cabeceou sozinho dentro da área e foi por um triz que Cássio conseguiu tocar na bola e evitar o empate no último minuto.

Em minha opinião, apesar da dedicação dos jogadores na partida, uma coisa é certa: com um elenco tão desfalcado ainda não podemos ser os propositores de jogo, em especial no terreno de grandes adversários com fortes defesas, devendo-se privilegiar, até melhores ventos e marés, a estratégia do contra ataque – cuja velocidade e robustez de Erison, por exemplo, deram certo em outras ocasiões em que jogamos, e ganhamos, em contra-ataque.

No conjunto, e tendo sobretudo em consideração todos os desfalques do Botafogo, a equipe lutou muito e apenas nos remates totais ficou aquém do Corinthians – que rematou 12 vezes para fora contra 6 vezes do Botafogo. Figurino do jogo:

Corinthians

 

Botafogo

12

Remates fora da baliza

6

3

Remates enquadrados à baliza

3

48%

Posse de bola

52%

77%

Precisão de passe

80%

6

Faltas cometidas

5

0

Cartões amarelos

0

0

Cartões vermelhos

0

3

Escanteios

3

Quando o plantel estiver livre de tantas lesões, e reforçado nos pontos mais fracos, a equipe promete alegrar-nos bastante mais do que até aqui.

Uma palavra merecida ao árbitro: deixou jogar futebol, não errou em nenhum lance e não exibiu cartões.

FICHA TÉCNICA

Botafogo 0x1 Corinthians

» Gols: Gustavo Mosquito, aos 26'

» Competição: Campeonato Brasileiro

» Data: 30.07.2022

» Local: Neo Química Arena, São Paulo (SP)

» Público: 42.792 espectadores

» Renda: R$ 2.860.163,50

» Árbitro: Jean Pierre Goncalves Lima (RS); Assistentes:  Jorge Eduardo Bernardi (RS) e Lúcio Beiersdorf Flor (RS); VAR: Daniel Nobre Bins (RS)

» Disciplina: nenhum cartão mostrado

» Botafogo: Gatito Fernández; Daniel Borges, Lucas Mezenga, Philipe Sampaio e Fernando Marçal (Hugo); Tchê Tchê, Patrick de Paula (Luís Henrique) e Lucas Fernandes; Lucas Piazon (Matheus Nascimento), Erison, Jeffinho (Vinícius Lopes). Técnico: Luís Castro.

» Corinthians: Cássio; Rafael Ramos, Bruno Méndez, Balbuena e Fábio Santos; Roni (Maycon) Fausto Vera e Giuliano (Du Queiroz); Gustavo Mosquito (Adson); Róger Guedes (Yuri Alberto) e Giovane (Willian). Técnico: Vítor Pereira.

2 comentários:

Sergio disse...

Vimos o mesmo jogo. De fato o ditado espanhol muito citado pelo Luís Mendes a respeito do Botafogo: " Jo não creio em las brujas, mas que las hai, las hai" de fato de aplicam ao Botafogo.
Antes do jogo ao ler que o Eduardo não jogaria pensei, matou o meio campo do Botafogo. Aquela dinâmica de jogo apresentada contra o Atlético Paranaense, com revezamento de posições, busca pelos espaços vazios, velocidade e maior precisão nos passes simplesmente morreu com a entrada do burocrático PK, que não só tirou a dinâmica do meio como parece completamente descompromissado, sem vontade. Uma pena pois futebol ele tem, mas até o momento foi dinheiro jogado fora.
Como nada no Botafogo atual parece contribuir para o melhor, o Marçal sai com menos de 15 minutos de jogo desmontando o lado esquerdo do time, não só na parte defensiva em que a confiança do Mezenga caiu, mas também em relação ao Jefinho que perdeu quem lhe dava segurança e a boa saida de bola, e a partir daquele momento o Corinthians percebeu que o caminho era o lado esquerdo do Botafogo, coisa que não aconteceu quando o Marçal estava em campo.
Tirando o Tchê Tchê o Lucas Fernandes e o Gatito o resto do time apesar da luta é muito fraco tecnicamente, e como a perda de dois jogadores com qualidade transformou o Botafogo num time pouco objetivo.
O que me causa surpresa, repito, são os comentários a respeito do treinador onde a ele é atribuída a derrota por "não saber treinar o time!" Ou isso é uma implicância gratuita ou é a completa falta de visão do elenco limitadíssimo que o Botafogo tem, e sem os reforços, ainda que poucos como o nível do time caiu.
A fala do Luis Castro a respeito das muitas perdas de jogadores é pertinente, como ele disse:" nunca na minha vida como treinador tive tantas contrariedades". A gente não gosta, mas"há coisas que só acontecem ao Botafogo", muitos desfalques importantes, e algumas contusões sérias, dificuldades nas contratações, falhas individuais em quase todos os jogos, jogar tudo isso na conta do treinador eu acho uma grande desonestidade.
É por isso que eu sempre comento que os títulos do Botafogo são mais valiosos e devem ser muito comemorados, pois para conquistá-los os obstáculos são imensos.
E mais uma vez concordo, muito boa arbitragem, há muito que não vejo uma arbitragem em que não reclamo do árbitro. ABS e SB!

Ruy Moura disse...

Concordo com tudo o que mencionou, Sergio, mas nem sei o que lhe responder. Estou ficando saturado de tanta besteira que leio. O técnico não percebe nada de futebol, a SAF deve ser extinta, o clube deve ser devolvido aos torcedores... Não há paciência.

Críticas construtivas, sim, sem preferência de alvos (o LC tem sido um alvo de ataque gratuito e estigma). Pode-se criticar LC por alguns erros que comete, JT por outros erros que deixa cometer, outros dirigentes por morosidade na ação, etc., mas com a racionalidade de identificar objetivamente as nossas limitções e constrangimentos contingenciais e não com emocionalidades à flor da pele que nunca geram nada de positivo.

A torcida quer o que não foi definido como objetivo. O Objetivo é manutenção na Série A e eventualmente um lugar na Copa do Brasil. Os torcedores é que criaram expectativas que nunca lhes foram criadas. Este é um ano de aplicação da Teoria U, que é o conceito de gestão que JT segue, e não o ano de títulos e grandes feitos. Crescer rápido e ganhar depressa conduz geralmente ao declínio (veja-se o relativamente recente bicampeão brasileiro que agora é freguês da Série B). JT sabe que o crescimento de um clube deve ser semelhante ao crescimento de uma criança ou à construção de um prédio - faz-se de raiz, com paciência e tempo.

Se me agradam os resultados - parte deles devido a muitas lesões e suspensões? Claro que não, mas menos ainda me agrada o regresso ao passado da bancarrota e à esperança de títulos nacionais que não chegam há 27 anos de farta vilanagem dos dirigentes do Botafogo.

Abraços Gloriosos.

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